“Mas vocês têm uma unção que procede do Santo e todos vocês têm conhecimento.” (1Jo 2. 20).
O século XXI será o tempo do ministério “leigo” na Igreja, ou a Igreja irá se transformar em alguma coisa muito diferente de sua missão e essência. Confesso que me é bastante desconfortável a expressão “leigo”, contudo, reconheço que os teólogos e os pensadores, tanto os acadêmicos, como os missiólogos, sejam ortodoxos ou liberais, se utilizam desta expressão, num primeiro momento infeliz, para categorizar as distintas funções na instituição eclesial. Entretanto, o grande desafio da Igreja hoje é a redescoberta da força e do protagonismo dos membros não ordenados na Igreja (os não pastores institucionalizados) na missão, pregação e transmissão do Evangelho no mundo.
A Igreja do século XXI deverá converte-se cada vez mais numa Igreja – povo, Igreja “leiga” para poder dar cumprimento à Grande Comissão. A Igreja muito institucionalizada e, muitas vezes centralizada na figura do pastor, na qual o pastor sempre fez e faz quase tudo, corre o risco de transformar os membros cada vez mais em expectadores e consumidores da fé.
Este grande desafio consiste em transformar, pela Ação do Espírito Santo, por uma pregação solidamente bíblica e treinamento contínuo, frequentadores em membros vivos e ativos na Igreja e no mundo. Os grandes missiólogos do mundo têm dito que se não redescobrirmos o papel do “leigo” na Igreja, não cresceremos na mesma proporção dos desafios do mundo e nem do querer de Deus. Portanto, precisamos identificar os membros com suas habilidades, treiná-los e enviá-los em missão na família, na sociedade, no mundo, como portadores das boas notícias, embaixadores do Reino.
Só uma Igreja com membros amadurecidos e ministerialmente comprometidos faz jus à presença de um ministro ordenado, um pastor mestre, cuja presença e o ministério, aí sim se justificam, como o irmão mais qualificado em áreas específicas para justamente treinar, habilitar, equipar os santos com vistas a sua missão (Ef 4. 11 ss).
O ministério do pastor (bem como sua vocação e seu carisma) é Bíblico e indispensável à Igreja nunca para ser ele a síntese de todos os ministérios, para fazer o ministério da síntese, isto é, pelo exemplo e pelo ensino levar cada membro à descoberta, vivência e progresso dos dons recebidos de Deus para o fomento do amor e da unidade na Igreja.
Emil Brunner afirma que: “Uma religião do clero é sempre uma heresia... o melhor ministro faz-se a si mesmo progressivamente desnecessário.” Com isso Brunner queria indicar que o melhor ministro é aquele que não cria uma comunidade de crentes passivos e dependentes do pastor, mas aquele que desafia cada membro a viver o sacerdócio real e a sua vocação profética de maneira criativa e transformadora.
Neste sentido o discipulado, os pequenos grupos e os núcleos familiares são valiosos instrumentos, bem como os vários treinamentos formais oferecidos ao longo do ano eclesiástico, o co-pastoreio e a Escola de Capacitação Teológica. O que não falta em nossa comunidade são as oportunidades para o desenvolvimento do caráter e o treinamento para equipar e habilitar vidas para o serviço.
Com esta pastoral quero desafiar você a abandonar a sua “zona de conforto” e passar a aspirar e a se comprometer em uma dessas realidades acima. Peça a Deus para que ele mova a sua vontade arrancando-o da patética condição de expectador e consumidor de religião e o leve ao honroso posto de discípulo, testemunha, sacerdote do Senhor, com a missão de expandir o Reino de Deus.
Apresente-se, diga qual o seu dom ou talento. Conte-nos qual o seu sonho e seu projeto, deixe-nos com a iluminação do Espírito e o ensino Bíblico participarmos de seu processo de formação e transformação. Torne-se um protagonista desta maravilhosa obra de levar o Evangelho até os confins da terra.
Reverendo Luiz Fernando
Pastor Mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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