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Itapira, 22 de Novembro de 2024
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02/06/2014 | Nino Marcati: Cristália: orgulho e exemplo

  

 

Desde que me conheço por gente, vejo a minha cidade às turras com as poucas grandes empresas que esse espaço de vida me permitiu assistir. A minha geração acompanhou, entre outras, a cisma contra a Usina onde a ela se imputava toda sorte pelo atraso desenvolvimentista municipal. Nas campanhas eleitorais era uma festa, os políticos atrelados se faziam de surdos e os opositores desciam a lenha na indústria canavieira tupiniquim. Somente neste século é que descobrimos que o problema era mais embaixo, ao experimentarmos um período de grande desenvolvimento, arrancado a fórceps e, mais tarde, oito anos em que nada aconteceu apesar do “boom” econômico brasileiro. É a tal diferença entre o fazer acontecer e o não fazer, simplesmente.

Por obra do destino, pensei, nesses últimos dias, nas razões que levam as pequenas cidades endereçarem relações conflituosas contra as empresas que nelas nascem, crescem, prosperam e se destacam. Será que é porque elas são vistas como filhas ingratas ao se envergonharem e se distanciarem do “berço”? Ou será que prevalece a velha ojeriza contra os líderes e os bem-sucedidos? Ou será, enfim, que reina a vontade de se orgulhar e dizer “a empresa tal” é da minha terra, exigindo certa cumplicidade? Penso ter encontrado a resposta.

Participei - com outros colegas de imprensa - da visita ao complexo in­dustrial do Laboratório Cristália. Logo que cheguei e vi de perto a engenharia e a arquitetura daqueles prédios, lembrei-me do meu pai e pensei: “o que ele diria se aqui estivesse?”. Seu Geraldo trabalhava na manutenção da fábrica Sarkis e prestava serviços em hidráulica e elétrica para a Clínica Cristália. Nos finais de tarde e fins de semana, no início dos anos setenta, era o próprio Dr. Pacheco, de Fusca, que trasladava meu pai entre a minha casa e a clínica. Foi nesse período que nasceram as primeiras instalações do Laboratório. Três registros estão vivos na minha memória: o Dr. Pacheco comandava o serviço, tinha tudo na cabeça; a clínica tinha vários sócios, mas para o meu pai só existia o Dr. Pacheco; comumente, eu ouvia dele: “esse homem vai longe.” Voltando à visita desta semana e imaginando meu pai ao meu lado, ele, vendo aquela beleza, certamente, ficaria maravilhado, mas jamais surpreso.

Surpreso fiquei eu – e pelo visto, todos os participantes do encontro também – conheci um pouco do Dr. Pacheco que meu pai tanto admirava: atencioso, sereno, aberto, sonhador, realizador, viciado em trabalho, deter­minado, bem humorado, simples, contador de casos... Mas, para mim, mais importante do que descortinar o fundador, foi aprofundar um pouco na empresa cultivada, passo a passo, nos últimos quarenta anos. Uma empresa que é o orgulho deste país. Afinal, tal qual como o Cristália se apresenta, não há nada similar do Oiapoque ao Chuí e os cuidados que ela toma na produção de medicamentos poucas empresas do mundo acompanham a par e passo. E, categoricamente, para quem conhece o setor lá fora, nada devemos aos países desenvolvidos. Estamos falando em tecnologia. Estamos falando de primeiro mundo.

Enquanto o Brasil importa 90% da matéria prima para a finalização dos medicamentos que necessita, o nosso Cristália produz 50%. Não é vã a adoção do slogan “sempre um passo à frente”, estamos pelo menos 10 anos à frente dos demais concorrentes brasileiros.

O segredo do Dr. Pacheco? Enquanto todos os concorrentes buscam o mais fácil e os menores riscos, ele persegue o mais complicado, o mais difícil de ser atingido, o mais caro de ser fabricado, acreditando, com conhecimento, naquilo que pouca gente acredita. Como bem dizia meu pai, “o Dr. Pacheco vai longe”. Que eu completo, “com passadas firmes e folego para além-fronteiras”.

O Cristália não é de hoje que vem se aproximando e se envolvendo com a comunidade itapirense na área das artes, nos esportes, na educação e no socorro à centenária Santa Casa. Sabiamente, busca certa cumplicidade. Isso engorda o nosso orgulho e nos dá a convicção de que sonhar é o primeiro passo. Exemplo bendito.

Fonte: Nino Marcati

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