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Itapira, 25 de Novembro de 2024
Notícia
16/10/2012 | Marcio Carlos: Museus....pra quê?

Hoje, não vou contar nenhuma história de Itapira... vou falar sobre museus.
Movido pelo universo museológico do qual faço parte, imperativo é falar da importância, da função social dos museus. Qualquer museu. Lembro aqui que desde 2007 estou em contato com o Museu Histórico de Itapira, porque trabalho nele mas sem ter em conta o que significava a instituição MUSEU. Em 2010, com os cursos de capacitação do SISEM-Sistema Estadual de Museus do Governo do Estado de São Paulo e dos fóruns, fui modificando o meu olhar para com Ele.
Todo mundo sabe da importância da escola, da família, da politica, das instituições assistenciais e de benemerência, dos jornais, das artes, da religião, da diversidade e etc. Dos museus, pouco se conhece ainda. Em Itapira existem dois, Histórico e de História Natural, sendo este último, um dos poucos em nossa região administrativa e, a Casa Menotti com uma riqueza cultural imensa, fruto de um apaixonado pelas artes e pelo Imortal Menotti Del Picchia, Jácomo Mandato.
Mas a pergunta que não cala é...pra quê? Museus municipais não geram renda aos municípios e, pelo contrário, se forem adequados como deseja o IBRAM-Instituto Brasileiro de Museus, haja dinheiro, dinheiro estadual e federal. Bom, se não geram renda geram o quê? Podemos dizer que em um museu é composto de vários departamentos. São várias atividades que acontecem e se entrelaçam a todo o momento a serviço da diversidade cultural de nossa cidade e de nosso povo.

1- O primeiro oficio que vemos é o de Exposições. Uma verdadeira usina de exposições e mostras. Desde a entrada até o segundo piso, o visitante, no nosso caso, irá ver objetos tridimensionais que remetem a uma parte da história de nossa cidade. Cada um deles significa algo sobre Itapira ou que tem relação com Itapira.
Exemplos?

Revolução Constitucionalista de 1932

 

Quando vemos as vitrines que contém objetos referentes à Revolução, podemos pensar várias coisas: Quem será que usou tal capacete, era jovem, será que morreu em combate? Porque a guerra entre irmãos? Eles lutaram a luta de quem? Como um Estado Brasileiro, completamente isolado, conseguiu produzir material bélico, alimentos e conquistar voluntários para aguentar três meses de luta contra o exército brasileiro? As bombas, balas, facões, rifles mataram inúmeros paulistas e outras pessoas naturais de vários Estados Brasileiros. O livro dos mortos do Cemitério Municipal testemunha essa verdade. Isto nos faz pensar sobre a violência, prepotência, a insensatez? Quando recebemos alunos, eles ficam encantados com as armas. Quem não fica? Procuramos ir além das aparências e falar sobre os fatos reais. Não é coisa de filme o que aconteceu em terras itapirenses, foi real e feriu muito a dignidade paulista.

A porta da Igreja Matriz de Itapira

A porta da Igreja Matriz de Itapira. É enorme, pois, dentro do museu não se consegue coloca-la em pé. E o trabalho para fazê-la? Não há parafusos, cheia de almofadas de madeira e ainda possui as ferragens. Então tivemos duas Igrejas Matriz. A primeira foi modificada em meados de 1900 e manteve a porta. A segunda feita por Virgolino de Oliveira, não precisou dela. Nesse momento somos levados a pensar como era Itapira lá em 1850. Suas ruas, seus personagens, prédios, carros. Até terremoto teve na antiga Penha do Rio do Peixe (Itapira trocou de nome por seis vezes até o atual). Aconteceu a luta (não pelas armas) contra a Igreja Brasileira do Cônego Amorim (o museu tem um retrato seu com moldura e tudo) que rendeu celeuma até 1970 com a historiadora Odete Coppos. O progresso da cidade trazida pelo Comendador João Cintra (atibaiense) que veio com o café, escravos e italianos. Até hoje, pela história, imortalizamos nomes de itapirenses natos ou de coração, em placas de ruas, escolas, instituições. Todos os que passaram por aqui, nesse torrão, fizeram sua parte, e tiveram responsabilidade no jeito, no rosto da cidade. De ser como ela é. E tem gente que diz que Itapira não tem nada. Como não tem? As festas, as disputas eleitorais, as comemorações, as empresas, o clima e a sua gente. Não diz nada porque muitos ainda não conhecem sua própria história. Olhando para uma porta que não é uma qualquer, o pensamento vai longe.

