O Prefeito José Natalino Paganini confirmou para o Jornal A Cidade que um dos pedidos feitos para a presidente Dilma Rouseff quando de sua visita à cidade no início do mês foi a inclusão de Itapira no Programa Mais Médicos, a polêmica iniciativa que pretende estancar a falta de atendimento médico em regiões pobres com a “importação de médicos”.
Paganini disse que num primeiro momento foram selecionadas cidades com elevados índices de pobreza e que preenchida esta especificidade outros municípios poderiam se habilitar. “Achei que seria uma ótima oportunidade para azeitar ainda mais nosso atendimento da rede básica”, disse.
A Secretária de Saúde Rosa Iamarino confirmou que a inscrição de Itapira foi confirmada no começo desta semana. Ela revela que os municípios inscritos na segunda etapa do programa podem receber até oito médicos – compromissados exclusivamente com a atenção básica - e que se conseguir pelo menos metade deste total, dar-se-á por satisfeita. “ Com este efetivo poderemos planejar um incremento maior no Programa Saúde da Família e eventualmente, realocarmos os atuais médicos plantonistas para a ampliação do atendimento noturno ( promessa de campanha do atual Prefeito) nas Unidades Básicas de Saúde”, planeja.
Méritos
Rosa decidiu ainda compartilhar os méritos da inscrição com sua equipe de trabalho. Mencionou o caso da assistente de gabinete Susana Mantoan Riberti, que praticamente ficou “imersa” por vários dias diante do computador para conseguir a façanha da inscrição. “ Centenas de cidades tiveram a mesma iniciativa e diante disto não fica difícil imaginar as dificuldades para efetuar o cadastramento”, supõe.
Susana confirmou o enorme trabalho que teve. Segundo mencionou houve momentos em que seu computador ficou até em cinco horas de espera. Ela chegou a levar literalmente trabalho para casa. “De madrugada o acesso se tornava mais fácil”, justificou. Por causa da grande procura, inevitavelmente o sistema do Ministério da Saúde apresentava problemas. Segundo Susana, havia uma espécie de manual de instrução dentro do site do governo com 49 passos a serem seguidos.
Ferramentas eletrônicas modernas foram preponderantes, segundo ela, para facilitar o envio de dados. “ Na parte de descrição das Unidades Básicas de Saúde, as fotos de cada uma delas eu peguei no Google Map”, informou.
Susana Riberti chegou a levar trabalho para casa
Ito defende presença do Mais Médicos na cidade
Alvo de intensa polêmica em todo o Brasil por colocar em pé de guerra entidades representativas da classe médica no país e o governo federal por causa da disposição de se contratar até seis mil médicos estrangeiros (a maioria cubanos) para sua viabilização, o programa Mais Médicos é visto com simpatia por um verdadeiro expert no assunto, o médico sanitarista Isamu Ito, ex-diretor do setor de Vigilância Sanitária do município e principal nome pela criação há quase 30 anos atrás, da atual rede básica de saúde do nosso município.
Aos 73 anos de idade, Ito curte a aposentadoria cuidando dos netos. Ele recebeu nesta semana a visita da reportagem de A Cidade e falou de sua expectativa da chegada do Mais Médicos a Itapira. “ Vejo como uma medida positiva, já que tudo aquilo que chega para somar evidentemente vem de encontro às necessidades de nossa população”, defendeu.
Ele disse que o assunto trouxe à tona antigas reivindicações dos médicos que atuam na saúde pública, como plano de carreira, cargos e salários. “Isso (plano de carreira) existe no Judiciário e em outras esferas governamentais. Dá segurança para que o profissional não tema pelo futuro dele e da sua família”, colocou. Ele usa este argumento para demonstrar que se o governo fizesse a parte dele hoje não estaríamos importando médicos de fora.
Por outro lado não concorda com a visão mais simplista que muitos coletas advogam condenando a decisão do governo. “Por vias tortas ou não, ou fato é que o governo vem procurando fazer o que dele se espera, ou seja, levar atendimento médico efetivo onde ele não existe. É muito fácil dizer que não se pode importar médicos, mas quem se dispõe a atender onde o governo pretende suprir?”, questiona. Indagado se confia na formação dos médicos estrangeiros,principalmente os de Cuba (país que sabidamente sofre com o embargo comercial americano que já dura mais de 40 anos e priva aquele país de possuir condições elementares de conforto material) disse que por informações de amigos que visitaram Cuba, lá se pratica um ensino de medicina voltada para o atendimento popular e que diante deste contexto o ensino era eficiente. “ os médicos cubanos trazem consigo uma expertise de atendimento em países pobres que certamente terá utilidade dentro da proposta feita pelo governo”, acredita.
Um “efeito colateral” que a medida deverá acarretar, segundo Ito, é o aumento de gastos com atendimento especializado. “A partir do momento que estes profissionais passarem efetivamente a clinicar a população mais carente crescerá a demanda por exames e procedimentos especializados. A questão é saber se o SUS está preparado adequadamente para este aumento de demanda”, pontuou.
Ito, vê com bons olhos a presença dos médico
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