Uma cabeleireira itapirense decidiu encabeçar uma ação ousada para ajudar os pacientes que fazem tratamento contra o câncer. Há pouco mais de um mês, Beatriz Cristina Saldanha de Lima, proprietária do Salão da Bia, que fica à Rua Embaixador Pedro de Toledo, 24, na região central da cidade, passou a realizar corte e coleta de cabelo para a fabricação de perucas. Através do envio para a AVCC (Associação Voluntária de Combate ao Câncer), as madeixas serão tratadas e transformadas em cabeleira artificial para, posteriormente, serem doadas aos pacientes em tratamento no Hospital do Câncer de Barretos.
A cabeleireira conta que teve a ideia de promover a ação na cidade depois de notar que a prática havia se popularizado em outras cidades do Brasil e do mundo. “No começo me chamaram de louca por assumir esse compromisso, mas achei importante fazer a divulgação desse tipo de trabalho aqui em Itapira. Para quem doa, pode parecer um ato simples, mas ajuda muito quem recebe. Sabemos que tanto o câncer quanto o tratamento são devastadores, por isso penso que a ajuda deve sempre ser maior que o problema. E é comprovado que pacientes que estão com a auto-estima em alta respondem melhor ao tratamento”, explica Bia.
Em seu salão, ela começou com a empreitada no dia 26 de abril. A cada corte voluntário – que ela não cobra – as mechas são retiradas cuidadosamente, embaladas e etiquetadas para depois serem encaminhadas à AVCC. Desde a primeira doação, a cabeleireira posta as fotos das doadoras na rede social Facebook e isso contribuiu para que a ideia se disseminasse e gerasse o interesse de outros profissionais da área. “Algumas profissionais amigas se interessaram pelo ato e decidiram abrir seus salões para me auxiliar nessa empreitada e atingir a meta de 500 mechas de cabelos doados”, explicou Beatriz.
Com os parceiros aumentando, a proprietária do salão achou por bem iniciar divulgações junto a locais públicos como escolas, órgãos públicos municipais e demais estabelecimentos para que todos possam ver que o trabalho é sério. “Acho isso importante, pois sempre podem surgir oportunistas. Já surgiram comentários que o cabelo doado tem que ser virgem, mas isso é mentira. Qualquer cabelo – enrolado, liso, loiro, tingido, com mechas – é aceito. A única exigência é que o tamanho mínimo da doação seja de dez centímetros. Já vieram me perguntar também se era eu que estava promovendo a campanha para um hospital da região e friso que o meu trabalho é em prol do Hospital de Barretos”, esclareceu. Ela também informou que existe mais de uma forma de corte, sem necessariamente tirar apenas do comprimento, podendo optar por corte em camadas, em bico, nas laterais e na nuca.
Até essa última semana, os sete salões parceiros conseguiram arrecadar 44 mechas, inclusive de clientes de fora da cidade. Como a meta é atingir 500 doações, não há prazo para que a campanha termine e as profissionais envolvidas almejam fazer um evento grande para que a divulgação seja ampliada. “Estamos checando junto aos setores da Prefeitura para que possamos entrar nas escolas, setores públicos e participar de grandes eventos para atingir ainda mais pessoas”, adiantou Beatriz.
Para garantir a entrega em mãos junto à associação de Barretos, a idealizadora do projeto avalia possibilidades de transporte ou envio via Correios, tudo para garantir que as doações cheguem ao destino com segurança. “Fui informada que eles mandam uma carta de agradecimento a cada doador. Por isso identificamos cada pacote com nome e endereço, para que cada mulher tenha certeza que sua doação chegou ao destino. Para garantir que ninguém possa ser enganado, pedimos que os doadores procurem apenas os salões vinculados em nosso cartas e, em qualquer dúvida, entre em contato conosco. Estamos também abertos para novos parceiros que gostem da ideia e queiram abraçar a causa”, finalizou a cabeleireira.
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