2- O segundo oficio é o Pedagógico. Sim, porque quem vem ao museu aprende. Aprende e ensina. Um espaço que não tem formalidades, notas, avaliações do aprendizado. Os alunos veem e devem ser levados a ter essa disposição já descrita no bloco anterior. Por isso a monitoria é imprescindível. Como imprescindível também é o entendimento com professores, diretores e orientadores pedagógicos das escolas. No corrente ano recebemos várias, incluindo aí as do Projeto Itapira...um mergulho em seus passado. Só no projeto recebemos quase 1.500 alunos da rede municipal contando sobre o Comendador João Cintra. E como a visita ao restante das exposições ganhou uma matiz diferente, de qualidade! Além de tirar o aluno da sala de aula, ele vai caminhar pelo museu, perceber os diferentes objetos, materiais, cores, formatos, ali, na sua frente. Ele vai juntar a teoria da sala de aula com a realidade bem diante de seus olhos. É diferente do ler um livro ou ir a um teatro. Está envolto em cultura da mesma forma mas o visitante deve percorrer os espaços expositivos e exige esforço físico e atenção, isto é, deixa de ser um espectador para atuar.

Escola Heitor Soares-Itapira

Escola Delta Nobre-M. Mirim

 

Foi idealizado pelo SISEM, oficinas de cunho patrimoniais. É algo a ser implantado nos museus em Itapira. Trazer os alunos para que passem um tempo maior e compreendam o trabalho de bastidor dos museus. Já é feito em diversos museus do Brasil e para o nosso, temos tudo preparado para fazê-las. Novamente a parceria com secretarias, escolas e professores é fundamental para o sucesso da atividade.

Rol de escolas e instituições que visitaram o museu neste ano, até o mês de setembro :

 

Encontrei um video da cidade de Barretos que mostra justamente um bom trabalho pedagógico com alunos. peço que assistam, é muito interessante.

 

3- O terceiro oficio, que se apresenta é o de Coleta. Os museus colecionam mas com um sentido museológico. Ao receber uma peça, o museu procurará saber se aquela peça testemunhou algum fato importante para a cidade ou se pertenceu a alguém igualmente importante para Itapira. Sua origem, a data que foi produzida, seu valor comercial e cultural, sua descrição, de qual material que foi feita, qual seu significado social e a quem pertenceu. A mesma peça deve ter garantia que está sendo realmente doada e que a pessoa que doa é proprietária legítima da peça. Diferente de um colecionador profissional ou amador, os museus fazem todo esse trabalho não para vende-la mas garantir que seja autêntica e fará parte do acervo. O museu recebe por ano em torno de 200 doações. Adiante algumas coleções.

Recebemos neste ano, os jornais Cidade de Itapira que estavam na posse do Diretor Sr. Jonas Alves Araujo, na forma de Custódia. Não pertence ao museu mas ele se torna depositário fiel da coleção. Para que tudo fique legalmente aceitável, conforme as normas internacionais do ICOM-Conselho Internacional de Museus, foi necessário que eu e meu companheiro Fidelis, digitássemos em um programa de inventário, todos os volumes e cadernos daquele acervo. Foram catalogados 7.619 periódicos, que durou três meses de trabalho. Quem ler o tombo saberá o estado de cada jornal e servirá de rumo para a restauração ou conservação dos papéis. Foram também colocados em uma prateleira em separado e à partir dessa semana, serão etiquetados. Ainda falta fazer o mesmo nas encadernações de outros jornais pertencentes ao museu e, estimo em 32.000 cadernos. Tem que ser feito e os outros serviços do museu não podem parar.

