Essa foi a frase ouvida pelo professor de Educação Física, José Luiz Zanovello, o Dula, ao se identificar em um congresso da área. Ao questionar o palestrante sobre um tópico, o mesmo solicitou que se identificasse perante a plateia formada por mais de 500 profissionais. “Quando falei que era de Itapira o palestrante disse: ‘essa cidade é a cidade com o maior número de doutores em Educação Física do Brasil, se não for do mundo e lá tem um professor que é mais que um doutor, o professor Barretto, que sem ele esses colegas não estariam onde estão’, e citou alguns como Valdir Barbanti, Paulinho Teté, Bergson, Miguel de Arruda, além do Zé Luiz Fernandes e do Neto Rizola, como um destaque profissional”, explica. “Me senti muito orgulhoso”.
Aos 57 anos, Zanovello ministra aulas de Educação Física na rede estadual, exercendo a profissão que escolheu nas escolas Caetano Munhoz e Benedito Flores de Azevedo, mas poderia ter seguido um outro caminho. “Quando entrei no ESO era meio rebelde, porém gostava de correr, era visto como um ‘serelepe’ e com algum potencial”, lembra. “Como sempre, tinha um relacionamento muito bom com todo mundo, inclusive com garotos que faziam uso da maconha, mas graças a oportunidade de participar das equipes da escola pude trilhar um outro caminho”.
Dula Zanovello integrou as equipes de basquete, atletismo e handebol da escola, foi campeão no salto em distância e salto triplo e chegou a integrar a equipe de basquete do Circulo Militar de Campinas. “Teve um época que fui com o Chico Antonio, um colega que também jogava basquete, treinar no Tênis Clube de Campinas, mas éramos juvenis e a concorrência era muito grande, passamos então para o Circulo e lá ficamos por uma temporada”, revela.
Influência
Ainda na época do cursinho, talvez pela influência do meio, Dula Zanovello queria cursar Medicina, mas como não gostava muito de estudar resolveu encarar o vestibular para ver como era. “Mas acabei fazendo mesmo Educação Física”, frisa.
E, quando ainda estava na faculdade, aceitou um convite do professor Gildo Henrique Piardi para trabalhar na Clínica Cristália e foi lá que começou a se espelhar no trabalho do professor José de Oliveira Barretto Sobrinho e aplicar atividades semelhantes àquelas que tinha experimentado em sua época de ESO. “Principalmente as competições como a olimpíada, que depois passei a aplicar também nas escolas onde leciono”, explica.
Essa influência recebida do velho mestre segue sendo colocada em prática até hoje. Além de exercer a profissão de professor, Dula promove eventos e é personal de uma família.
Ciente das mudanças na mentalidade de forma geral, Dula sabe que o foco da Educação Física mudou e não é mais como antigamente. “Penso que isso está influenciando e muito na formação de novos atletas de destaque”, explica. “A escola é onde está o futuro atleta, é o celeiro dos atletas e deveria receber mais investimentos, incentivar mais os garotos”.
Para ele o futebol tem destaque porque em todos os lugares há uma equipe, todo lugar tem onde jogar e todo pai incentiva o filho. “E as outras modalidades? Podemos ter vários garotos habilidosos dentro da escola, porém eles aprendem o básico e não têm continuidade”, reclama. “Não há investimentos na base, para o garoto conseguir alguma coisa precisa ser craque, caso contrário não vai conseguir participar de uma equipe de treinamentos. Quantos torneios de futebol temos na região ou no estado? E quantos existem de vôlei, tênis, esgrima, polo aquático? Esses são restritos a profissionais, a maioria nem conhece, aí os dirigentes falam que a Olimpíada vai ser muito boa para o Brasil, eu vou torcer e muito, mas vai ser um fiasco pior que a Copa, tomara que eu esteja enganado”.
E, com sua longa experiência em escolas e eventos, Dula Zanovello dá uma dica para quem está começando a trilhar o mesmo caminho: “Lembrem-se que trabalhamos com aquilo que todos procuram, saúde e diversão, então faça com amor”.
O primeiro em pé, com a equipe de atletismo do ESO, em competição no dia 28 de maio de 72
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