O Vice-Prefeito Antonio Carlos Martins, 73, entrega na próxima quinta-feira, dia primeiro de novembro, o cargo de prefeito ao titular , Antonio Hélio Nicolai, o Toninho Bellini, após este cumprir período de licença médica de 15 dias a contar do dia 18 deste mês. Deverá, a rigor, ser a última vez que Martins exerceu o cargo de prefeito, rotina a que se habituou nos últimos oito anos, dada à uma certa freqüência com que Toninho Bellini se licenciou neste período.
Se computados todos os dias em que se sentou na cadeira de Prefeito, Martins somará até quinta-feira que vem exatos 206 dias como chefe do executivo municipal, o que dá mais de seis meses de mandato. “Exerci com muita responsabilidade e com muita satisfação esta função a mim atribuída”, disse em entrevista concedida em seu gabinete para o Jornal A Cidade na tarde de ontem.
Nestes anos todos, Bellini só não se ausentou em 2005, primeiro dos quatro anos de seu primeiro mandato. A partir de 2006 Martins foi se habituando à poltrona de prefeito. Os dois períodos mais longos foram registrados em2008 ( a partir de 13 de outubro) com 22 dias e no ano seguinte a partir de 28 de setembro, quando ficou no cargo por longos 25 dias. Questionado se guarda algum episódio assim marcante que teve sua chancela como prefeito, ele disse que não se lembra de nada especial.
Mas afiançou que todas as vezes que ocupou o cargo de prefeito o fez “em sua plenitude e dentro que as limitações temporais impõe em espaços tão curto de tempo”, numa alusão ao fato de não poder traçar planos mais ambiciosos porque na sua visão, o titular estabelece as diretrizes básicas a serem traçadas. Martins contou que na manhã de ontem reuniu-se com todo o Secretariado e fez questão de saber do andamento do final de gestão. O que foi discutido? Martins não fez rodeios e disse que pediu para que fosse “tirado o pé do acelerador”, por causas da queda da arrecadação.
Juventude
O atual vice-prefeito não é propriamente nenhum novato em política. Já foi vereador, presidente da Câmara , disputou e perdeu uma eleição como vice na chapa de Antonio Carlos Sete na eleição de 1976, que deu a Barros Munhoz o primeiro de seus três mandatos e disputou e perdeu em 1988 eleição para prefeito pelo PT, quando Bebeto Munhoz se elegeu.
Com muita sensibilidade, Martins disse que ao ocupar o cargo de prefeito reviveu tempos de juventude. “ Na minha infância, e depois em minha juventude, eu sempre tinha uma admiração muito grande pelos homens públicos. Muito jovem eu já freqüentava comícios. Quando me sentei pela primeira vez na cadeira de Prefeito imediatamente evoquei estas lembranças” , relembrou.
Questionado se na medida que se aproxima o final do mandato não vem à tona um sentimento de melancolia, ele disse que já está “vacinado” contra este tipo de sensação. Ele avalia que neste estágio, normalmente o detentor do cargo público “sente um vazio”. “ Eu aprendiz ao longo dos anos que quem recebe os convites que recebo, os afagos e até mesmo as críticas não é o Antonio Carlos Martins, mas o vice-prefeito. Ninguém é dono do cargo que ocupa. Neste meio ou você pára por conta própria, ou forçado pelas urnas. Será sempre desta forma”, externou.
Estilo
Quanto à forma carinhosa com que é tratado em todas as rodas, algo que não ocorre com Toninho Bellini na mesma intensidade, Martins diz que cada pessoa possui seu estilo. “ No meu jeito de ser sempre fui uma pessoa muito bem humorada, que faz questão de ser autêntico e isso acredito eu que tem sido de muita valia no relacionamento com o público em geral”, comentou.
A respeito da derrocada do grupo político do qual tem sido uma das estrelas nos últimos oito anos, cujo maior exemplo foi o palanque quase vazio no desfile de aniversário da cidade na quarta-feira, contrastando com o palanque lotado nos primeiros anos do chamado “novo tempo”, Martins prefere enxergar as coisas de uma outra forma. “ Final de mandato é isso aí mesmo. A gente brinca dizendo que se não pedir, nem café trazem para a gente. Isso ocorre em todas as administrações”, minimizou.
Questionado se o fato de seu nome ter sido ventilado para ser candidato a Prefeito na fase pré-eleitoral era mesmo conversa séria, ele afirmou que sim. “ O PT queria ter candidato próprio e meu nome apareceu de forma natural. Só que depois de analisar o cenário e constatar que havia uma divisão muito grande com relação à constituição do grupo político que permitiu que governássemos oito anos, achei que a melhor decisão seria a de declinar o convite”, revelou.
Finalizando a conversa foi lhe perguntado se vai voltar a concorrer a algum cargo eletivo. Martins foi taxativo ao dizer que seu ciclo está encerrado. Diz que vai dar sua contribuição atuando em entidades representativas da sociedade civil e pensas em voltar a advogar. “Ainda estou analisando todas as opções, mas eleitoralmente digo que não serei candidato a mais nada”, concluiu.
Martins dando atendimento na quinta-feira à tarde: exerceu a função de prefeito com satisfação.