Na manhã desta sexta-feira, 10, o deputado estadual reeleito Barros Munhoz (PSDB) falou dos acertos e erros da sua campanha e as diferenças em relação às campanhas anteriores, analisou o aumento de candidatos na região. Também comentou sobre as vitórias do PSDB e da possibilidade real de retomar o governo federal através de Aécio e Aloysio e finalizou versando sobre o futuro.
A Cidade: O que esta eleição apresentou de diferente em relação às outras que você disputou para a Assembleia Legislativa?
MUNHOZ: Foi uma campanha mais festiva, mais alegre, mais de agradecimento à minha atuação do que de conquistar. Eu já estava mais conhecido e conhecido como alguém que cumpre compromisso, que trabalha muito e que dá atenção a tudo que recebe de pleitos, de reivindicações e de sugestões.
A Cidade: Tem muita gente comentando que nesta eleição foi usado menos material de campanha do que nas eleições passadas. O que aconteceu, faltou dinheiro?
MUNHOZ: Reconheço que foi uma falha nossa. Na verdade eu acabei fazendo material informativo para muitas cidades. Esse informativo foi o forte da minha campanha. Nele eu mostrei o que fiz e o que consegui para cada cidade. Isso foi o que consolidou a minha candidatura nas cidades trabalhadas. Em Itapira procuramos dosar a quantidade de material, tivemos o cuidado de não exagerar e acabamos fazendo menos. Erramos nessa avaliação, faltou material. Mas estou muito feliz com os quase setenta por cento, bem próximo da votação anterior. Até agora não tenho informação de que outro candidato tenha superado essa proporcionalidade em outro município. Acho que a segunda melhor marca também é minha em Pinhal.
A Cidade: Sua votação em muitas cidades da região suplantou até mesmo os candidatos locais, que apareceram em profusão. Imaginava que isso fosse possível?
MUNHOZ: Imaginava. Sabia que era muito difícil, mas imaginava. O tempo todo eu disputei em Mogi Guaçu com o candidato a deputado estadual mais votado e em Mogi Mirim isso não chegou acontecer, eu sabia que em Mogi Mirim eu teria mais votos do que todos. Mas isso esteve presente na minha campanha permanentemente. A minha preocupação era mostrar o quanto e como eu representava essas cidades.
A Cidade: Essa tendência de candidatos em cidades da região “brincarem de candidato a deputado” com vistas a ganhar popularidade para disputar a eleição municipal seguinte, você vê como uma boa estratégia?
MUNHOZ: Penso que eu posso responder essa pergunta com consistência, afinal poucos políticos participaram ativamente de tantas eleições como eu participei. Vitoriosas em sua esmagadora maioria. Sobre essa estratégia acho acima de tudo uma grande burrada. Rarissimamente esse ganho de popularidade se confirma, na maior parte das vezes o povo percebe isso e não vota na eleição seguinte. Aqui temos casos assim. A votação dos candidatos acaba sendo baixa em relação ao posto disputado e isso não credencia ninguém a nada. A não ser o caso em que haja uma perspectiva de ganho, o povo vota. Logo, uma postura política burra.
A Cidade: Vai chegar o dia em que você passará o bastão à frente. Você acha que futuramente essa prática poderá diminuir as chances de que a região eleja um deputado para ocupar o espaço que hoje é seu?
MUNHOZ: Sem dúvida. Onde isso acontece os candidatos se queimam. Todos são muito mal votados inclusive. Você veja em Mogi Mirim, o André Mazzon, aliás, um bom moço, que queria se projetar. Com três mil votos para deputado federal. Pergunto: ele se credenciou? O Marcos, de Mogi Guaçu, quis se credenciar a candidato a prefeito, mas ficou abaixo de mim. O Marcos se credenciou? Eu digo com absoluta certeza, noventa por cento desses candidatos se descredenciam para as eleições futuras.
A Cidade: Num certo sentido, aqui em Itapira, muitos apostaram que você não tinha mais a influência de tempos atrás e que dificilmente seria reeleito. Qual é a relação que você faz com esse pensamento e a votação recebida aqui e na região?
MUNHOZ: Acho que é uma desinformação muito grande. Essas pessoas não acompanham política. Ignorar o que eu sou na política de São Paulo hoje é querer tapar o sol com a peneira. Pouca gente atenta que eu fui o sexto mais votado no Estado, mas que se você excluir a capital e o Grande ABCD, mesmo incluindo a Grande São Paulo, eu sou o deputado mais votado. Das grandes cidades teve candidato eleito que partiu delas com 150 mil votos. Eu tive 185 mil votos tirando a capital e o ABCD. É uma votação que consolida uma história que pouquíssima gente tem no Brasil. Depois de três vezes prefeito, quatro vezes deputado, secretário da agricultura, ministro da agricultura, candidato a governador, líder dos governos Serra e Alckmin, presidente da Assembleia não é nem tapar o sol com a peneira, é ficar cego. E o pior cego é aquele que não quer ver. Eu acho que esses prognósticos eram ou mal intencionados daqueles que estão sempre querendo me destruir e falam as maiores bobagens do mundo, ou profunda desinformação.
