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Itapira, 26 de Abril de 2024
Notícia
09/07/2013 | Itapira comemora com altivez os 81 anos da Revolução.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Secretaria de Cultura e Turismo de Itapira em parceria com o Núcleo M.M.D.C. deItapira, realizou nesta terça-feira, 9 de Julho, a cerimônia em comemo-ração ao 81º ano da Revolução Constitucionalista. O evento teve início às 8h com uma singela cerimônia no Morro do Gravi, onde flores foram depositadas no Monumento pelo Prefeito Municipal, José Natalino Paganini, representando a população Itapirense. Às 9h aconteceu a cerimônia de resgate do Movimento Abolicio-nista de 1932 em frente à Casa da Cultura com a participação do Grupo de Arte Zuale, com os atores Alexandre Cezaretto e Zuleica Silva. O historiador Arlindo Bellini leu um poema e o Canil da Guarda Civil Municipal fez uma apresentação especial. O ex-combatente José Mango foi homenageado.

 

A Câmara de Vereadores de Itapira, em sessão solene, outorgou o título de cidadão itapirense ao soldado veterano da Revolução Constitucionalista de 1932, o Sr. José Mango. A solenidade teve início às 11h15min na sede do Poder Legislativo.

Mango recebeu a honraria pelos inestimáveis e relevantes serviços prestados à coletividade itapirense e paulista. Trata-se da última testemunha viva da “Batalha do Graví” do confronto entre as tropas federalistas e constituintes em solo itapirense.

A sessão solene foi aberta pelo presidente Carlinhos Sartori. O vereador Luiz Antonio Machado fez a leitura do texto bíblico: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará!” O Hino Nacional foi executado por integrantes da Banda Lira Itapirense sob a regência do maestro Maurício Perina.

Carlinhos Sartori abriu os discursos falando do sacrifício dos combatentes em nome do bem da maioria dos paulistas e brasileiros e destacou: “José Mango, hoje nosso homenageado, superou o medo da morte em busca de um país melhor (...) Como estamos vivendo um momento de despertar do povo brasileiro, quem sabe tenhamos cada vez mais, dias de homenagens aos nossos heróis”.

Mauricio de Lima agradeceu a presença de José Mango e por ter dado a ele, setenta anos mais jovem, e a todos os itapirenses a renovação do orgulho de ser paulista e brasileiro.

Rafael Lopes lançou a pergunta: “será que existe uma guerra justa?” Como resposta à indagação ética que atormenta a humanidade, Dr. Rafael se valeu da explicação do dramaturgo alemão Berthold Brecht que diz que a única pessoa que pode responder essa pergunta é a mãe de um soldado morto. A mãe do soldado morto por ter gerado aquele filho é a única que pode dizer se aquela vida que deixou de existir foi por uma justa causa, a favor de uma causa que enobrece a luta. E completou: “A cidade de Itapira se rende a José Mango que lutou por uma guerra justa, por uma causa nobre (...) Pobre é o país não tem heróis.”

Para encerrar a fala dos vereadores, Marquinhos exaltou a importância da revolução e dos combatentes paulistas para o povo de São Paulo e do Brasil.

José Mango ao agradecer as homenagens recebidas nesta terça-feira engrandeceu a luta de seus companheiros, vivos e mortos, para que a nação pudesse ter a constituinte que deu rumo às nossas vidas.

Paganini, como último discursante, cumprimentou o legislativo por iniciativas quem traduzem em merecimento aos grandes feitos praticados por brasileiros e itapirenses em busca de mundo cada vez melhor. “Isso é fazer justiça. Não podemos nos esquecer desses atos, dessas pessoas, jamais.” E enalteceu: “Não devemos chamar José Mango de ex-combatente por ele não estar mais atrás das trincheiras, pois continua combatendo ao nos dar força e coragem para elevar o nome de São Paulo e do Brasil e buscar o que é certo, o que é justo. (...) Quando vemos o povo nas ruas pedindo pacificamente mudanças, mostra que a semente de 1932 ainda germina em busca do equilíbrio e dias melhores.”

O presidente Carlinho Sartori encerrou a cerimônia agradecendo a presença de todos.    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

              

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hitórico

Natural da cidade paulista de Altinópolis, José Mango se alistou como voluntário aos 19 anos. Na capital paulista, se uniu ao famoso Batalhão "9 de Julho", sendo enviado a Campinas, onde aguardou ordens de seguir para a batalha. Chegou a Mogi Mirim desarmado e sem nenhum treinamento, sendo enviado com urgência para a região do "Morro do Gravi", onde as tropas paulistas que recuaram de Eleutério cavaram trincheiras rasas. Ali, unindo-se ao 6º R.I. (Exército), Força Pública, e outros batalhões de voluntários, resistiu ainda por cerca de 72 horas à grande investida dos mais de 10 mil homens do exército federal. Mango e seus companheiros de luta, foram atacados pela esquerda (na região dos atuais bairros da Santa Fé, Santa Marta e Della Rocha) pelos batalhões provisórios que vinham da Bahia, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas e o famoso 14º batalhão do Rio Grande do Sul, comandado por Benjamin Vargas, irmão de Getúlio Vargas.

