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Itapira, 03 de Dezembro de 2024
Notícia
08/12/2020 | Luiz Santos: Alegrai-vos!

Uma vez, ouvi de uma jovem noiva que preparar e esperar pela festa era até melhor que celebrá-la. Penso que no caso dela, talvez, seja verdade, pois no casamento a emoção, a adrenalina e as muitas atenções divididas com os convidados, fotógrafos e outros, sem falar na preocupação de que tudo saia nos conformes, podem realmente fazer com que os envolvidos percam um pouco o gozo do momento. Em se tratando do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob certo aspecto, a experiência dessa jovem noiva, é muito parecida com o que nos propõe o tempo do Advento. O terceiro domingo, conhecido como “Gaudete”, em latim, ‘alegria’, aponta para a necessidade desta qualidade do coração, a alegria. Mas, como já escrevemos em outra ocasião, o Advento não diz respeito apenas à primeira vinda de Jesus, mas de maneira muito especial, aponta também para o seu retorno glorioso, para o fim destes dias e a inauguração do Reino definitivo. A alegria requerida desde agora para o Natal se fundamenta na Ação de Graças pelo dom da encarnação do Verbo. É uma alegria histórica, que olha no retrovisor da história e se enche de gozo pela dádiva que o Pai nos fez, graciosamente, enviando o seu amado Filho para ser o nosso redentor. Desde já, pelos hinos e cânticos, armamos como que um presépio em nossos corações para celebrar Jesus, o Deus-humanado, o Emanuel. Decoramos e iluminamos as nossas casas para externar essa alegria incontida porque o Cristo nascido entre nós um dia, salvou-nos em definitivo de nossos pecados. A Alegria pela segunda vinda de Jesus se fundamenta na esperança, esperança que nos conecta com o futuro. É colocar a nossa atenção no que está e vem pela frente. Esta alegria é antecipatória e ao mesmo tempo anelante. Em expectação, com os corações palpitantes, aguardamos a chegada do Senhor a qualquer momento. Embora tenhamos plena e inabalável convicção do seu retorno, ainda sim, ele permanece uma surpresa. Esta alegria escatológica é justamente o que nos impede de ser tomados de perplexidade e ver a vida paralisar em meio aos desencantos deste mundo em falência. A alegria pelo “Deus-chegante e seu Reino”, nos enche de coragem e força para caminhar. Natal e parúsia (volta de Jesus), estão intimamente ligados pela bem-aventurança da alegria como dom e ordenança. Mas, também é preciso deixar claro que como todas as demais verdades da vida cristã, a alegria não é apenas um sentimento abstrato e subjetivo. Não. Como dom e ordenança ela se orienta ao encontro do outro, do próximo. A alegria deve ser tanto testemunhada como compartilhada, isto é, deve levar os outros a terem a mesma experiência. Por isso mesmo a Bíblia em muitos momentos une os verbetes alegria e serviço.  Alguém que tenha compreendido a natureza ministerial e missionária do Natal terá como motivo de grande alegria falar deste grande evento: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele” (Jo 16,17). Também se colocará a serviço dos vulneráveis: Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos. (Lc 14.13); "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos” (L 4.18). A nossa Alegria consiste em participar na totalidade da vida de Jesus, inclusive nos seus sofrimentos: “Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria” (1 Pe 4.13); “pois a vocês foi dado o privilégio de, não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele” (Fp 1.29). Sofrer por causa de Cristo, sofrer humilhação, discriminação ou mesmo violência, por mais estranho que pareça, é um motivo muito especial para a alegria, que como a paz, excede todo entendimento. Então, um crente cuja alegria é uma qualidade do coração, um traço marcante do seu caráter santificado, será um homem e uma mulher que viverá a vida em Cristo, fonte da alegria, e no próximo, realização da alegria, enquanto agradecem os grandes feitos de Deus no passado, sendo operosos em obras no presente, enquanto anelam pelo dia em que a alegria não terá fim, quando Cristo finalmente entregar o Reino para o Seu Pai. Reino que Ele mesmo veio estabelecer entre nós, motivo pelo qual nasceu, motivo pelo qual voltará. Alegrai-vos!

Reverendo Luiz Fernando é pastor da Igreja Presbiteriana Central de Itapira.

Fonte: Luiz Santos

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