O mercado imobiliário da cidade vive uma espécie de esquizofrenia. Convivem lado a lado sentimentos de cautela, com aposta imediata em dias melhores. A região central tem sido objeto de aquisições principalmente por parte de empresários de outras cidades, que anunciam planos para erguer sedes próprias para seus negócios.Os dois casos mais recentes e que geraram grande repercussão foi a aquisição de um imóvel na confluência da rua 15 de Novembro com Comendador João Cintra e do prédio onde funcionava o Unibanco, defronte à Praça Bernardino de Campos.
Segundo uma fonte consultada pela reportagem, fala-se em R$ 800 mil pela casa já demolida e que, segundo comentários, abrigará uma filial da rede de Drogarias São Paulo. Já o prédio da Praça Bernardino teria sido negociado por cifras muito maiores, em torno de R$ 2 milhões e o comprador seria, ainda conforme se especula, a rede de lojas Montreal.
Nesta semana foi inaugurada uma loja da rede de franquia da cafeteria Inverno D’Itália, localizada na esquina da Bento da Rocha com a Campos Salles. “Itapira é uma cidade excelente, com o perfil ideal para este tipo de investimento”, disse a proprietária Alessandra Pereira Januário, que é de Jacutinga-MG, onde possui outra loja.
Não muito longe dali, em plena José Bonifácio, chama a atenção um prédio imponente que vem ganhando corpo nos últimos anos e que vai abrigar a loja Star Jeans. Aurino Cortêz da Silva, 52, radicado em Mogi Guaçu, está estabelecido em Itapira desde 2001 e explicou que a marca Star Jeans é um negócio familiar e que ele ficou com a loja de Itapira.
Natural do Rio Grande do Norte, Aurino é o típico empreendedor que não se furta em apostar no seu negócio. Não é raro ele próprio ser avistado atendendo clientes em sua loja.
Apesar disso, disse que se fosse hoje pensaria duas vezes para realizar tamanho investimento. “As coisas vêm piorando. A atividade comercial está vivendo um momento difícil. Além do declínio das vendas, temos que lidar com situações difíceis como um volume muito grande de impostos e o aumento de custos a todo instante. Eu queria inaugurar o prédio já no ano passado, mas não deu. Dar-me-ei satisfeito se conseguir finalizá-lo neste ano”, comentou.
O presidente da ACEI (Associação Comercial e Empresarial de Itapira), José Aparecido da Silva, acredita que aqueles que estão investindo na ampliação de seus negócios deverão ter um pouco de paciência. “O momento econômico do país como um todo não é bom. O comércio vem a reboque de outros setores e por isso os números do ano passado decepcionaram em certo sentido. Mas todo empreendedor sabe dos riscos. Da mesma forma sabe que vai chegar o momento em que a economia vai reagir e ele terá recompensado este seu esforço. Eu , particularmente, estou otimista no sentido de que teremos um ano melhor do que foi 2014”, disse .
Investimento
O arquiteto Douglas Marcati enxerga no setor imobiliário a melhor forma de investimento. “Ainda que a economia de uma forma geral esteja dando sinais de fraqueza, investir em imóvel ainda continua sendo a melhor opção. Eu não tenho notado nada diferente neste sentido aqui em Itapira. Quem investia em imóvel, continua investindo”, afirmou. Ele acha que o processo de modernização do setor comercial é algo irreversível. Apesar da concentração dos negócios estar hoje vinculada a empresários de fora da cidade, Marcati lembra que existem itapirenses apostando em dias melhores. “São vários exemplos de empreendedores locais que estão investindo em seus negócios”, afirmou.
Alexandre Boretti, da Imobiliária Boretti, diz que o principal reflexo do baixo crescimento econômico pode ser aferido no valor do aluguel dos imóveis comerciais. “Além de termos muitos imóveis disponíveis, o preço praticado há questão de alguns anos vem sofrendo uma queda acentuada. A negociação hoje em dia está mais difícil, com o preço do aluguel caindo”, contou.
José Carlos Domingues, da Imobiliária Ideal, acha que o mercado passa por um momento de acomodação. “Acho que o valor do aluguel em imóveis comerciais vem passando por uma acomodação. Estava um pouco fora do ponto e agora vai convergir para valores mais dentro da realidade”, opinou. Esta tendência, segundo ele, não chegou aos imóveis residenciais, onde segundo ele, aqueles com valores de até R$ 800 por mês tem tido procura acima da oferta. “Acima deste valor, é possível haver uma maior flexibilização”, acredita.
Imóvel que foi demolido teria sido adquirido por cerca de R$ 800 mil e deverá abrigar loja de rede de farmácias
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