Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Crianças inquietas, cartazes e muitas lágrimas mostravam o quanto era aguardada no Brasil a Fragata Liberal, que voltou hoje (17) da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), única Força Tarefa Marítima da Organização das Nações Unidas (ONU).
Familiares e amigos receberam os 251 militares na Base Naval do Rio de Janeiro, na Ilha de Mocanguê, em Niterói, e puderam entrar no navio e conhecer um pouco do ambiente em que viveram os marinheiros que ajudaram o país do Oriente Médio a patrulhar sua costa e conter a entrada de armas ilegais em seu território.
Com a presença da Fragata Liberal no Mar Mediterrâneo, o Brasil coordenava a missão de paz da ONU, posição que ocupa desde 2006. A Unifil também tem três embarcações alemãs, duas de Bangladesh, uma da Grécia, uma da Indonésia e uma da Turquia.
A Fragata Liberal assumiu o posto da Fragata União, que foi a primeira representante brasileira, e foi substituída pela Constituição, que se uniu à força-tarefa antes que a Liberal iniciasse sua viagem de um mês de volta para o Brasil. No caminho, os militares passaram pelos portos de Civitavecchia, na Itália, Tenerife, nas Ilhas Canárias, e por Natal, no Rio Grande do Norte.
O capitão de fragata José Luiz Ferreira, que comanda a embarcação, diz que a participação brasileira sempre foi vista positivamente pelos libaneses e pela ONU pelo fato do Brasil ser reconhecido como conciliador e por ser o país no mundo que tem o maior número de descendentes libaneses.
Com a missão de paz, a comunidade internacional esperava reduzir a tensão entre Israel e grupos armados do Líbano, como o Hezbollah. Além de patrulhar a costa, os brasileiros também permitiram que oficiais libaneses acompanhassem o cotidiano da fragata, como uma forma de aprendizagem. "Queremos que a Marinha Libanesa possa fazer o que nós fazemos devido à ela. Para isso temos que preparar os oficiais, para que possam irradiar esse aprendizado em seu país".
De acordo com o capitão de fragata, o navio não chegou a se envolver em confrontos, mas estava preparado para abordagens: "Isso não foi necessário, porque nesses oito meses não houve nenhum relato de embarcação suspeita que tenha sido encontrada".
Em uma tenda, familiares dos mergulhadores, fuzileiros navais e militares da armada que integraram a tripulação acompanharam o desembarque com ansiedade até que pudessem abraçar os militares. Yasmin de Figueiredo, de 20 anos, trazia nos braços o filho de menos de um ano, afilhado de seu irmão Guilherme Figueiredo, que voltou para casa com a fragata. A mãe, a namorada e outros parentes prepararam um cartaz para recepcioná-lo: "Guilherme e Fragata Liberal. Missão dada. Missão Cumprida. Familiares e amigos parabenizam pelo sucesso da missão".
Quem também segurava uma criança era Rita Medella Cofré, mãe de Eduardo Cofré, mais um militar da fragata. A pequena Ana Beatriz, de quatro meses, nasceu durante a missão, e Eduardo pôde voltar ao Brasil para conhecê-la. Mulher do militar há seis anos, Suellen Cofré segurava o filho mais velho do casal, de dois anos. "Ele estava sentindo muita falta do pai. Pedia muito para que ele voltasse", disse Suellen, que se comunicava com o marido por um aplicativo no celular, mas só conseguia contato quando o navio estava no porto.
Edição: Fábio Massalli
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