Após o término dos confrontos, quando retornaram a Campinas, no pátio do Colégio Culto a Ciência, de um batalhão de 490 homens, restaram apenas 112.

 

A ÚLTIMA TESTEMUNHA DO GRAVI

"... Ser historiador é nunca se resignar. É tentar tudo, experimentar tudo para preencher as lacunas da informação. É explorarmos todo o nosso engenho, eis a verdadeira expressão ..."

(|Lucien Febvre|)

Poucos pesquisadores tem o privilégio de poder consultar pessoalmente fontes primárias. No nosso caso, este acontecimento foi muito além disso, foi a realização de um sonho. Um sonho, até então, julgado impossível. Em todos estes anos de pesquisa sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, sobre as batalhas do Setor Leste, que abrange dezenas de cidades, incluindo S. J. do Rio Pardo, Itapira, Mogi Mirim, Amparo, Pedreira, Campinas. Mais precisamente, as batalhas de Eleutério e Gravi. Sempre sonhei em poder, um dia, falar com um ex-combatente, alguém que realmente tenha presenciado, tenha estado lá. O destino, que as vezes brinca conosco, nos surpreende, nos assusta e encanta, ousou desta vez! Fez com que um filho, à procura de informações sobre seu velho pai, entrasse em contato com o Núcleo. Por meses, mantivemos contato, e finalmente, conseguimos agendar uma visita a um herói de guerra, um herói paulista!

Seu nome: José Mango. Sua idade: 100 anos e 1 mês! Sua história: foi um dos cerca de 15 sobreviventes de seu batalhão com mais de 100 soldados, à uma das mais sangrentas e terríveis batalhas de toda a Revolução Constitucionalista de 1932, a batalha do Morro do Gravi.

Nosso sentimento quanto pesquisadores e entusiastas de 32, é não apenas de dever cumprido, mas de extrema honra de poder conhecer um veterano, que, aos 100 anos de vida, ainda estufa o peito ao dizer: "... Eu estava lá para morrer por São Paulo. Nada mais importava ..."

Nascido, criado na cidade paulista de Altinópolis, se alistou como voluntário aos 19 anos, para lutar por São Paulo. Seguiu para a capital com demais amigos. Lá, uniu-se ao famoso Batalhão "9 de Julho". Seguiu depois para Campinas, onde seu destacamento aguardou ordens de seguir para a frente de batalha. Pela Mogiana, chegou enfim a cidade de Mogi Mirim, de onde partiu para a frente do Gravi, onde o exército Constitucionalista já se encontrava entrincheirado, resistindo aos ataques partidos do flanco esquerdo e da cidade de Itapira (já ocupada pelas tropas federalistas). Teve seu "batismo de fogo" no histórico Morro do Gravi, onde ainda um jovem inexperiente na "arte da guerra", viu companheiros de batalhão, e amigos de outros batalhões serem mortos a tiro de fuzil, a estilhaços de granada e a bombardeios aéreos. A refrega do Gravi foi o derradeiro fim dos confrontos no Setor Leste. Lá, as tropas paulistas que vinham das frente de Amparo-Pedreira, Eleutério e Prata, uniram-se a batalhões, destacamentos e pequenos grupos de resistência que foram enviados ao Gravi para apoiar as tropas que perderam a cidade de Itapira em poucos dias, devido ao avanço incansável dos batalhões provisórios que vinham da Bahia, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas e o famoso 14º do Rio Grande do Sul, vindo da cidade de São Borja, comandado por Benjamin Vargas, irmão do então presidente Getúlio Vargas.

Seu testemunho, vai muito além do que simples memórias do passado. Seu testemunho é a História viva, de momentos brilhantes de patriotismo, de total luta pela democracia, contra um opressor, em defesa da Soberania Nacional, da liberdade do povo brasileiro.

VEJA TODAS. Foto Anderson Adami

Textos e imagens históricas:  Núcleo M.M.D.C. de Itapira e Eric Apolinário http://nucleommdcitapira.blogspot.com.br/

 

Fonte: Da Redação do PCI

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1 comentário
12/07/2013 20:07:49 | Nilza Maria Raffaini Mango
Agradeço a todos que organizaram esta homenagem ao meu pai, proporcionando uma grande alegria para ele e que nos deixa muito orgulhosos. um grande abraço.
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