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Itapira, 26 de Novembro de 2024
Notícia
15/09/2013 | Memória: Edésio Ramos de Oliveira faleceu aos 81 anos

 

Faleceu no último dia sete de setembro, aos 81 anos, o ex-vereador por três mandatos e ex-presidente da Câmara, Edésio Ramos de Oliveira. Deixa a esposa Maria de Lourdes e os filhos Junior, José Renato e  Ana Carolina. Natural de Espírito Santo de Pinhal, Edésio chegou a Itapira no final da década de 1950 para trabalhar na Cafeeira de seu tio,   Evaristo Ramos de Oliveira.
 
Aqui na cidade sempre se destacou por iniciativas pessoais voltadas para a comunidade e assim se destacou por exemplo no Lions Clube e na fundação do Clube de Campo Santa Fé, onde se tornou seu primeiro presidente. Como político, teve uma brilhante trajetória na Câmara Municipal , onde ficou por quase 20 anos e exerceu no biênio 1973/1974 a presidência da Casa
.
 
Edésio tem sua foto na Galeria dos Presidentes do legislativo itapirense
 
 
 
Edésio Ramos, homem de grandes predicados
 
por Argemiro Repas
 
Edésio Ramos de Oliveira lapidou um modelo próprio que definiu sua diretriz de vida passada e repassada em múltiplas vertentes exercidas no dia a dia de um enfrentamento abastecido de sadio idealismo em tantos objetivos alcançados. Assim ele cumpriu uma trajetória ininterrupta, alongada na  sucessão de mais de 80 anos desabrochados no verdor da idade adolescente.
 
Tinha rosto imberbe das 15 primaveras quando deixou os pagos de Espírito Santo do Pinhal, onde nasceu, para iniciar-se na atividade cafeeira em Itapira, cidade que o acolheu  com o bafejo  de seu tio Evaristo Ramos de Oliveira. Desembarcou aqui órfão de pai, mas aquecido com o carinho e o amor de sua mãe, Dona Nina, mulher  heroína santificada pelas doces convicções da maternidade.
 
Exerceu a política municipal ofertando a tônica combativa tão marcante daqueles que não se acomodam recusando achegos inconfessáveis. Proclamava com propriedade e altivez que fora eleito vereador para corresponder, nunca para ser mero espectador da Casa Legislativa itapirense.
 
Sua atuação destacada fez com que ganhasse algumas antipatias, porém, contabilizou dividendos consensuais agilizados no bom e sincero diálogo, como é sensato na política praticada com fecundidade e transparência.
 
Não guardava desilusões  da política, reservava-se ao princípio  de enumerar episódios conflitantes, todos superados pela sábia terapia do tempo. “A política é uma escola de vida que nos permite  tornar tolerantes se prevalecer o dom do diálogo”, ponderava.
 
Preferia afirmar, até com bom humor, que nunca encontrava caminhos pavimentados nas rotas de uma difícil travessia que teve seu porto de destino a família constituída com mulher, filhos, noras, genros, netos, amigos e admiradores dentro de uma convivência enraizada na memória dos feitos e no respeito recíproco.
 
Para Edésio Ramos, “Tudo é válido se prevalecer a disposição de lutas impregnadas de fé e de confiança”,. Gostava de desarquivar frases bem pensadas, como aquela que  Fernando Pessoa  ensinava “que tudo vale a pena, se a alma não é  pequena”. Formado em direito na cidade mineira de Pouso Alegre, se não exerceu a advocacia, adquiriu notável cultura jurídica e geral  junto a uma biblioteca particular (lida e relida) dos clássicos universais da literatura.
 
O  mutismo provocado por um AVC lhe roubou o ânimo ,quando se viu enclausurado numa cadeira de rodas. Perdeu movimentos vitais, sem se entregar  ao imobilismo que se estendeu por um calvário cristão de oito anos. Renasceu, diziam a mulher Lurdinha  e os filhos, com a alma nova e frequentemente memorizada  no retrospecto de uma vida banhada de intensidade. “Acho que não me acomodei, pois lutei com coragem, longe daqueles que assistem a tudo, passando como meros espectadores” .
 
O aprendizado cafeeiro, por mais de 60 anos, lhe conferiu cátedra universitária com plenos conhecimentos sobre as riquezas do “ouro verde” como bebida fina e nobre no cômputo de grandes exportações brasileiras.
 
A Cafeeira da rua Francisco Glicério estava posicionada como um polo dinamizado  de comercialização do produto, privilegiada pela conexão direta com o Porto de Santos. O  plantio que gerenciou em sua propriedade rural no bairro Ponte Nova (patrimônio”invendável” como gostava de assinalar) em torno de seis mil  pés de café, transformou-se em modelo para visitação de técnicos e agrônomos, tal a eficiência inovadora e surpreendente.
 
As almas iluminadas têm passaporte carimbado pelos deuses do Olimpo. Essa bênção, com certeza, conduziu Edésio Ramos para a galáxia mais elevada das constelações do Criador. Descanse em paz, Edésio Ramos. Saudade.
 
Miro Repas é jornalista
 
 
Fonte: Da Redação do PCI

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