A primeira e mais fundamental instituição educacional é a família. Nenhuma outra escola é capaz de transmitir aqueles valores que constroem de maneira indelével o caráter de uma pessoa. De fato, existem muitas linhas pedagógicas e cada uma delas tem lá o seu valor e as suas fraquezas e podem muito bem oferecer grande ajuda para o desenvolvimento em muitas áreas, como respeito às diferenças, a convivência pacífica com a diversidade, as preocupações com uma cidadania responsável e as questões que envolvem o meio ambiente. Isso sem falar na autonomia do indivíduo e sua capacitação e desenvolvimento de suas habilidades. Contudo, somente no seio da família a pessoa aprende o que é ser verdadeiramente humano. A família trabalha com a matéria prima que envolve a construção da personalidade, os afetos, as emoções e o entendimento de que não somos únicos e nem nos bastamos a nós mesmos. Vivemos numa sociedade doente, carente e por isso mesmo violenta a ponto de desumanizar-se. E na verdade podemos culpar muitos aspectos da cultura, alguns da educação e qualquer outro ente social. Todavia, nada tem efeitos tão desastrosos para a humanidade do que a desconstrução da família, o esvaziamento de sua missão, a dessacralização da sua instituição e a falência de sua dinâmica interna. Famílias doentes produzem todas as mazelas sociais. Famílias enfraquecidas tornam os fundamentos da sociedade movediços e instáveis. Do Estado à religião tudo sofre os efeitos deletérios de uma família fragilizada, desprestigiada e confusa. É dever da Igreja no geral e de cada crente em particular lutar pela recuperação, pelo empoderamento e pela proteção da família. E por mais que seja politicamente incorreto, aqui eu falo da família tradicional, ou a família como instituída por Deus. Os outros arranjos existentes hoje, ainda que pareçam funcionar, dar certo, ainda assim devemos compreendê-los dentro da mentalidade bíblica: “isso aconteceu por causa da dureza dos vossos corações. No princípio, porém, não era assim”. A família foi constituída por Deus para que cumprisse algumas funções determinadas por Ele mesmo. 1. A família foi instituída no âmbito do casamento monogâmico, heterossexual, monossomático e indissolúvel. Deus estabeleceu assim porque a função primeira da família é a santificação dos membros que a compõe. Essa santificação exige mutualidade, demonstração intencional de afetos piedosos para com Deus e reconhecimento consciente de sua presença e provisão na dinâmica do lar. Na vivência do mandamento do amor entre os membros, onde haja espaço generoso para o perdão, a reconciliação e o amor terapêutico, cuidador e etc. 2. Estabeleceu o Senhor a família para que os membros aprendessem a controlar as suas emoções e afetos temperando-os com a moderação do Espírito que deve governar todas as relações interpessoais. Essas emoções devem ser santificadas na medida que o fruto do Espírito e o espírito das Bem-aventuranças vão sendo desenvolvidos e transmitidos no seio da família. 3. A família é a escola onde a pessoa deve ser preparada para o mundo onde deverá cumprir a sua missão. Essa preparação passa inevitavelmente pelo cultivo das virtudes humanas (Alteridade, Sociabilidade, Solidariedade), as virtudes teologais (Fé, Amor e Esperança) e as virtudes cardeais (Prudência, Temperança, Fortaleza, Justiça). Essas virtudes são semeadas no lar, são incentivadas na convivência familiar e mais tarde poderão ser aperfeiçoadas na igreja e habilitadas por outras instituições como a Escola ou o Estado, mas só a família pode transmiti-las e inculcá-las. Para que haja uma sociedade mais justa, instituições mais humanizadas e igreja mais santa, valorizemos a família e invistamos todos nós em sua missão intransferível de ser a Escola de Virtudes de que o mundo tanto necessita.
Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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