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Itapira, 19 de Janeiro de 2025
Notícia
13/12/2011 | Flávio Eduardo Mazetto: Debatendo nossas noções de democracia.

 

Peço àqueles que acompanham estes artigos um pouco de paciência. Vamos desenvolver algumas linhas sobre a teoria da representação. Sei que isto pode ser um pouco entediante, todavia importante para que possamos realizar uma opinião mais balizada sobre alguns pontos da questão democrática.

Estabelecer um debate sobre a teoria da representação, construindo alguns princípios de questionamento crítico, invariavelmente é acompanhado de certa frustração dos leitores pretensamente democratas e ainda rende acusações de manipulação, pensamento autoritário e tutela castradora da parte de quem realiza a crítica. Não obstante os riscos que a aventura da crítica demolidora pode conter, não podemos ficar repetindo, como ventríloquos, que a representação e a participação são essências indeléveis do processo democrático e republicano. No fundo, não deveríamos ter medo de criticar a própria natureza da democracia, pois marcada também por um processo histórico e engendrada em determinadas relações sociais de produção.

Como já apontei, existe um déficit de democracia, uma apatia participativa generalizada, especialmente no que se refere à política institucional, sendo que as eleições de nossos representantes não elevam sobremaneira a paixão da população. Este problema em nada se resolve pela acusação da falta de preocupação do povo, que tem preocupações fundamentais na sua sobrevivência, fazendo um cálculo pragmático sobre o esforço que deve despender por algo que tem mudado tão pouco a sua vida que não é fácil de ser vivida. Existe um senso generalizado de que seja este ou aquele representante as coisas continuam difíceis como sempre para as classes menos favorecidas. O povo sente os efeitos de um sistema onde a valorização social depende fundamentalmente de seu posicionamento na estrutura produtiva, o que nos remete à repercussão prática da dinâmica capitalista na vida das pessoas.

É obvio que os problemas da representação não se circunscrevem apenas aos determinantes capitalistas. No entanto descurar de tal análise é compreender a sociedade como um corpo harmônico, sem conflitos fundamentais, sem classes que lutam por seus interesses de manutenção da exploração. Por outro lado, recusar os efeitos práticos do capitalismo na estrutura social pode ser uma ação deliberada de reproduzir a própria ideologia das classes dominantes. Por isto mesmo, cabe questionar o princípio de que a representação é a essência da democracia e da participação. Vejamos isto em diversos autores da teoria política. 

 

Flavio Eduardo Mazetto (cientista político e professor) [email protected] 

 

Fonte: Flávio Eduardo Mazetto

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