Numismática

Filatélico

Câmeras Fotográficas

Rádios

Porcelanas e Pratarias

 

4- Mais um oficio que se apresenta é o de Pesquisas. Existem na biblioteca do museu, diversas informações sobre a cidade. Estão contidos em jornais, livros, fotografias, gravuras, telas, bilhetes, cartas e documentos. Nada está no mesmo suporte. As informações estão pulverizadas na biblioteca. A pessoa deve ter uma metodologia de pesquisa. Exemplificando, temos vários temas relevantes para a cidade, o caso de Virgolino de Oliveira. Noticias e informações sobre ele estão nos suportes que mencionei neste parágrafo. Saber os nomes, datas, suas ligações com as instituições da cidade, comparações, contextualização de fatos, obras realizadas, esta é a meta de quem busca o museu.
 

Pode-se afirmar que a pesquisa é feita em grande parte por alunos de faculdades e professores em busca da pós-graduação; historiadores da cidade e das cidades vizinhas; alunos vindos com projetos das escolas estaduais, particulares e municipais; e ainda o cidadão comum. Recebemos na semana passada duas irmãs que sofreram um acidente de carro quando faleceu infelizmente seu tio que era condutor do veículo. Elas tiveram coragem de querer ver no jornal as fotos e toda a história envolvendo o assunto. Na época, eram praticamente bebes. Outro cidadão esteve no museu querendo informações da primeira e única usina de eletricidade de Itapira. Uma professora da rede municipal também veio para saber do inicio da cidade e do crime contra o Delegado Joaquim Firmino.

Seja quem for, é dado a ele um documento no qual deverá preencher com seus dados, assinatura, data e o motivo da pesquisa. O consulente está consciente de que a pesquisa implica em obrigações civis e criminais. Em casos mais necessários, o consulente pode levar o livro ou jornal desde que assine documento responsabilizando-se pela integridade da peça.

Claro que nós que trabalhamos no museu precisamos pesquisar. Está tudo ao nosso alcance e com todo o tempo do mundo. As pessoas que vem ao museu também querem saber das histórias e devemos estar preparados para isto. Além do mais, vai contribuir para outro departamento da instituição que revelo mais abaixo.

5- Outro oficio é a Arquivologia.

É natural que o arquivamento de documentos, livros, jornais, fotografias, selos, moedas, discos etc, sejam feitos de uma forma que facilite a busca; que esteja descrito em documento próprio; que esteja seguro; em suportes metálicos; e identificados como sendo do museu. Onde encontro um recibo de vendas de escravos? Onde está uma certidão de casamento de algum figurão do passado? Um diploma de Prefeito de Itapira, tem? São algumas perguntas respondidas após consulta ao index e localização na gaveta certa. Agiliza, mostra organização e protege. A proteção do acervo é um item dos mais importantes no museu. Proteção contra as intempéries, contra incêndios, alagamentos, insetos como também roubos e furtos. Infelizmente, sempre tem alguém testando uma fechadura ou a resistência do armário expositivo.

Certidão de casamento do Dr Hortêncio Pereira da Silva de 1923.

Imposto sobre escravos em 1885

Diploma de Prefeito de Francisco Rocha de 1947

 

Outro item importante do arquivamento é a descrição da situação da peça. Qual o estado do suporte (papel, plástico, etc), se está amarelada, se contém brocas ou traças, se falta algum pedaço, se está legível. Pode ser fotografado, escaneado ou reproduzido em copiadora? Se está rasurado ou definitivamente perdido? O papel, principalmente os antigos, cuja acidez é grande, precisa da embalagem certa para não piorar suas condições. A técnica fotográfica em seu começo também não previa o desgaste. A luz e o calor ambientes são inimigos destes suportes.

Exemplo:
 


Visita de Ulisses Guimarães à Itapira e sendo recebido na Usina Virgolino de Oliveira em 1962. Como estava num álbum, a umidade fez grudar a foto no plástico da folha que a continha. Ao soltar a folha, ocorreu o problema. Já encontrei assim.

