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Itapira, 23 de Janeiro de 2025
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05/12/2013 | Nem plenário vazio esfria entusiasmo por ato em prol da educação

 

Causou enorme mal estar nos meios educacionais do município um aparente descaso por parte de autoridades do Legislativo e do Executivo devido a ausência de representantes num encontro marcado para celebrar uma mobilização feita em todo o território nacional por correntes de educadores que desejam mudar os alicerces do setor em nosso país. A cena insólita foi registrada na tarde da terça-feira, 19, no plenário da Câmara Municipal.

Junto ao púlpito, discursava a educadora Heloísa Bueno de Moraes. Ao seu redor literalmente ninguém. Na galeria, dois educadores, Letícia Lima, do Senac, e o professor de Sociologia, Felipe Nascimento, mais a estudante do terceiro ano do Ensino Médio da Escola Ativa, Letícia Bergamini Souto.

Aquela solenidade era a porção local de um movimento deflagrado em vários estados para assinalar a entrega para autoridades federais, estaduais e municipais do 3º Manifesto pela Educação: Transformar um País. O documento lista 19 propostas para o processo de melhoria do sistema educacional do país. No mesmo dia e horário, o Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, estava recebendo em seu gabinete responsáveis por este movimento apartidário e desvinculado de tinturas sindicalistas do professorado em geral.

Na versão local, os organizadores cuidaram de enviar convites para todos os vereadores e autoridades do Executivo e também do Judiciário. Ao todo 27 autoridades foram convidadas. A ausência que mais chamou a atenção foi exa-tamente de um representante da Secretaria de Educação do Município, cuja sede fica em frente ao prédio do Legislativo.

Felizmente, para salvar as aparências, pelo menos um dos vereadores acabou comparecendo, seis minutos depois que Heloísa havia começado seu discurso. Era o vereador Rafael Donisete Lopes (PROS), aquele mesmo que de um dia para o outro ganhou a condição de inimigo número um do grupo político pelo qual se elegeu, sabe-se lá por quais motivos. O vereador aparentando um ar de constrangimento adentrou o plenário e ouviu o restante do discurso.

Depois disse que tinha se esforçado para sair antes do Hospital Municipal, onde também ( às custas de um mandado de segurança segundo se comenta) atua como profissional da área médica mas não havia conseguido chegar a tempo. Desculpou-se com as moças e com o professor Felipe e recebeu o manifesto, que prometeu levar até seus pares.

Espantosamente, menos constrangida estava a professora Heloísa. Com uma simplicidade muito afeita à forte personalidade que sabidamente ostenta, disse ao ser indagada se estava desapontada com a Câmara vazia que não era o caso porque “não tinha criado expectativas”. Foram ela, a professora Letícia e o professor Felipe, que ajudaram no trabalho de convocação, bastante indulgente. “O horário era um tanto inapropriado à presença de outras pessoas.Mas fizemos a nossa parte. Era importante para o simbolismo que reveste este movimento que ele ocorresse de forma simultânea em todo o país”, disse Felipe.

Antes que fosse classificada como espécie de peixe fora da água naquele encontro, a estudante Letícia Bergamini foilogo dizendo a que tinha comparecido. “Fui informada pelo Felipe que é meu professor ( ele leciona Sociologia na escola Antonio Caio e também na escola Ativa) da realização do evento e fiz questão de comparecer. Sou daquelas pessoas que acreditam que não devemos esperar que os outros façam aquilo que é nossa obrigação. O tema Educação é algo muito sério, que merece o maior respeito e participar de encontros que discutam formas de melhorar o acesso e a qualidade dela para os brasileiros é o mínimo que a gente pode fazer”, mandou ver.

Muito longe de qualquer demonstração de desapontamento, os organizadores já anunciam outro evento para o começo de dezembro para avançar nas discussões a respeito deste tema, anunciando a presença em Itapira da professora Ely Paschoalick, educadora e consultora em comportamento humano. Segundo informou Heloísa, a educadora possui formação em Administração Escolar, com especialização em consultoria Organizacional e Educacional.

Veja na íntegra o discurso de Heloísa Bueno (ATENÇÃO; CERCAR)

Estamos vivendo em plena era da diversidade, mas ainda temos muito a dever no quesito respeitar e oferecer oportunidades iguais para todas as diferenças, as que estão sendo excluídas de nossas salas de aula, excluídas de um modelo de ensino que ainda se pretende único para todos.

