Um alarmante e assustador dado foi divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Pela primeira vez desde 2006 quando se deu o início da pesquisa Vigitel, sobre vigilância em saúde a maioria da população brasileira está acima do peso, o governo constatou que 51% dos brasileiros está com excesso de peso. Entre os homens, o índice chega a 54% e, entre as mulheres, 48% estão acima do peso ideal.
O mesmo Ministério da Saúde manifestou a respeito do caso dizendo que a dieta do Brasileiro é apontada como o maior problema, para que este índice fosse alcançado. Na pesquisa-entrevista dos 45 mil entrevistados, 31,5% disseram comer carne com gordura regularmente e 53,8% não dispensam o leite integral, mais gorduroso. Os refrigerantes também têm papel importante no aumento de peso - 26% dos brasileiros admitiram tomar refrigerante ao menos cinco vezes por semana. O Brasileiro em geral tem uma dieta balanceada com arroz, feijão, carne e salada, mas o Ministério acredita que a substituição de produtos naturais por industrializados seja um agravante.
Apesar de o índice ter crescido na pesq uisa o governo não tem a intenção de mudar a estratégia para prevenção e combate ao excesso de peso da população. Pretendem reforçar as medidas que já vêm sendo adotadas: a construção de unidades do Academia de Saúde, centros com infraestrutura e profissionais para orientar a população a práticas de atividade física, e o Saúde na Escola, com informações sobre obesidade para estudantes.
Porém, acredito que o problema acarretará consequências maiores com o aumento do caso de diabetes, hipertensão e câncer, que são algumas das doenças relacionadas à obesidade.
Se nada for feito no momento em dez anos teremos uma população de obesos como a dos Estados Unidos hoje, eu vejo esse aumento como uma tendência mundial, mas seria imaturo não abrirmos a discussão sobre tratamentos medicamentos da obesidade, hoje no Brasil as únicas drogas possíveis de serem usadas com prescrição médica e um rigoroso controle são a sibutramina, e o orlistat, além de fitoterápicos, muitos deles sem dados científicos comprovados. Em 2011 a ANVISA, proibiu no Brasil o uso de anfetaminas que eram usadas para tratamento da obesidade, seu uso irresponsável e inconsequente nos fez liderarmos o ranking entre todos os países do mundo - éramos os campeões em uso de anfetaminas. Deve se olhar para essa pesquisa e avaliar se em algum item foi levantado dado que nos mostre se a proibição das anfetaminas tenha colaborado para esse aumento de obesos. Em contra partida a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) deu sinal verde ao Qnexa, um novo medicamento contra a obesidade do laboratório americano Vivus. A droga foi aprovada para pessoas obesas com índice de massa corporal de 30 ou mais, ou para pessoas com sobrepeso e diabetes, colesterol alto e pressão arterial elevada. Entre seus componentes a fentermina, uma anfetamina, agora proibida no Brasil. A falta de medicamentos e a proibição dos que existiam levou a um aumento do número de cirurgias de redução de estômago. Vejo que o problema está apenas começando, pois nossa população está engordando como mostra a pesquisa, remédios foram proibidos, e o SUS não tem condições humanas e financeiras para suportar o tratamento da obesidade com cirurgias, relembrando o aumento do numero de patologias associadas à obesidade que terão sua prevalência aumentada, onerando ainda mais os cofres públicos com a saúde. Está na hora de revermos posições, quebrarmos paradigmas e olharmos para nossas próprias necessidades, a obesidade existe, precisa ser tratada e curada. Como? Com que? E de que modo? Cabe o bom senso e a responsabilidade no bom exercício da saúde pública.
Milton Antonio Leitão. Farmacêutico bioquímico – Diretor das Farmácias FormulAtivaMil.