6- Administração é ouro oficio. “Em vez de preocupar como ensinar a fazer certas coisas - o como – a teoria da administração ensina que coisas devem ser feitas em determinadas situações – o porquê.
O que diferencia o administrador de um simples executor é exatamente o fato de que, enquanto o segundo sabe fazer certas coisas que aprendeu mecanicamente (planos, organogramas, mapas, registros, lançamentos etc.), o primeiro sabe analisar e resolver situações problemáticas variadas e complexas, pois aprendeu a pensar, a avaliar e a ponderar em termos abstratos, estratégicos, conceituais e teóricos.
O segundo é um mero agente de execução e operação.
O primeiro é um agente de mudança e inovação, pois adquire habilidade de entender e diagnosticar situações.”

http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasgarzel/CONC1.pdf

Todos nos museus devem ser administradores como descrito acima “...sabe analisar e resolver situações problemáticas variadas e complexas, pois aprendeu a pensar, a avaliar e a ponderar em termos abstratos, estratégicos, conceituais e teóricos...”. Para quem conhece a estrutura museal, sabe que um museu exige: decisões, sacrifícios, dedicação, coleguismo, empatia, honestidade, respeito, humildade, temperança e principalmente vontade de realizar a função Social inerente à instituição museal. Você lida com a história, quer dizer, com ricos e pobres, importantes e desconhecidos, religiosos ou não, das várias tendências políticas, de diversas instituições, mídias, artistas e pessoas comuns e não é possível escolher, porque todos são importantes.

Para o ICOM-Conselho Internacional de Museus, com relação aos profissionais de museus diz em seu código de ética:

8. Os museus atuam com profissionalismo

Princípio: Os profissionais de museus devem observar as normas e a legislação vigentes, manter a dignidade e honrar sua profissão. Devem proteger o público contra comportamentos profissionais ilegais ou antiéticos. Todas as oportunidades devem ser aproveitadas para educar e informar ao público sobre o objetivos, finalidades e aspirações da profissão a fim de desenvolver uma melhor compreensão a respeito das contribuições que os museus oferecem à sociedade.

Quando nós, do museu, nos juntamos para estabelecer uma mostra ou exposição, participar de um projeto pedagógico, concorrer a prêmios, participar de cursos de capacitação, promover eventos, terá um pouco de cada um naquilo que vai ser executado. Ninguém é melhor que ninguém, nem mais inteligente, tampouco um expert nos assuntos. Procuramos ajuda com o pessoal do SISEM e museólogos com os quais temos amizade. Cada um procura dar o melhor de si para que tudo comunique a mensagem da exposição, do projeto, do evento ou de um curso. Como o dinheiro é escasso, dá-lhe criatividade. Aproveitamos os armários, mesas, vidros, tecidos, enfim, tudo o que temos em mãos. É reconfortante quando no término das visitas, as pessoas atestam que gostaram muito e, pedem mais informações. Ainda somos em pequeno número mas trazer mais funcionários que queiram realizar o magnífico trabalho museal, é a meta.

Há várias funções dentro dos museus, como o de curador, museólogo, pedagogo, administrador, servente, conservador, restaurador, relações públicas, economista, profissionais de logística, segurança, marketing e informática. Nos museus maiores, existem todos esses profissionais e, nos menores apenas alguns agentes fazem todas essas funções ou encaminham as peças e assuntos para outros técnicos. Como já declarei em outras matérias, não tinha conhecimento mas fui atrás das informações. Não sei, pergunto. Simples e fácil. Sem dúvida que o SISEM-Sistema Estadual de Museus do Governo de São Paulo foi providencial para meus conhecimentos e elucidações. Quando dos encontros com outros profissionais de museus do Estado, percebo bem toda essa preocupação por parte deles. Fiz a dois meses um curso pelo SISEM, na Faculdade de Ribeirão Preto, de Gestão em Museus. Foram doze semanas. Há um longo caminho entre as recomendações e a realidade mas é possível conseguir. Outra ação importante foi a contratação de uma empresa de consultoria para o museu. No relatório final, temos o caminho a ser seguido, documentos que devem ser usados e o valor do acervo.

