“Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele”(1Jo 4.16).
Desejo encerrar a série de artigos que escrevi sobre os imperativos da vida cristã: ‘O Imperativo da Santidade’, ‘O Imperativo da Vida em Comunidade’, ‘O Imperativo da Oração’ e hoje, ‘O Imperativo do Amor’. Há um texto no Novo Testamento que costuma sofrer muito nas mãos dos “pregadores”. É o capítulo 13 da primeira carta de Paulo aos Coríntios. Não é difícil participar de encontros de casais, dia dos namorados, celebrações de casamentos, bodas e etc., cujo texto lido e depois exposto não seja este de Coríntios. Isso acontece porque temos uma noção equivocada do amor, fomos todos educados dentro do conceito de um amor romântico, adocicado, sentimental e associado, claro, ao prazer carnal (sexual). Mas, se você prestar bem a atenção ao contexto do texto do capítulo 13 da carta aos Coríntios, Paulo está tratando da vida da Igreja, dos dons espirituais e da unidade orgânica dessa comunidade de fé. Então, é como se Paulo estivesse dizendo o seguinte: ‘Não se enganem, os dons espirituais são bons e desejáveis, mas há uma coisa melhor. Os dons podem movimentar a igreja, mas uma coisa somente lhe dá vida e sentido. Essa coisa melhor é o amor. De que adianta experiências sobrenaturais, conhecimento invejável, gestos heroicos de fé e generosidade, se no fim das contas, não possuir amor?’ Então, a que amor, Paulo está se referindo? Claro que Paulo fala daquele amor que Cristo tantas vezes ensinou e tão sublimemente viveu para o nosso bem e o nosso exemplo. Logo, mais que um sentimento, o amor é uma forma de obediência e uma atitude concreta em relação ao próximo. É uma forma de obediência para com os mandamentos: “O que guarda os mandamentos, esse é o que me ama”(Jo 14. 21-23) e “Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor”(Jo 15.10). Contudo, o próprio amor é um mandamento: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros”(Jo 13.34). E é exatamente como mandamento que ele se transforma em atitude concreta. O amor é uma dívida que contraímos desde o dia do nosso novo nascimento: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei”(Rm 13.8). Assim, aquelas categorias humanas tão presentes como simpatia, afinidade, antipatia gratuita, compensações afetivas ou de outra natureza, não devem ser tomadas como critérios para saber a quem devo amar. O amor ao próximo deve ser encarado como uma atitude em face dos muitos contextos: com bondade e generosidade para com todos, em forma de auxílio, serviço e socorro para com os necessitados e aflitos, em forma de perdão para com os faltosos e misericórdia para com os pecadores. O amor exige que o crente nunca seja cúmplice da mentira, da injustiça e do pecado e sempre em amor deve denunciar profeticamente o mal presente no mundo e na vida das pessoas e por amor proclamar as Boas Novas para a verdadeira liberdade dos filhos de Deus. Então, o que Paulo está ensinando é que o amor é a mais poderosa realidade, a mais sublime experiência e o meio mais excelente para a vida real com Cristo na igreja em missão no mundo. Tudo o que a Igreja é e tudo o que ela tem a realizar dependerá muito do nível desse amor crucificado e pactuado em Cristo. Foi por causa desse amor que os primitivos cristãos resistiram à perseguição romana e conquistaram o império em menos de 300 anos. Foi esse amor que fez com que os Bárbaros, Vândalos e Vikings em toda a sua fúria insana fossem dobrados aos pés de Cristo é a vivência desse amor que vai levar a igreja em triunfo no meio desse mundo mau a cumprir a sua missão de pregar o Evangelho hoje. “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior deles é o amor”(1Co 13.13).
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