Uma realidade muita brasileira é a automedicação, uma iniciativa do paciente, de seu responsável ou cuidador, em utilizar uma ou mais drogas sem nenhuma orientação médica ou de farmacêutico, levam ao uso indiscriminado de medicamentos no país. Mesmo os considerados mais “ingênuos” dos medicamentos podem levar a várias reações de hipersensibilidade, dependência, sangramento digestivo, aumentar riscos para determinadas neoplasias, além de possibilitar progressão de doenças. O perigo deste hábito não é considerado como um risco iminente para grande parte da população e que contribui para sua perpetuação dentro dos inúmeros problemas de saúde pública que temos.

Em boa parte dos casos, a indicação vem de familiares ou amigos que já tiveram quadro clínico parecido, mas desconhecem o fato de que cada organismo reage de forma diferente aos remédios. Ou seja, não é porque uma medicação teve efeitos positivos em alguém conhecido que trará benefícios à pessoa que apresenta um problema semelhante.

Até aqui nada de novo, um velho problema para o profissional da área de saúde, porém, o que nos chamou a atenção para discutirmos esse tema, foi uma pesquisa feita neste mês pelo ICTQ (Instituto de pós-graduação para farmacêuticos) realizada em 12 capitais do país, num universo de 1.480 pessoas ouvidas com 16 anos que consomem remédios. Além de se automedicarem a pesquisa mostra que os brasileiros que se automedicam em um terço, portanto 32% absurdamente aumentam a dose do medicamento utilizado por conta própria.

A automedicação é utilizada por 76,4% dos brasileiros, que faz com que o Uso Racional de Medicamentos, precisa ser um assunto de Saúde Pública, discutido não só por entidade de classe, e outras restritas a iniciativas privadas, mas que faça parte de um programa do governo federal, para conscientizar nossa população. 

As pessoas não têm noção do mal que estão fazendo a si próprios em se automedicar, agora parem e pensem: com doses além das doses usuais o risco a intoxicação aumenta consideravelmente, por isso que medicamentos são os principais agentes causadores de intoxicação no país, à frente até dos agrotóxicos.

Não use medicamento sem conversar com seu médico ou farmacêutico, você pode estar agravando o seu estado de saúde. Faça parte você também do grupo de pessoas que lutam pelo Uso Racional de Medicamentos. “Existe uso racional quando os pacientes recebem os medicamentos apropriados à sua condição clínica, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo possível para eles e sua comunidade.

OMS, Conferência Mundial Sobre Uso Racional de Medicamentos, Nairobi, 1985.”

Milton Antonio Leitão – É Farmacêutico-Bioquimico – Diretor das Farmácias FormulAtivaMil