7- Mais um oficio, o de Divulgação. Fazer e não contar, de nada vale. Se queremos que as pessoas valorizem o espaço museal da cidade elas precisam saber o que acontece no museu. Muito vantajoso é incutir desde a infância o respeito e a curiosidade pelos museus. Ir até as instituições várias da cidade é uma grande ação. Usar a internet é melhor ainda, o alcance é imenso. O jornal e a rádio, essenciais. Colocar o nome do museu nos livretos que circulam pelo país pelas comemorações que o IBRAM-Instituto Brasileiro de Museus faz é de suma importância para Itapira.

Agora mesmo, embutido no site do Museu da Imigração, apresentamos parte do acervo da Revolução de 1932. O nome do museu e de Itapira estão lá, as fotos de nossas peças também. Esta é, por exemplo, ações da Rede de Museus Históricos Paulistas. Escrevo no jornal A Cidade toda semana, matérias extraídas do museu histórico. Posto no site Portal Cidade de Itapira, que recebe no mínimo 100 visitas a cada postagem. Posto num blog que criei para divulgar o museu. No blog são mais de 17.000 acessos, não só do Brasil. Em muitos países são constantes a visualizações. Creio que esse é o espirito do trabalho em museus. O divulgador não é o importante mas a historia da cidade, essa sim que deve prevalecer. Quem acessa, o faz pela rica história de nossa cidade e não tem outro motivo.

Do blog que criei é possível ir a outros blogs e sites da história de Itapira.

Divulgar para que seja tão natural ir ao museu como ir a escola, um parque ou a uma das grandes festas itapirenses. O desejo do museu é acolher a todos.

8- O mais agradável oficio é o Lúdico. Quem vem ao museu, não vem estressado, nervoso, preocupado. Vindo sozinho, em grupo ou com a família, todos fazem um passeio agradável. Tem essa mística, no sentido de mistério, de algo que tem que ser visto e resignificado. Já começa pelo bonito Parque Juca Mulato. Pode-se estacionar facilmente e, existe um parquinho para as crianças. O prédio do museu tem dois pavimentos e, grandes. O edifício também chama a atenção do visitante pela imponência. Então, a pessoa leva algum tempo para ver todas as exposições. Ela deve andar, olhar, ler, pensar. Quantas vezes não vi emoção no rosto de visitantes que lembraram de algo do passado (a janela do ontem se abre) ou da experiência da descoberta de algo que não se usa mais e nem teria sentido hoje em dia, como o ferro de passar de brasa, criado num tempo que não havia luz elétrica e, funcionava bem. E pode-se fotografar e filmar. Aí ganha um ritmo mesmo de passeio, de lúdico.

O museu promove todos os anos comemorações. Para esses encontros, procuramos atrair o público com eventos culturais. Neste ano de 2012, fizemos eventos para a 10ª Semana Nacional de Museus. A escola Dr Julio Mesquita participou ativamente. Dois eventos de manhã e dois à tarde. Gastamos praticamente nada apresentando todos grupos da nossa própria cidade. Em 2008, lembro da apresentação de um grupo de Congada dentro do museu.

Banda Lira – 10ª Semana Nacional de Museus

Congada no museu em 2008

Não são poucas pessoas que visitam os nossos museus. Digo, não em relação ao número de habitantes mas comparando com museus de Campinas. Itapira tem 68.000 habitantes enquanto Campinas tem mais de 1 milhão.

Em Campinas, no mês de julho (férias) - Site http://www.campinascentro.com.br/content/movimento-nos-museus-municipais-aumentou-253-em-julho

Movimento nos museus municipais de Campinas

Já o Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti registrou queda no número de visitantes (797 contra 1.964), assim como o Planetário (865 contra 2.494) e o Museu da Cidade (294 contra 337).

