O presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse estar muito mais preocupado com a Venezuela agora, do que quando assumiu há cinco meses e pediu ao governo de Nicolas Maduro que ?abra as portas do diálogo [com a oposição] para que comece um processo de transição?. Ele evitou falar sobre a crise no Brasil ? pais que considera ser o ?sócio estratégico? argentino. Tanto a Venezuela, quanto o Brasil integram o bloco regional Mercosul, junto com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.
As declarações de Macri foram feitas nesta sexta-feira (6), durante a primeira entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros, feita na Quinta de Olivos ? a residência presidencial. ?Nao sei se a Venezuela está dentro ou fora do Mercosul, porque não cumpriu os acordos que deveria ter cumprido?, disse, respondendo a pergunta de como o bloco regional pode ganhar novo impulso, justamente agora que Brasil e Venezuela enfrentam crises.
Em relação ao Brasil ? apesar das reiteradas perguntas feitas - o presidente manteve uma postura de cautela, preferindo elogiar as instituições fortes do país e evitando manifestar-se sobre um eventual afastamento da presidenta Dilma Rousseff e sua substituição pelo vice, Michel Temer. ?Creio que institucionalmente o Brasil vai resolver seus conflitos?, disse. Macri disse que ? no que se refere às negociações comerciais e de cooperação entre os dois principais sócios do Mercosul ? os encontros ministeriais têm sido mantidos. ?Sou dos argentinos que ama o Brasil e os brasileiros?, disse.
Em relação à Venezuela ? que enfrenta uma crise econômica, marcada pelo desabastecimento e uma inflação anual de 700% - Macri foi duro. A oposição, que em dezembro conquistou sua primeira vitória em 17 anos, conquistando a maioria parlamentar, deu início a um processo para fazer um referendo revogatório. Se a votação for feita até dezembro e os oposicionistas obtiverem o apoio de mais de 7,5 milhões de venezuelanos, Maduro será afastado antes do fim de seu mandato (que termina em 2019) e novas eleicões serão convocadas.
Macri disse que a Venezuela não pode continuar do jeito que está, referindo-se à escassez de alimentos e pediu, novamente, pelo ?respeito aos direitos humanos? venezuelanos. Macri também falou sobre a Argentina e sua promessa de combater a pobreza. O governo dele acredita que o país precisa de US$ 30 bilhões anuais para crescer e o presidente espera receber pelo menos US$ 20 bilhões este ano.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-05/macri-diz-que-venezuela-deveria-comecar-processo-de-transicaoMônica Yanakiew - Correspondente da Agência BrasilComentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.