Amar a cidade e seu povo sempre foi, para mim, condição básica para quem se apresenta ao processo eleitoral em busca de votos. Não consigo imaginar um bom governo que mantenha distância dos eleitores, condene as suas escolhas e torça, em qualquer tempo, por tempestades.
É certo que muitos candidatos buscam interesses, exclusivamente, pessoais. Mesmo assim, penso que as candidaturas nascem dos espíritos solidário e comunitário. Depois disso vêm os demais atributos: ser político (na acepção correta da palavra), ser democrático (nas práticas, não nos discursos), ser conciliador, paciente, ouvinte, sensível, justo, criativo, competente, honesto... Nenhuma candidatura prospera no ódio, na divisão ou na prepotência.
Pois é! Ando assustado com algumas falações: “Eu quero ver o que vai acontecer agora, vão acabar com tudo o que foi construído (...). A ditadura vai voltar (...). Bem feito, não foi isso que vocês quiseram? Agora não adianta chorar (...). Tomara que o Paganini consiga, mas será que o novo prefeito manterá as conquistas de Itapira? Será que vai melhorar o que está bom? Duvido, mas foi o povo que quis assim (...). Não vai demorar. Vocês vão ver. Vai ter gente chorando lágrimas de sangue. Sabe o que eu vou dizer? Vocês foram os culpados (...). Esse povo é tão ignorante que não aprende de jeito nenhum. Dá até vontade de sumir da cidade.” Não bastasse tais comentários, no desfile de aniversário, o palanque oficial estava quase vazio. Lá estavam Martins (como vice, sempre altaneiro) e dois ou três secretários. Como poderemos conceber todos esses sinais? Seriam eles atos de desamor ao povo? Torcida contra os interesses do município? Ou seria a condenação sumária da escolha da maioria? Nada justifica as reações negativas dos derrotados numa eleição. Devem reconhecer e respeitar a vontade soberana das urnas. Pra valer. Pelo menos, publicamente.
Diante da minha inquietação, olhando para trás, constatei que Barros Munhoz, mesmo depois das derrotas doloridas, jamais usou palavras para condenar a decisão das urnas ou para rogar piores dias ao povo. Limitava-se a criticar, como oposição.
Apesar dos exageros e equívocos, nos trinta e seis anos de vida pública Barros Munhoz sempre dispensou a Itapira amor incondicional, muitas vezes, levou às últimas consequências. Em qualquer lugar que ele se encontre, independentemente do assunto, o nome da cidade acaba sempre entrando na pauta.
Quem não se lembra do pós 2004 quando Munhoz comparecia sozinho ou com a esposa às festas populares da cidade como se buscasse o afago perdido, nem sempre retribuído. Mas nunca desistia. Enfrentava, às vezes, terrenos inóspitos. Tentava reconstruir.
No dia 7, após o comício da vitória de Paganini, Munhoz se entregou: “se eu morresse hoje, morreria feliz.” Quase que disse: “nos braços do meu amor.”
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