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03/06/2014 | Febre maculosa preocupa autoridades de saúde da região

  

A presença de capivaras pastando diariamente às margens do Ribeirão da Penha nestes dias em que o volume de água permite o passeio deste e outros animais silvestres diante dos olhos da população em­bute uma preocupação que passa ao largo do bucolismo desta cena costuma en­cantar as pessoas. Animal que procria numa escala impressionante, a capivara é um dos principais hospe­deiros do carrapato estrela, aquele que transmite a febre maculosa.

Nesta semana a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) lançou um aler­ta sobre a necessidade de um combate mais efetivo das autoridades municipais para impedir a dissemina­ção da referida doença. O alerta vem de um estudo da Unicamp, desenvolvido pela pesquisadora e mé­dica veterinária Jeanette Trigo Nasser. Segundo in­formativo distribuído pela Unicamp, em sua investi­gação, a pesquisa traçou o perfil epidemiológico, a distribuição espacial dos casos e as características dos programas de controle dos municípios da Região Metropolitana de Campi­nas. A região, segundo o estudo, representou, em 2012, quase 20% dos casos confirmados no país. Para a estudiosa da Unicamp, a maioria das cidades apresen­ta dificuldades estruturais, de capacitação e organização na condução de ações de prevenção e controle da doença. A pesquisa, elabo­rada junto à FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp, cobriu o período de 1998 a 2012.

“Não há um programa na­cional sobre febre maculosa, como, por exemplo, existe em relação à dengue. Esse quadro não deve mudar, até porque a doença está muito restrita à região sudeste. Mas na RMC ainda morre muita gente de febre macu­losa. No período do estudo, a doença já teve 244 casos, com 25% de letalidade. Isso dá uma média de 16 registros por ano, com uma média de quatro mortes”, dimensiona Jeanette Nasser.

Em Itapira o assunto tem sido objeto de preocupação do setor de Vigilância Epi­demiológica. A proliferação da população de capivaras é um assunto considerado muito difícil de se lidar devido à proibição legal de abate e até de manuseio destes animais, protegidos pela legislação ambiental. Uma fonte consultada contou que inexistem medidas eficazes para reduzir a população de capivaras, como por exemplo, a castração. “Como quase todos animais silvestres, a capivara tem em seu meio machos e fêmeas dominan­tes. Se você identifica um elemento do grupo com estas características e aplica a castração, não tem como garantir que outro não vá ocupar o seu lugar. Provavel­mente é o que vai ocorrer”, destacou.

Segundo o especialista, pessoas que moram ou que trabalham em locais onde pastam capivaras e até ani­mais domésticos como o cavalo devem ter cuidados para não serem picados por carrapatos. “Na população de capivaras normalmente os indivíduos mais jovens são aqueles mais suscetíveis em desenvolver a doença. Al­guns vão a óbito, outros ad­quirem imunidade e passam a atuar como hospedeiros da doença”, comentou. Ainda segundo a fonte consultada, estes carrapatos irão tam­bém infestar amimais de pequenos e grande porte, como cães e cavalos.

Controle

No final do ano pas­sado, numa iniciativa que envolveu o Comdema e Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio­diversidade (ICMBio), foi realizado um encontro na Fazenda Talismã que deba­teu exatamente o controle da capivara e do javali por meio da preservação da onça, animal em vias de extinção em todo o Estado de São Paulo. A especialis­ta Márcia Rodrigues, uma das principais gestoras do projeto Corredor das Onças disse que é preocupante os problemas decorrentes da interferência humana no processo da biodiver­sidade. “Quando surgem ameaças que se tornam um problema de saúde pública as pessoas se dão conta da importância de não se interferir no ciclo natural. Torço para que este pro­cesso de conscientização em torno da preservação dos grandes felinos tenha uma maior percepção das pessoas para sua real im­portância, ou seja, de que ao restituirmos as condições ideais de sobrevivência destes animais estaremos realizando um controle natural de populações de capivaras e outros animais cuja superpopulação é moti­vo de enorme preocupação no âmbito da saúde pública e também no âmbito eco­nômico”, avaliou.

Fonte: Da Redação do PCI

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