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Itapira, 18 de Janeiro de 2025
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09/03/2012 | Marcio Carlos: Decadência da Icb Itapira ...continuação

                                                                              

                                                                                          Livro de Jacomo Mandatto

 

O Padre Arditti, italiano, foi sacerdote romano, que também sofreu a perca das Ordens. Trabalhou com afinco, como já mencionamos, e se autodenominou “bispo coadjutor”, sendo em linha, o sucessor de Amorim. Em 08 de setembro de 1928 vem a falecer. Em seu lugar, assume o Padre Carlos Augusto dos Santos, nascido em Portugal, onde parece ter recebido as Ordens Eclesiásticas. Foi vigário em Serra Azul, onde criou um “caso” que exigiu sérias providências do bispado.
 A situação financeira da Igreja estava indo de mal a pior. O comércio já não dava crédito às necessidades da instituição. O apoio financeiro dos paroquianos estava em crise. Os padres Arditti e Santos, se ausentaram por muitos períodos da sede patriarcal deixando a impressão de abandono. O Conselho da ICAB então exonera o Patriarca Santos e, chama o padre Jose Rosetti, também apóstata, para a direção da seita. Isto em 1914.
 Em 1919, a direção da Igreja está entregue provisoriamente ao bispo Ludovino Andrade porque Rosetti também seguiu os passos de seus antecessores. Passam então pela direção da ICAB, os “bispos” Ernesto de França Ferreira,  Fernando Candido de Oliveira Valle e Pellegrino Guarino. A 24 de outubro de 1928, assume o padre Arnaldo Cardoso, que viera de Colina (ES). Este patriarca causa tantos dissabores na sede, que é exonerado pelo Conselho, sendo impedido de exercer o sacerdócio em todo o território nacional. Dois anos depois, ele é recebido no seio da ICAB e volta com plenos poderes. Apossa-se de tudo, como terceiro e imediato Patriarca, de forma ditatorial e afirmando que quaisquer decisões teriam que ter sua aprovação.
 Nesse tempo, passaram por Itapira os “bispos” Jose Maria Assunção, que se dizia advogado. Consta, nos recortes de jornais do museu que este homem foi preso em Itapira, por retirar da conta do Professor João Batista Aquino, por procuração, a quantia de 7:000$000 réis. Diz o jornal que o autor do delito já era conhecido pela policia desde 1916. O delegado, Dr  Cysalpino de Souza e Silva, retirou o anel de advogado que Assunção usava e pressionado confirmou que comprara o diploma no Rio de Janeiro em1923, graças ao filho de um político influente. Jose Maria de Moraes, outro bispo, fundou uma Congregação com o nome de Santo André, sendo ele presidente inamovível. Em 1935, Cardoso entrega ao prefeito as chaves do templo da Mãozinha. Isto ocorre, devido a Ação de Comisso movida pela prefeitura para reaver o prédio e terreno, visto que os atuais proprietários falharam quanto ao pagamento de impostos e que a transação (irmandade e Icab) foi feita sem conhecimento da edilidade. A situação de ruína atinge seu ápice quando Avelino Carvalho, presidente do Conselho Administrativo, resolve, a 28 de outubro de 1935, suspender as reuniões, até que o mesmo tenha as chaves do templo e os objetos a ele pertencentes. Somente 10 anos depois, em 20 de setembro de 1945, quando o bispo de Maura faz ressurgir a ICAB,  seus reflexos se voltam à Itapira.

OUTROS FATOS
Em 30 de agosto de 1985, pela comissão organizadora, assinados por Jacomo Mandatto (historiador itapirense e ex-vereador) e Odette Coppos (atriz, escritora e jornalista), promovem a inauguração da reforma do túmulo do Cônego Manoel Carlos de Amorim Correia, no cemitério MORITURIS de Itapira. Ao evento, foram convidados famílias, amigos e parentes em homenagem ao Patriarca da ICAB.  Celebraram a missa, os bispos da ICAB de Brasilia, Dom Luiz F. Castillo Mendéz; de Niteroi, Dom Jose Antenor da Rocha; de São Paulo, Dom Agnaldo Soares; e de Jundiai, Dom jurandyr A. Padovani. As personalidades da cidade que fizeram discursos foram o vereador Jacomo Mandatto, Odette Coppos , Lazaro Andrade, Prof. Maria do Carmo (Minininha), Salgado Pereira da Silva e Cesar Bianchi. Foi cantado o Hino da Igreja Brasileira e feita a oração ao Bem-aventurado Manoel Carlos de Amorim Correia.

Abaixo reproduzimos os documentos citados:

 

 

                                                     

 

                                                           Quando em 1945, o ex-bispo Católico, Dom Carlos Duarte da Costa faz o famoso “Manifesto à Nação” , reascende a chama da igreja nacionalista proposta por Amorim.  Logo ao final da apresentação da atual  Igreja Católica Apostólica Brasileira, faremos um comparativo entre as duas religiões.
 
