O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, defendeu ontem (2) a decisão do Mercosul de suspender o Paraguai do bloco após a destituição de Fernando Lugo da Presidência do país e rebateu as declarações do chanceler do Uruguai, Luis Almagro, de que o Brasil teria pressionado as negociações para a entrada da Venezuela no grupo.
Em entrevistas à imprensa uruguaia, Almagro disse que o país dele era contrário à entrada da Venezuela no Mercosul e que a decisão foi influenciada pelos governos do Brasil e da Argentina. Durante a Cúpula do Mercosul, na última semana, ficou decidido que o país de Hugo Chávez fará parte do bloco a partir do dia 31 de julho.
“A posição que o Brasil levou à reunião na Argentina foi fortemente amparada por critérios jurídicos, pedimos um longo parecer da Advocacia-Geral da União para ver quais alternativas se aplicavam no caso. Tanto a suspensão do Paraguai quanto a entrada da Venezuela no Mercosul, que já havia sido aprovada pelos congressos, foram fortemente amparados nesse parecer jurídico”, justificou Garcia.
Segundo o assessor internacional, fazer pressão sobre outros países não combina com o estilo da diplomacia brasileira nem com o a presidenta Dilma Rousseff, principalmente com nações próximas. “Não fizemos pressão sobre nenhum país. Foi uma decisão tomada pelos três presidentes e suas chancelarias, refletiu um consenso político. O Brasil não faz isso e menos ainda o faria em relação a governos com os quais temos uma associação tão íntima, seja do ponto de vista geopolítico, seja do ponto de vista inclusive pessoal, como são os governos do Uruguai e da Argentina”.
Garcia disse que Dilma reiterou a posição do Mercosul de não aplicar sanções econômicas ao Paraguai e informou que a Venezuela voltará atrás na decisão de suspender o fornecimento de combustíveis ao país. “Houve um acordo do presidente Chávez de manter o abastecimento de combustíveis para o Paraguai e nós apreciamos muito essa decisão”.
O governo brasileiro, segundo Garcia, manterá compromissos econômicos firmados com o Paraguai apesar da crise política, inclusive a construção de uma linha de transmissão entre a Usina Hidrelétrica de Itaipu e a capital paraguaia, Asssunção. “O Brasil não criará nenhuma dificuldade de ordem econômica”.
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