Não é de hoje que essa tal corrupção faz parte das nossas vidas. Fui apresentado ao termo em meados dos anos sessenta. Eu morava em frente à casa de um senhor barbudo chamado Atílio Stefenon. Era um homem enérgico, sistemático, dotado de grande cultura, misturava tradicionalismo com certa feição ao comunismo. Ele sempre dizia que a construção de Brasília tinha sido a festa da corrupção e levou o Brasil a perder as calças.
Estima-se que os bolsos corruptos brasileiros, ativos e passivos, abocanhem cerca de R$ 50 bilhões, todos os anos. Das conversas com o seu Atílio até os dias de hoje, cansei de ouvir pessoas condenando e pedindo o fim da corrupção.
Curiosamente, ela só se fez aumentar, apesar de todo mundo querer acabar com ela... Poucos corruptos foram levados às barras dos tribunais. Nenhum viu o Sol nascer quadrado por mais de dois anos. Quase nenhum dinheiro foi recuperado. “Um absurrrdo!”, gritaria o velho Stefenon, vermelho de raiva, carregando o sotaque paulistano. Somos condescendentes com o crime. A corrupção está no executivo, no legislativo, no judiciário, nas grandes e pequenas empresas, nos sindicatos, nas igrejas, nas ongs, no nosso dia a dia. É a festa da impunidade. Um crime de baixo risco com altos benefícios.
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