Marcelo Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A manifestação pela tarifa zero no Distrito Federal, que começou com cerca de 600 pessoas na tarde desta quarta-feira (19) no centro de Brasília, cresceu durante o caminho e chegou a cerca de 2 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar (PM). A organização da passeata, no entanto, contabilizou cerca de 6 mil pessoas. Os manifestantes saíram da Rodoviária do Plano Piloto e fizeram um trajeto de aproximadamente três quilômetros, passando pela avenida W3 Sul e pelo Eixão Sul, voltando para a rodoviária em seguida. O percurso durou cerca de duas horas e teve apoio dos motoristas, mesmo com a interrupção do trânsito.
Embora a principal motivação da manifestação desta quarta-feira tenha sido a tarifa zero do transporte público, também foram feitas críticas ao governador Agnelo Queiroz e ao presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Marco Feliciano. Todo o percurso foi feito de forma pacífica, sem qualquer ocorrência de atos violentos. Por vários momentos, as pessoas lembravam a passeata que está programada para quinta-feira (20), nos mesmos moldes da marcha ocorrida na última segunda-feira (17), e gritavam que “amanhã vai ser maior”.
Samuel Silva, 19, participou da marcha pela tarifa zero e garantiu presença na marcha de quinta-feira. Samuel disse que tem participado das manifestações na capital federal desde sábado, nos arredores do Estádio Mané Garrincha. “Isso tudo mostra a indignação do povo com aumento das passagens de ônibus e com os gastos com a Copa do Mundo”, disse.
O estudante Thales Reis, 19, acredita que o povo despertou com as recentes mobilizações. “Antes, eu pensava que a situação no Brasil estava ruim e nunca ia melhorar, aí eu vi que as pessoas estavam se reunindo, o brasileiro despertou. Então, eu me inspirei e aderi ao movimento e quanto mais gente melhor.”
Segundo o coronel Laércio Oliveira, da Polícia Militar, os próprios manifestantes garantiram a paz durante a caminhada. “Foi tudo tranquilo, não tivemos nenhum incidente. Tudo que foi combinado com eles foi cumprido e eles mesmos estão se policiando [para evitar atos violentos]”.
O organizador da passeata desta quarta-feira, Paique Duques, membro do Movimento Passe Livre (MPL), destaca a importância de lutar pela tarifa zero por meio das marchas. “Nós sabemos a limitação do governo em implementar a proposta, que é simples, efetiva e viável, mas que envolve uma série de intenções políticas. E as mobilizações de rua são o caminho para dobrar governantes e empresários”.
Em reunião com os próprios representantes do MPL na manhã de hoje, o governo do Distrito Federal (GDF) se comprometeu a debater a implantação da tarifa zero. "Este governo não é contra a tarifa zero, não acreditamos que seja inviável, nem impossível. O que acreditamos é que essa é uma questão que a população deve discutir, debater amplamente já que teria profundos impactos na vida de todos", explicou José Walter Vazquez Filho, secretário de Transporte.
Vazques Filho disse que o GDF estuda uma forma de possibilitar um transporte sem tarifas e os estudos apontam para um gasto de R$ 130 milhões mensais para custeá-lo. "A sociedade tem que dizer quem vai pagar essa conta. Se o transporte é um direito e há a visão de que o coletivo tem primazia sobre o individual, as pessoas devem decidir de que forma isso deve ser implantado".
Edição: Fábio Massalli
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