Um dos hinos que eu mais gosto do hinário em uso da Igreja Presbiteriana do Brasil é o de número 144 “Segurança e Alegria”. De maneira especial gosto de meditar na primeira e na última estrofe: “Que segurança tenho em Jesus, pois nele gozo paz, vida e luz! (...) Firmado em Cristo, no seu amor, estou contente em meu Salvador! Esperançoso hei de viver por Jesus Cristo, por seu poder”. Sempre que o canto ou o escuto sendo entoado na assembleia litúrgica, vem-me à mente trechos dos salmos que em substância dizem a mesma coisa: “Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom para você” (Sl 116.7) ou ainda: “De fato, acalmei e tranquilizei a minha alma. Sou como uma criança recém-amamentada por sua mãe; a minha alma é como essa criança” (Sl 131.2) e mais: “Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma” (Sl 94.19). Esperança, consolo e segurança em certa medida são sinônimos nas Sagradas Escrituras e foram registradas para encher de paz o coração crente. Por isso devem ser ensinadas na Igreja, como a própria Palavra de Deus testemunha: “Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança” (Rm 15.4). Assim, um dos privilégios da vida cristã é que com o progresso na fé, somos envolvidos e tomados por um real sentimento de segurança e levados a ter esperança até mesmo quando a nossa vida parece estar ameaçada. Esta é a experiência de todos os grandes homens e as grandes mulheres da história sagrada. Abraão e Sara, Jó, Ana, Rute, Davi, Daniel e Paulo. Todos passaram por angústias. Todos viveram experiências doridas e difíceis que facilmente levariam à desesperança e a ruína. Todos experimentaram a falência das seguranças humanas e a caducidade de seus projetos e de suas estratégias pessoais. Não fosse a Palavra da promessa, não fosse os oráculos de Deus, não fosse eles se agarrarem a única realidade que não pode falhar ou mentir, que é exatamente o que Deus diz e oferece em sua Palavra, de pronto todos teriam perecido. Depois de verem seus corpos mortos pela idade e peregrinando na solidão ameaçadora do deserto, tudo o que restou a Abraão e Sara foi a promessa de Deus em dar-lhes um filho. Por isso viveram, a isso se agarraram e viveram o seu cumprimento. E o que dizer de Jó? Deixado em miséria viu ir embora de sua vida até a sua dignidade destruída em sua aparência desfigurada pela enfermidade. Todavia, pela Palavra de Deus aprendeu a paciência e não esmoreceu em sua esperança até ver dias melhores. O mesmo se pode dizer da estéril Ana, da viúva estrangeira Rute, do jovem fiel Daniel na cova dos leões e do apóstolo Paulo. Esse último deixou-nos uma lista completa de suas aflições pessoais. Chega mesmo a listar 17 perigos que angustiaram a sua alma e as projetou como reais para todos os cristãos. Aflições morais, físicas, psíquicas, emocionais, espirituais e ataques de forças sobrenaturais. Aflições do passado que humilham e assombram. Aflições do presente que abatem e desencorajam a alma. Aflições antecipadas por medo das incertezas do futuro e por fim, a certeza da morte física que aterroriza. Essa lista que cobre todo o espectro da vida humana está esculpida no memorável capítulo 8 da carta aos Romanos a partir do versículo 35. Nessa mesma perícope o Espírito Santo “soprou” no coração e na mente de Paulo para que registrasse uma das mais belas e essenciais passagens bíblicas para que um crente conheça, decore, ensine e por fim se agarre: “nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.39). Há uma outra passagem, do mesmo autor bíblico, que corrobora essa verdade: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). Assim, uma das mais belas e significativas experiências a que o Espírito Santo quer nos levar quando lemos as Escrituras e ouvimos um sermão bíblico é a de sentirmo-nos seguros e cheios de esperança a despeito de nossa condição momentânea e das circunstâncias que nos envolvem, ainda que muito difíceis de serem humanamente suportadas. Os cristãos nunca são deixados à própria sorte mesmo em dias de tentação, e essa é uma outra promessa a que você deve se agarrar: “Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1 Co 10.13). Em Deus, estamos sempre seguros!
Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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