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22/12/2011 | Flávio Eduardo Mazetto: DEMOCRACIA REPRESENTATIVA: A TEORIA DA REPRESENTAÇÃO.

 Temos outros teóricos que seguem essa trilha política e afirmam que o problema da representação está na baixa ênfase na participação do povo nas decisões políticas, inclusive em âmbitos mais privados e não apenas na esfera governativa (ver Pateman). Trata-se de um problema educacional no sentido de incentivar ao máximo, em todos os âmbitos possíveis, a dinâmica da participação, pois é somente pela prática que a participação pode ganhar um estatuto mais efetivo, pois quanto mais ativo for o cidadão nas decisões políticas, mais se estreitará as relações entre o representante e o representado.

Todavia, mesmo para teóricos que se enquadram na perspectiva liberal, a representação (e mesmo a democracia como regime de governo) não é um aspecto preponderante. Hobbes entende que os indivíduos constituem um Estado e devem alienar sua soberania para um soberano governante que tenha condições plenas, através da coerção, para assegurar a ordem e a segurança e a paz. O soberano acumula todas as condições para a governança constrangendo o estado de guerra de todos contra todos, possibilitando, assim, que a vida possa ser vivida com mais harmonia em benefício dos próprios indivíduos, mesmo que estes tenham alienado totalmente sua liberdade em favor do soberano. O poder do soberano é absoluto e indivisível, mas permite uma vida em liberdade, pois os cidadãos geraram o pacto que permite uma vida mais segura.

Neste sentido, não existe representação. O mesmo se diga de Schumpeter. As massas são irracionais e não sabem decidir. Por isto mesmo, a democracia é um método para escolha dos membros da elite que dispõe de condições efetivas (mais racionais) para tomada das decisões necessárias. O voto é apenas a aceitação ou recusa daqueles que vão governar o povo, cabendo ao líder se fazer aceito. Isto está bastante longe de uma questão de representação, mas se pensarmos nos percalços da atualidade, veremos que a análise de Schumpeter não está muito longe dos acontecimentos políticos cotidianos, tendo em vista que, a despeito da recusa e protesto do povo em geral quanto a alguns posicionamentos políticos, os líderes tomam decisões totalmente contrárias à massa, inclusive medidas que prejudicam a grande maioria. No fundo, as lideranças se comportam como Schumpeter descreve: as medidas são necessárias e o povo é contrário porque não consegue apreender sua relevância, visto serem bastante suscetíveis e vulneráveis aos palpites dos fabricantes da opinião pública. Cabe aos gestores definirem à revelia do populacho os melhores ditames em nível de política econômica e social para o crescimento da nação. Na verdade, quando analisamos os efeitos de tais políticas apreendemos seu benefício a determinadas classes sociais, o que não é digerido pelo nosso autor liberal. Não se pode deixar de frisar o elitismo de tais análises.

Flavio Eduardo Mazetto (cientista político e professor) [email protected] 

Fonte: Flávio Eduardo Mazetto

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