Na EMEF “Professor João Simões”, a pequena Nicole, de sete anos, abre um sorriso radiante ao falar sobre os Batutinhas. A mãe dela, Suellen Santos, também sorri e conta que desde a participação da filha no grupo o desenvolvimento escolar dela melhorou muito. “Ela está muito empenhada nas tarefas escolares. Até os professores perceberam essa mudança”, afirma.

A história de Nicole nos Batutinhas, um grupo de formação musical mantido pela Secretaria Municipal de Educação em parceria com a Casa das Artes, começou com os irmãos. Eles frequentavam o projeto e, partir daquele momento, Nicole já começou a demonstrar interesse pela música. “Ela até queria participar, mas era muito pequena” conta a mãe. A dedicação à música cresceu de tal maneira que ainda hoje o irmão de 12 anos, mesmo depois de finalizar seu período nos Batutinhas, toca sua flauta em casa.

Mesmo um tanto tímida, Nicole, que está nos primeiros momentos nos Batutinhas, ainda tocando lata, mostra que já criou um vínculo com a música popular brasileira. Ela acende novamente o brilho nos olhos e revela: a música que mais gosta de tocar é “Garota de Ipanema”, o clássico de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, que se tornou uma das músicas mais gravadas do mundo. Ao explicar sua preferência, Nicole dá aquele sorriso emocionado que nasce de uma sensibilidade musical que só a convivência nos Batutinhas pode explicar.

Luzia Aparecida, mãe de Thieres Fabiano Barbosa, contou que com a participação nos Batutinhas o filho aprendeu a ter mais responsabilidade. “Ele chega em casa e já sabe que precisa fazer as tarefas. Nós estamos muito contentes com o resultado”, ela explica. A concentração nos estudos é uma das exigências do projeto, que procura estimular ainda outras noções como trabalho em equipe, respeito aos pais e professores e convivência harmoniosa com colegas.

Para a família do pequeno Miguel Cavalcanti Gonçalves, também de sete anos, a atenção musical foi um importante diferencial. Ele mesmo, que hoje toca violão, conta como foi sua reação ao ingressar na iniciação musical. “Fiquei muito feliz quando meu pai comprou o instrumento para mim, porque sempre quis aprender”, ele conta.

Os sonhos e as emoções destas crianças acontecem no dia-a-dia de Itapira porque a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Educação, mantém um convênio com a Casa das Artes. Nesta semana, o prefeito José Natalino Paganini (PSDB) renovou este convênio, que prevê o repasse de verbas para a entidade ministrar aulas para os alunos da rede municipal de ensino e preparar professores de música para dar esta orientação.

Segundo Cesar Lupinacci, maestro do projeto, são quase duas mil crianças envolvidas. Ele comenta que os Batutinhas têm transformado muito o cenário dentro das escolas e da vida das crianças. Reinaldo Pierossi, presidente da Casa das Artes, confirma a informação. Ele afirma: “melhora tudo que se possa imaginar, desde o convívio dentro das salas de aula até dentro de casa”. Lupinacci ainda destaca outra face do projeto, menos conhecida: “nós mesmos estamos capacitando nossos professores, porque ainda não existe um mercado de educação musical”.

A Secretaria de Educação informa que o projeto Batutinha está presente em todas as escolas do município, no ensino infantil e fundamental. São 69 salas no ensino infantil e 17 salas no fundamental. Hoje, são mais de vinte professores atuando na educação musical dos alunos. O prefeito José Natalino Paganini (PSDB) lembra que o projeto tem grande alcance social, razão pela qual dá todo apoio a ele. “Através da música, abrimos as portas de nossa percepção e encontramos caminhos para construir uma realidade melhor e mais feliz para todos”, destaca. A secretária de Educação, Flávia Rossi, também destaca o valor do projeto. “Pela música, disseminamos vários conceitos e, principalmente, fortalecemos a Educação como um todo”, afirma.

Lupinacci lembra que com os alunos do ensino infantil são feitas apresentações em datas comemorativas e um grande evento de encerramento do ano letivo, a cada ano com um tema. Neste ano o tema será a riqueza da cultura popular brasileira, através das manifestações espalhadas pelas diversas regiões do Brasil. Com isso, os alunos conhecerão o universo das cantigas e os instrumentos utilizados na cultura popular brasileira, além das danças, vestimentas e histórias. O projeto será encerrado com uma apresentação final em que cada escola será responsável por uma manifestação artística como, por exemplo, Congada, Frevo, Catira, Coco, Folia de Reis, Cavalo Marinho, Carnaval, Maracatu, Baião e outras.

Embora o ensino de musica seja obrigatório nas escolas públicas brasileiras, o prefeito José Natalino Paganini lembra que a Prefeitura de Itapira, ao manter e ampliar o projeto Batutinha, leva esta obrigação a um nível mais elevado, fazendo com que a música entre na casa das crianças. Com isso, as crianças desenvolvem senbilidade, responsabilidade, um melhor relacionamento dentro de casa e nas aulas e setem despertar o desejo de tornar–se um músico. Este é o sonho de Nicole, Miguel, Thieres e muitas outras crianças do projeto Batutinha. Para elas, a música vai muito além de um conjunto de aulas e das apresentações que encantam os itapirenses. Ela representa também o palco iluminado de uma vida melhor, a partitura harmoniosa de momentos melhores todos os dias e a sonoridade suave de uma vida em comunidade com cultura e, sobretudo, mais felicidade.