De acordo com o médico veterinário Rodrigo Silva Bertini, no dia de ontem foi confirmado um caso de Raiva em morcego não-hematófago pelo Instituto Pasteur. Trata-se de um morcego que se alimenta de insetos, que foi encontrado caído na entrada de uma propriedade rural de nosso município ainda vivo. Foi sacrificado pelo dono desta propriedade, que levou até o veterinário o morcego já morto. No Brasil temos cento e quarenta e quatro espécies de morcegos, sendo oitenta e sete insetívoras (que se alimentam de insetos), quarenta e nove frutívoras e nectarívoras (que se alimentam de frutos e néctar), cinco carnívoras (que se alimentam de pequenos roedores, anfíbios e peixes) e três que são vampiras. Foram catalogados com o vírus rábico no Brasil trinta e nove espécies, deste total de cento e quarenta e quatro que temos em nosso país. Bertini pede “que divulguem o caso para que ninguém toque ou coloque as mãos em morcegos, pois qualquer espécie pode ser transmissora da Raiva.” Lembrou, também, que os morcegos são importantes reservatórios do vírus rábico na natureza. Os vampiros transmitem a Raiva quando se alimentam do sangue (mordidas alimentares) dos animais de interesse econômico (bovinos, equinos, bubalinos, caprinos, suínos, etc.), porém, os morcegos que não são vampiros transmitem a Raiva acidentalmente, quando caem ao solo e são capturados pelos animais domésticos (cães e gatos) ou até mesmo pelo homem com mordidas defensivas (mordem para se defender).
Quando alguém encontrar um morcego caído ou morto, deve entrar em contato com o Serviço de Controle de Zoonoses (3813-8821) para que possam recolher e encaminhar para análise laboratorial. Em caso de acidente com morcegos (mordidas principalmente) deve-se procurar o serviço de saúde, através das UBSs (antigos PPAs), para uma avaliação médica. O médico é quem decidirá se o acidentado irá passar por tratamento ou não, baseado no tipo de agressão sofrida ou contato. Vale destacar que sem os morcegos a vida em nosso planeta seria muito difícil, pois realizam importantíssimo trabalho no controle de pragas nas lavouras e, também, quanto aos insetos que transmitem doenças ao homem. Além disso, são os maiores recompositores e formadores (plantadores) de florestas em áreas degradadas. Portanto não podemos matar os morcegos, recolhendo apenas os que estão caídos ou já mortos. Os únicos morcegos que são sujeitos ao controle são os hematófagos (vampiros) da espécie Desmodus rotundus, verdadeiro transmissor da Raiva aos animais de interesse econômico na zona rural, serviço este realizado pelas equipes treinadas da Coordenadoria de Defesa Agropecuária, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de nosso Estado. A raiva é uma doença incurável e que leva a morte!
Méd. Vet. RODRIGO SILVA BERTINI
CRMV-SP n.º 07.537
Serviço de Controle de Zoonoses/PMI
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