Há no país uma vasta e exemplar legislação para tratar da educação, mas que na realidade ainda não são efetivadas. Faz-se necessário que o Poder Público valide essas leis e proponha um debate aberto que abarque todas as escolas, professores, pais e a comunidade de um modo geral. Pois investir na Educação não significa apenas disponibilizar mais recursos financeiros, mas sim aplicá-los adequadamente. É possível fazer diferente e já existem inúmeras experiências educacionais positivas espalhadas pelo país, que comprovam isso. E são essas iniciativas que motivaram a elaboração deste documento.

O povo está perdendo a esperança e muitos não encontram perspectivas de melhora na qualidade da educação brasileira. Urge que se ouça as múltiplas vozes que ecoam pelos quatro cantos de nosso País, trazendo novas alternativas nessa área. Estar em crise possibilita o surgimento de oportunidades de modificar nossa própria História e criar outro Brasil possível. Continuar a alimentar a exclusão é deixar passar essa ímpar oportunidade de construir um país melhor.

O conceito de inclusão também precisa ser revisto e atualizado nas escolas, para que não acabe incentivando, na prática, a cultura do fracasso e da exclusão. Se continuarmos a insistir em um modelo único e hegemônico de ensinar, querendo que todos se adaptem a esse modelo, estaremos persistindo na exclusão e no desrespeito às singularidades de cada um de nossos alunos.

Podemos contar com o apoio dos senhores e senhoras aqui presentes nessa luta pela criação de um novo país possível? Uma luta pautada pelo respeito mútuo e por uma educação que invista na potencialidade de cada um dos sujeitos envolvidos no processo educacional. Não se trata de querer instituir apenas um modelo de ensino e sim vários modelos – tantos quantos forem necessários para que todos sejam incluídos de verdade e possam desenvolver uma dinâmica própria de aprendizagem, de forma que cada pessoa seja reconhecida e aceita em suas particularidades.

Apoiar o Manifesto pela Educação significa beneficiar o País e ser protagonista na criação de um Brasil melhor. É ganhar uma oportunidade rara de participar efetivamente da criação de uma nova realidade, de concretizar o sonho de um país em que caibam todas as cores, crenças, etnias, gêneros e modos de ser, concebendo que todos somos diferentes: brasileiros iguais, cada qual com sua singularidade.

O documento Mudar a Escola, Melhorar a Educação: Transformar um País tem tudo para ser um instrumento de ação para as escolas se conscientizarem de que cada ser humano é singular e, portanto, aprende de um jeito diferente. Pode ser uma ferramenta para que os poderes públicos de nossa Nação mostrem para suas escolas que não precisamos de um modelo único de ensino, mas de vários modelos, onde cada região de nosso país respeite as particularidades de sua população escolar.

Não queremos mais uma escola que discrimine nossas crianças e jovens como vitoriosos ou fracassados. Que insista em excluir os que classifica como diferentes: os pobres, os negros, os indígenas, os deficientes, além de todos aqueles que, por um motivo ou outro, não se adequaram a esse modelo único de aprendizagem, que valoriza apenas conteúdo e memorização. Enfim, mesmo já tendo conquistado alguns direitos, eles são a maioria dos marginalizados.

Queremos uma escola e um mundo onde todos sejam vitoriosos, cada um à sua maneira. Apoiar esse manifesto é uma forma de escolher a transformação; ignorá-lo é alimentar o fracasso crônico do atual modelo educacional. Vamos investir em uma educação realmente para todos ou aumentar o fosso da exclusão? Vamos ajudar a criar verdadeiros protagonistas de nossa história ou continuar a aumentar o trágico exército dos excluídos?

São essas perguntas que esse manifesto traz à reflexão. Ouçam a voz do povo ecoando em seus corações e demonstrem que ouviram suas reivindicações e de fato compreenderam sua proposta. O convite está feito a todos: vamos dialogar com aqueles que estão diretamente envolvidos na educação: pais, estudantes, professores e toda a comunidade escolar? Que país queremos deixar para o futuro? A resposta para estas perguntas precisa ser construída com a contribuição de cada um de nós.

Fonte: Da Redação do PCI

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