O presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, reverendo Rober­to Brasileiro da Silva, veio a Itapira neste domingo, 08, e pregou no culto de Ação de Graças pelos 140 anos da Igreja Presbiteriana Central de Itapira. Das igrejas que permanecem unidas à Igreja Presbiteriana do Brasil, ela é a 8ª Igreja Protestante mais antiga do Brasil. Autoridade máxima do presbiterianismo brasileiro, reverendo Roberto iniciou a solenidade às 18h na sede da Igreja, que fica à Rua Campos Salles, 92, no Centro.

Organizada em 1874, a igreja aniversaria oficialmente no próximo dia 26. Porém, como a agenda do pregador estava disponível só neste fim de semana, as comemorações foram antecipadas.

Desde o começo do ano, os membros presbiterianos também participaram de ou­tros eventos comemorativos, como o lançamento do selo comemorativo dos Correios, presença de pastores convi­dados e atrações culturais.

De acordo com o pastor mestre e presidente do con­selho de Itapira, reverendo Luiz Fernando dos Santos, a cidade conta hoje com 250 membros na Igreja Presbite­riana Central e mais 180 divi­didos entre as igrejas ‘filhas’ dos bairros Jardim Raquel e Vila Boa Esperança. Contudo, no decorrer desses 140 anos a estimativa é que mais de quatro mil pessoas tenham membros diretos da religião em terras itapirenses. “Nosso projeto para os próximos cinco anos é iniciar uma nova Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira a cada doze meses”, adiantou o reverendo.

Conforme conta o pastor, o protestantismo chegou a Itapira através dos alemães e suíços que vieram para cá em meados de 1860. Mais ou menos 14 anos depois, os missionários norte-ame­ricanos vieram para o país com o intuito de oferecer capelania e assistência re­ligiosa a esses protestantes que não tinham pastores nem missionários entre eles. “Em Santa Bárbara d’Oeste tinha uma enorme colônia protes­tante de luteranos anglicanos e presbiterianos assistidos por esses missionários. Foi quando eles expandiram, vieram para Itapira e organizaram essa igreja. Tudo isso ocorreu bem no início do presbiterianismo no Brasil, que chegou cerca de duas décadas antes no Rio de Janeiro”, explicou.

Iniciada no bairro do Cubatão, com o senhor Jacó Bologna, a sede migrou para a região central da cidade depois da doação do terreno por parte de um dos fiéis. “Nas imediações do Júlio Mesquita era o cemitério dos protes­tantes, pois eles não podiam ser sepultados em cemitérios católicos. Ainda não detecta­mos o local exato, pois nossos registros são insuficientes, mas nesta mesma área do Júlio Mesquita funcionou uma escola evangélica, o que seria a 5ª escola Evangélica do Brasil”, apontou Santos.

Doutrina

“Todo protestante é um não católico. Nem todo pro­testante é reformado. Todo protestante e todo reformado é evangélico, mas nem todo evangélico é reformado ou protestante”, salientou o pas­tor itapirense, complemen­tando que protestantismo diz respeito às igrejas ligadas ao pensamento teológico de Martin Lutero e os reformados estão ligados ao pensamento teológico de João Calvino, que é o caso da Presbiteriana.

Segundo explanou o reli­gioso, quando João Calvino iniciou a reforma em Genébra, na Suíça, ele organizou uma igreja cujo sistema de gover­no passaria dos bispos para os presbíteros. “Não um só sobre todos, mas um colégio de homens que organizaria a igreja. Somos evangélicos no sentido que seguimos, no culto e na vida, os princípios do Evangelho de Cristo”, es­clareceu.

Reverendo Luiz Fernan­do explica ainda que quatro pontos principais diferenciam a doutrina presbiteriana das demais ideologias evangéli­cas. Autoridade exclusiva e inquestionável da Bíblia: “Não temos outra revelação. Por exemplo, um presbiteriano nunca vai dizer que ‘o Espírito Santo me falou’, ou ‘tive um sonho em que Deus me falou... ’. O que Deus tem a nos falar ele nos fala somente pelas escrituras”; Fé na soberania de Deus: “Deus pode tudo, quando quer, quanto quer, com quem quer e nada ou coisa alguma pode impedi­-lo ou frustrá-lo. Ou seja, o homem não pode afron­tar Deus na medida em que possa obstruir um projeto ou sonho d’Ele ou obrigá-lo a fazer alguma coisa”; Pacto: “Formamos uma família da Aliança. Os membros formam uma parentela espiritual que vai viver suas experiências de fé, de amor, de comunhão, de respeito e todos os bens espirituais em Cristo”; Pre­destinação: “Para nós Cris­to não morreu por todos os homens. Mas com base nas escrituras entendemos que Ele morreu por um número limitado, preciso e exato de pecadores. Não sabemos nem quantos nem quais, mas sa­bemos que os eleitos serão salvos. Cremos nisso com base que Deus não deve nada a ninguém. Isso não quer dizer que só nós seremos salvos, mas sim aqueles que Deus elegeu para a vida, estejam onde estejam”, exemplificou.

Ainda de acordo com o pastor, o presbiteriano en­tende que o seu participar da Igreja é uma preparação para o mundo. “Ele foi tirado do mundo pela graça, orientado e devolvido para a realização de boas obras. Religião é algo que acontece da porta da Igreja pra fora. Dentro é instrução e oração. Presbiterianismo não é só uma religião, mas tam­bém um sistema de vida e um sistema filosófico”, concluiu.