No dia 01 deste mês teve início o período que fica estabelecida a proibição da pesca nos rios do Estado de São Paulo por causa do fenômeno conhecido como Piracema, que diz respeito aos processo de reprodução dos peixes. A proibição se estende até 28 de fevereiro. O fenômeno da Piracema se caracteriza pelo comportamento dos peixes em subir rio acima para desovar.
O nível mais baixo dos rios em décadas já assusta os ambientalistas. O servidor público federal Antonio Carlos Avancini, o Tatão, presidente da AIPA (Associação Itapirense de Meio Ambiente), teme pelo pior. “A verdade é que já na piracema passada o nível das águas estava baixo e o fenômeno foi prejudicado. Com a situação atual, imaginamos que muitas espécies terão dificuldades muito sérias para desovar”, alertou.
Avancini explica que de acordo com o ciclo natural dos peixes, é o esforço que ele faz para nadar rio acima que define o ponto de fecundação dos ovos e a ejaculação nas águas. “Se não tem água, o peixe não vai nadar e não vai desovar”, deduz. Ele calcula que os peixes mais novos para atingir idade adulta levarão ainda de três a quatro anos para promover novo ciclo de reprodução, o que, na sua avaliação, torna ainda mais sombrio o quadro.
O primeiro sargento Nelson Ribeiro de Lima, comandante da base operacional da polícia ambiental de Mogi Guaçu, disse que recebeu instruções para que a fiscalização seja ainda mais rigorosa por causa do quadro atual. “Os peixes terão ainda mais dificuldade para subir e serão ainda presas mais fáceis para os pescadores. Temos que estar atentos”, disse. Sargento Nelson disse que embora tenha uma equipe reduzida em comparação a extensão territorial que compreende sua jurisdição (Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Itapira, Estiva Gerbi, Artur Nogueira e Engenheiro Coelho) a fiscalização tem sido eficiente. No ano passado, por exemplo, foram feitas autuações pontuais. “Geralmente o pescador é consciente. Evita pescar nesse período. Mas sempre existe uma meia dúzia que dá trabalho e estamos atentos à movimentação destas pessoas”, apontou.Disse ainda que neste período, é comum a realização de operações conjuntas com destacamentos de outras regiões, uma forma de ampliar a fiscalização e driblar a carência de efetivo. Lima conta ainda com a ajuda da população. “Qualquer atividade anormal deve ser comunicada à nossa base”, recomendou.
Ele contou que esteve recentemente visitando a escadaria construídana represa existente no Rio Mogi Guaçu (AES Tietê) para ver se estava funcionando de acordo e acha que se os peixes conseguirem chegar ao local, não haverá problemas para transpô-la. Em nota de sua assessoria de comunicação, a AES Tietê disse que a escadaria não representa garantia de que a Piracema será bem sucedida. “As escadas de peixes foram projetadas para também operarem com recursos hídricos escassos, porém a operacionalização da mesma não garante o sucesso reprodutivos das espécies reofílicas, as quais necessitam de estímulos externos como característica química da água, pulso de inundação (variação de nível), formação de lagoas marginais (berçários), entre outras condições para completarem seu ciclo reprodutivo”, informou.
No bairro do Rio Manso, o fenômeno já tem sido observado, segundo o vereador Décio da Rocha Carvalho (PSB), morador do local. Segundo ele o nível do rio subiu mais de um metro nesta semana e já é possível observar a subida de peixes. Ele garante que naquela localidade a piracema é tradicionalmente respeitada. “Temos uma cultura de jamais pescar no período da piracema e denunciamos quem transgredir a regra”, garantiu.
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