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Itapira, 26 de Novembro de 2024
Notícia
16/01/2013 | Flávio Eduardo Mazetto: Não esperar nada de 2013.

 

 

Final de ano, começo de outro, se repete uma ladainha à exaustão: a esperança por coisas melhores, desde dinheiro até romances, passando por um governo melhor, paz mundial e grandes realizações. Nada existe de perspectiva mais sabotadora da organização e transformação do que a esperança.

A esperança é um princípio que implica em barreiras para a ação consequente diante dos embates e conflitos da sociedade de classes, da sociedade hierarquizada que vivemos. A esperança é exatamente uma ação de reprodução da sociedade tal qual está, sem qualquer mudança, pois a esperança sempre implica uma dinâmica de conservação e, pior, uma posição histórica teleológica, ou seja, como se a história se dirigisse automaticamente para um determinado fim, sendo este de um viés melhor para todos. A história não contém a igualdade nela mesma, nem o fim da opressão ou da exploração dos capitalistas sobre os trabalhadores. A história é luta, é conflito onde deve se intervir, mas somos convidados a ter esperança e ficamos na espera, não analisamos as contradições da sociedade e, portanto, nem temos condições de intervir de forma qualificada, pois estamos numa onda de esperança.

Pior ainda, é quando nem em nós mesmos temos esperança (não estou dizendo para terem), mas ficamos na esperança de outros. Agora temos um novo Prefeito, novos vereadores, as coisas serão diferentes, pois a esperança se renova. Já se trata de uma barreira para a mudança, pois estes agentes públicos sabem que ficaremos na esperança e não estaremos agindo, única forma de qualquer tipo de mudança, para acompanhar coletivamente todas as possíveis ações que eles estarão desenvolvendo. Imaginem se antes de qualquer aumento de imposto, aumento do IPTU, por exemplo, estivéssemos organizados antecipadamente, fizéssemos uma pressão articulada e movimentos de ação antes mesmo do poder público elaborar qualquer proposta de lei sobre tal aumento? Certamente as coisas seriam diferentes, pois não estaríamos esperando, estaríamos agindo. Quando estamos esperando só resta lamentar, até se faz algum movimento tardio, tudo em função de acreditarmos na esperança.

Enfim, chega de esperança. É hora de LUTA, ORGANIZAÇÃO. Os donos do dinheiro, os poderosos do capital, que divulgam tanto esta tal esperança, não fiam sua segurança nela, muito pelo contrário, estão sempre atentos aos movimentos do mundo, gastam milhões em análise da realidade, contratam especialistas para construir cenários para seus investimentos, estão sempre fazendo pressão sobre os governos para seus interesses, mas incitam e promovem tal empecilho organizativo nos meios de comunicação social. Aliás, a TV é uma das grandes responsáveis por esse princípio estar tão disseminado nas mentes das pessoas e atrapalhar tanto uma luta mais consequente contra as mazelas sociais em nossa sociedade.

Flavio Eduardo Mazetto ([email protected]

 

Fonte: Flávio Eduardo Mazetto

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