 Dom Duarte, nasceu no Rio de Janeiro em 21 de julho de 1888. Concluiu seus estudos no Colégio Salesiano Santa Rosa, em Niterói, RJ.  Em 1897, seu tio, Bispo de Goiás, enviou-o à Roma para estudar no Colégio Internato Pio - Latino Americano.  Retornando ao Brasil, estudou no Seminário Filosófico e Teológico em Uberaba.  Foi ordenado padre no dia 1 de abril de 1911, pelo Cardeal dom Arcoverde. Foi pároco em diversas igrejas no Rio de Janeiro e em 1923, foi nomeado Vigário Geral da Arquidiocese do Rio de Janeiro, sendo sagrado bispo pelo Cardeal Dom Sebastião Leme.

EVENTOS QUE O LEVARAM AO CISMA

Dom Carlos, foi um bispo polêmico.  Defendia o divórcio, sob algumas condições;  em 1932, organizou “o batalhão do bispo”, para lutar na Revolução Constitucionalista, tendo a frente ele próprio como comandante. Chegou a ir para a luta mas a guerra havia terminado;  possuía uma ação social agressiva que dilapidou os cofres da diocese. Por pensar e agir, unindo a práxis às ciências sociais, já era um precursor da Teologia da Libertação. Criticava o regime de Getulio Vargas e da aliança do Vaticano com os regimes totalitários da Europa. Continuava a pregar contra a infalibilidade papal, atitude liberal para com o divórcio e liberdade para os clérigos se casarem. É igualmente interessante salientar que ele mesmo nunca se casou. Veicula tudo pela revista chamada: “Mensageiro Nossa Senhora Menina” onde rivalizava com o governo Vargas, com a Igreja Católica e com a intelectualidade em geral.

Por suas posições e os gastos desmedidos em sua diocese, ele foi investigado pela Cúria Romana e, em 1937, renunciou ao seu posto, recebendo o título honorário de Bispo de Maura, uma diocese extinta, no norte da África. Voltou para o Rio de Janeiro.

Em 1944 foi preso, sob alegação de agitador. Os Estados Unidos e a Inglaterra, pressionaram o governo de Getulio pela sua soltura. Foram tentadas por diversas vezes, visitas dos bispos romanos, na intenção de apaziguar a situação entre o bispo e a Igreja, que resultou nula. Em 1945, Dom Carlos, denunciou uma  suposta atividade organizada pelo Vaticano, chamada “Operação Odessa”. A tal atividade, que incriminava os cardeais e o Papa, segundo Dom Carlos, existia para retirar oficiais nazistas da Europa. Isto foi o estopim, para que o Papa Pio XII, o excomunga-se. Dom Carlos ignorou a excomunhão e, em 18 de agosto fundou sua Igreja Católica Apostólica Brasileira. Dom Carlos, um mês após, ordenou bispo, Dom Salomão Barbosa Ferraz que era pastor presbiteriano e que unia usa igreja à dele. Em 1959, Dom Salomão abandona a ICAB para ingressar na Igreja Romana, sendo reconhecida a sagração feita por Dom Carlos. Em outubro de 1945, Dom Carlos, fundou um partido político “ Partido Socialista Cristão”, do qual , era presidente. Chegou a lançar um candidato que antes mesmo dos comícios, desistiu. Em outros recortes de jornais dessa época, deparamos com um mandato de segurança, impetrado pelo bispo Dom Carlos, no Superior Tribunal Federal, para que pudesse realizar uma missa campal em Itararé-SP. Foi negado à ICAB autorização para práticas externas, visto que, segundo os ministros, a ICAB usava, sem a permissão da Igreja Romana, a aparência desta última para fazer proselitismo, pois, a grande maioria do povo brasileiro é Católico Romano e, seria levado por engano a participar de um culto não romano.

 Após sua morte, ocorrida em 1961, Dom Duarte foi canonizado pelos bispos da ICAB, em 1970,  como São Carlos do Brasil.

Como, em 1913 em Itapira, o Cônego Amorim, foi contestado violentamente pelo Cônego João Moyses Nora, em 1945, uma voz se levanta contra Dom Carlos. O padre Florencio Dubois, barnabita, divulga o livro “O ex-bispo de Maura e o bom senso” – Editora Vozes Limitada – com 95 páginas. O volume , que se encontra no museu, está no numero 5.  Aqui, Dubois, rebate todas as assertivas de Dom Carlos, de forma contundente.

Consultando a reportagem feita por David Nasser e Jean Manzon, impressa pela revista “A Cigarra” em setembro de 1945 – RJ, lemos  a entrevista dada por Dom Carlos que reafirma todas as suas convicções.

                                                                 

 

Eles terminam a reportagem assim: “ Não resta a menor duvida de que era impossível a Dom Carlos permanecer no seio da Santa Madre Igreja Católica Romana depois de ter, clara e violentamente, discordado não apenas das normas atuais, mas de há muitos séculos, “desde as catacumbas”. Se ele estava contra, não podia continuar marchando junto ao que estava errado.  Dom Carlos disse aos repórteres que ele queria ser contestado pela Igreja, mas a resposta, foi o silêncio.

 

(continua .....)

 

 

Fonte: Marcio Carlos

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