Gosto de observar as pessoas nas ruas como pedestres ou motoristas. Virou mania, eu acho. Sempre que é possível ou necessário quando, por exemplo, tenho que esperar alguém da minha família próximo a um ponto de grande movimentação popular, escolho uma posição estratégica para que eu possa observar o comportamento dos transeuntes. Não é “bisbilhote”. Não me prendo nos aspectos pessoais.
Quanto maior o movimento, melhor. Parece que as pessoas se imaginam mais invisíveis quanto mais gente estiver ao seu redor. Sempre que vou a São Paulo e Campinas, na visita aos centros nervosos, pratico essa brincadeira amadora de analista social urbano, com maior intensidade. Da movimentação de pessoas eu me inspiro e dou asas à imaginação. Coisa de maluco? Talvez!
O interessante é que as pessoas observadas, em geral, são estranhas ao meu convívio pessoal. Eu não as conheço, nem sei o que elas fazem. Volto os meus olhos para o comportamento delas em relação às outras pessoas e vice versa. Quantas surpresas! Imagino cada uma cuidando da vida, dos seus interesses, na luta para provimento dos familiares, lutando, quem sabe, pela própria sobrevivência. Muitas inspiram honestidade e gentileza. Outras, nem tanto.
O diacho é que nessas observações sempre vislumbro pessoas, motivadas ou não, tentando complicar ou aborrecer a vida dos que as rodeiam. Gente que parece fazer o que não deve só para se mostrar como diferenciada, mais importante do que as outras pessoas. Tem cabimento?
Vejo gente esbarrando noutras pessoas, nem sempre, é verdade, de forma propositada, mas que perdem a oportunidade de pedir desculpas e seguem em frente, como se nada tivesse acontecido. Vejo falta de paciência em relação aos mais velhos e aos portadores de necessidades especiais.
Vejo pedestres desrespeitando as faixas de segurança e a sinalização. Vejo motoristas na condição de mais fortes e protegidos, forçando preferência ampla, geral e irrestrita. Vejo gente, muita gente, mal-humorada. Burrice total!
Ser gentil, solidário e bem-humorado torna a vida mais agradável. Gostamos dos gestos que valorizam a nossa condição humana, que nos diferenciam dos animais irracionais. Gestos que ajudam a aliviar o estresse tanto dos geradores como dos receptores. Tornam a vida mais leve.
A campanha eleitoral deste ano está focada nas mudanças. E de que mudanças estamos falando? Daquelas que vem de cima para baixo? As que quase nunca acontecem? “Será que não deveríamos, também, prover este nosso mundo com mudanças que estão ao nosso alcance, que estão em nossas mãos, todas capazes de melhorar o nosso dia a dia, também?”
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.