A Cidade: Com a reeleição espetacular do governador Alckmin, com a eleição do José Serra e a grande possibilidade de Aécio se tornar presidente (tendo o Aloysio como vice), Itapira pode experimentar a “tempestade perfeita” no bom sentido em termos de carreamento de recursos públicos para nossa cidade?
MUNHOZ: Se isso se concretizar agora com a eleição de Aécio eu não tenho a menor sombra de dúvida que Itapira vai viver em céu de brigadeiro. Vai ser a melhor época da história de Itapira disparadamente. Mesmo sem a vitória do Aécio vai ser uma época fantástica graças ao Serra e ao Alckmin, principalmente. Mas com a vitória do Aécio e Aloysio de vice, Itapira vai deitar e rolar.
A Cidade: Como explicar o fenômeno Alckmin, vitorioso numa campanha transcorrida num clima absolutamente desfavorável, às voltas com as denúncias de corrupção no metrô, o descontentamento generalizado do cidadão comum com a questão da segurança e se não bastasse tudo isso, enfrentando a pior crise hídrica da história. Como explicar esta votação estupenda que ele teve?
MUNHOZ: Em primeiro lugar a característica pessoal dele, Alckmin é uma pessoa humilde. Ele trata bem todas as pessoas, independente da condição social, raça ou credo. Em segundo lugar, ele é vocacionado para a política. E política tem que ter vocação. Por isso ele tem mais paciência do que o normal, ele tem mais disposição do que o normal. Mesmo aquilo que cansa qualquer político, cansa menos a ele. Acho que ele visitou perto de quinhentos municípios nesses quatro anos de mandato. Mas não é só por essas características. Ele é extremamente competente e dedicado. Não adianta levar um assunto para o Alckmin que você não domina, ele vai questionar e se você não dominar o assunto e vai perceber e deixará de lado. E, finalmente, Alckmin tem uma disposição para o trabalho, que eu vou te dizer, eu trabalho demais, mas eu trabalho muito pouco perto dele. Eu nunca vi uma disposição para o trabalho como a que o Alckmin tem.
A Cidade: Os comentários dão como certo o seu retorno à presidência da Alesp, mas tem muita gente imaginando que uma vitória de Aécio, você será indicado para um ministério, o da Agricultura. A voz do povo é a voz de Deus?
MUNHOZ: A voz do povo é a voz de Deus, mas nem sempre ela coincide com os desígnios de Deus. Então eu acho que são especulações naturais, mas eu não tenho absolutamente nada nesse sentido. Eu programo a minha vida política, eu dou cada passo no seu momento. Hoje eu estou extremamente focado na eleição de Aécio Neves, cem por cento dedicado a essa tarefa.
A Cidade: Você chegou a dizer que esta era a última eleição. Está confirmada essa previsão?
MUNHOZ: Eu acho que exagerei. Se dependesse da minha vontade seria a última eleição, mas em política nem tudo depende da sua vontade, não sei o que vai acontecer. Eu tenho dificuldade de encontrar um sucessor. Eu gostaria de deixar um, a região não pode ficar sem um representante. Você vê, quando eu saí, em 94, quando eu fui candidato a governador, nós ficamos 94, 98 e 2002 sem eleger um deputado. Fomos eleger de novo em 2006. Ficamos 12 anos sem representante. E não é fácil congraçar. Eu como estou há muitos anos, todo mundo já me conhece, congraço naturalmente. A minha luta vai ser essa. Aqui em Itapira consolidar a liderança do Paganini, que é um belo cara, um bom moço, um bom político, mas que ainda precisa ser lapidado mais, precisa ser aprimorado, enfim, tem muita coisa para acontecer. Seria uma antecipação do futuro e eu não me arriscaria a fazer. Volto a dizer, se dependesse da minha vontade pessoal realmente seria a última eleição, até porque é melhor sair de cena como um Pelé do que como um Garrincha. Eu não vou jamais querer ficar aí sendo derrotado. Eu vejo alguns companheiros que tinham 150 mil votos e nesta eleição não passaram de sete mil. É muito triste. A pessoa tem que saber a hora certa para parar. Tem que saber viver o momento. Eu sei viver o momento. Faço nele o que eu tenho de melhor, com dignidade.
A Cidade: Espaço para as suas considerações finais!
MUNHOZ: Eu só tenho que agradecer ao povo de Itapira, razão da minha luta e do meu trabalho. Não me cansarei de agradecer, gostaria de fazer pessoalmente e espero fazê-lo. Continuarei trabalhando para o bem da nossa terra, cada vez mais entusiasmado. Quero ver o meu povo feliz!
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