Para Mariana Saldini, o período de férias escolares foi o responsável pelo aumento na frequência de algumas unidades e também na redução de outras, pela interrupção temporária das visitas de escolas.

Aqui um resumo das visitas no museu histórico:

Se fizermos uma projeção pelo melhor mês deles, chegamos ao numero de 9.500 visitas. Não que estejamos satisfeitos com o nosso número, por isso o trabalho precisa ser triplicado. Não é pela estatística mas o alcance. O ideal para qualquer museu é que a visita seja de qualidade para o visitante.

9- O último oficio é de Segurança Patrimonial. Creio que é o mais espinhoso. Precisamos do apoio da Engenharia da Prefeitura sempre e da Secretaria de Obras. A segurança em museus é algo muito discutido e sobre isto temos seminários e a produção de livros sobre o assunto. O ICOM e o SISEM sempre tocam no assunto alertando para os perigos que o público, funcionários, acervo e o prédio estão constantemente expostos.
Telhado é ponto essencial para a segurança, uma vez quebrado ou envelhecido, deixa entrar a água da chuva que prejudica a laje, paredes (fungos) e pode cair sobre o próprio acervo. Isto já aconteceu no passado mas foram tomadas logo providências para sanar o problema. Fiação elétrica antiga, outro ponto importante porque pode causar incêndio ou inutilizar computadores e outros aparelhos elétricos do museus, além da destruição de acervos. Portas bem reforçadas evitam arrombamentos. Grades nas janelas inferiores evitam roubos. As lâmpadas certas e com luminosidade correta evitam o dano ao acervo. Pisos perfeitos e antiderrapantes previnem quedas tanto dos agentes como dos visitantes. O monitoramento de presença e câmeras de vigilância inibem a ação de marginais. O sistema contra incêndio e controle de temperatura e umidade são úteis ao museu e suas peças.
Recebemos muita gente no museu e dentre elas, algumas, as vezes, se destacam por atitudes suspeitas, e fazem perguntas que normalmente ninguém faz. Acompanhamos de longe porque alguma bobagem pode acontecer. Foi em um momento assim em 2008, que subindo as escadas ouvi um barulho de vidro batendo contra metal. Fui quieto e flagrei um moço tentando abrir a fechadura da vitrine da II Guerra Mundial. Perguntei o que ele estava fazendo e ele não respondeu nada. Convidei-o então a sair do museu. São raros os casos mas acontecem. Graças a Deus, a quase totalidade de visitantes quer conhecer e não dilapidar.
É assim a preocupação diária com o museu. Proteger os funcionários, os visitantes, o prédio e o acervo.

Este é um dos diversos livros do museu que abordam o assunto:

Espero que muitos lendo essa matéria se sensibilizem com o trabalho museal e se tornem amigos dos museus de Itapira.

Vou reproduzir a frase de uma pessoa dedicada a museus:


“....museu em principio, assusta. Brasileiro não tem o costume de visitá-los e ainda costuma pensar que eles são depositários de múmias e uma porção de outras coisas mortas, sem nenhum valor. Isso não é verdade.O MUSEU SE COMUNICA E SEU GRANDE SEGREDO É MANDAR MENSAGENS, chegando mesmo a constituir-se em excelente tribuna e debates.”
Arqueóloga e Museóloga, Fernanda de Camargo e Almeida.
VAMOS JUNTOS, MUDAR ESSA REALIDADE!

 

CULTURAL

Museu
Cecília Meireles

Espadas frias, nítidas espadas,
Duras viseiras já sem perspectiva,
Cetro sem mãos, coroa já não viva de cabeças em sangue naufragadas;
Anéis de demorada narrativa,
Leques sem fala, trompas sem caçadas,
Pêndulos de horas não mais escutadas,
Espelhos de memória fugitiva;
Ouro e prata, turquesa e granadas,
Que é da presença passageira e esquiva
Das heranças dos poetas; malogradas:
A estrela, o passarinho, a sensitiva,
A água que nunca volta, as bem amadas
A saudade de Deus, vaga e inativa...?

Fonte: Marcio Carlos

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