Parece que enquanto a gente cresce o Natal perde a graça.
Bom era o Natal do meu tempo de criança!
Nossa! Quanto tempo levava para aquele dia chegar.
Eu só pensava no brinquedo que iria ganhar. É verdade!
Era legal, um monte de gente aparecia naqueles dias.
Eram mais os parentes, menos os amigos ou conhecidos.
Da véspera, à noite, eu me lembro com saudade.
Dos cheiros dos cozidos e dos assados. Tudo misturado.
Das carnes, dos panetones, das lasanhas, dos doces...
Era o almoço de Natal. Minha mãe, sozinha, tudo fazia.
Ela não dormia enquanto não deixasse meio caminho andado.
Eu ia para a cama sonhando com a chegada do Papai Noel.
Desse departamento era meu pai quem cuidava.
Ele resistiu o quanto pode à morte daquela deliciosa fantasia.
Ah! No dia de Natal o meu pai tinha um ritual.
Ele colhia as uvas que o nosso pequeno quintal produzia.
Eu achava engraçado e não entendia aquela mania.
Antes do primeiro corte, ninguém mexia.
O almoço era sempre alegre.
Em casa com sobrenomes italianos, comida rima com festa.
Bom era o Natal na minha juventude!
Já não demorava mais tanto tempo para chegar.
Os quitutes natalinos continuavam com a minha mãe.
Para o meu pai, o ritual do corte das uvas continuava sagrado.
Era legal, um monte de gente sempre aparecia naqueles dias.
Parentes e amigos, agora mais ou menos regulado.
Os bailes e as festas externas eram os mais esperados.
Eu acordava só na hora do almoço, na maior ressaca.
Como era bom o Natal com os meus filhos pequenos!
Chegava rapidinho, mas eu fazia o que o meu pai fazia.
Alimentava-lhes a fantasia do Papai Noel.
No almoço não faltavam os pratos da minha mãe.
Nem as uvas do meu pai.
Da minha sogra destacavam-se as histórias hilárias.
Do meu sogro, as aventuras e as eventuais atrapalhadas.
Combinação perfeita para um dia de alegria e risadas.
Que começava no meio da manhã e terminava à noite.
Quer saber? É muito bom o Natal de hoje em dia!
Chega como um raio, mas é carregado de boas recordações.
Temos os filhos crescidos e encaminhados.
Velhos amigos são reunidos em uma tradicional na ceia.
No almoço, a família remanescente continua presente.
Faltam os cheiros natalinos que a minha mãe produzia.
Faltam as uvas caprichosas do meu pai.
Faltam as histórias engraçadas da minha sogra.
Faltam as aventuras fantásticas do meu sogro.
Todos em boas lembranças, sempre rememoradas.
Eis então o Natal, o grande símbolo da renovação.
Renovação que é às vezes sem graça pelas faltas.
Mas que sabe fazer a graça da vida continuada.
Que a graça do Natal esteja com todos.
Feliz Natal! Feliz Ano Novo!
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