Hoje é Dia dos Pais. Posso dizer que é meu dia, triplamente qualificado. O primeiro foi há vinte e nove anos. É um dia especial, mas há divergências.
Há quem diga que esse dia foi inventado pelos comerciantes ávidos em aumentar as vendas. Uma justificativa que atinge, também, o Dia das Mães, o Dia dos Namorados, o Natal, até os aniversários... Parte dessa cisma pode ser verdadeira, afinal, pegar carona nas ideias que ajudam a ganhar dinheiro faz parte da história da humanidade. Mas a origem do Dia dos Pais foi muito nobre: há quatro mil anos - quando o comércio mal engatinhava - um jovem babilônico resolveu moldar e esculpir em argila uma mensagem “Pai tenho em você a figura de um mentor, seu exemplo moldou minha personalidade e me transformou no homem que hoje sou. Desejo saúde e vida longa a ti meu mestre, meu senhor, meu pai.”.
Há crítico que busca o lado oposto, aquele que diz que o Dia dos Pais não deveria ser resumido a uma data. Para esses, o dia dos pais deve ser comemorado todos os dias.
Penso que algumas pessoas embarcam em determinado assunto sem saber exatamente o fundamento conceitual que defende. Lamentavelmente, tal prática se alastra pela imprensa irresponsável e pela internet. Onde conceitos errôneos podem ser construídos, difundidos e cristalizados por conta da ignorância generalizada. Não custa lembrar que somos um povo que lê quatro livros por ano, em média. Na França, essa média salta para 25.
Achar que o Dia dos Pais deveria ser comemorado todos os dias, por exemplo, é aquele argumento que parte de uma premissa incontestável. Quem defenderia, em tese, o contrário?
Pai não é sinônimo de perfeição. Pai erra, como qualquer ser humano. Mas pai é referência. A reflexão constante sobre os erros e os acertos é responsável para a melhoria das nossas descendências. É quando referenciamos as gerações seguintes. É quando o pai é lembrado e agraciado várias vezes durante o ano. Quando enxergam os filhos, se maravilham e se sentem responsáveis pela construção. Construção ética. Construção profissional. Construção cidadã.
Como pai, posso dizer, sem pieguice ou ostentação paternal, que os meus três filhos me presenteiam várias vezes durante o ano: personalidade, relacionamento, iniciativa, cooperativismo, responsabilidade, consciência ambiental, respeito e honestidade. Freud diz: “Não me cabe conceber nenhuma necessidade tão importante durante a infância de uma pessoa que a necessidade de sentir-se protegido por um pai.”. Quando juntamos o pensamento de Freud com a mensagem do jovem babilônico Elmesu a seu pai, escrita há 4 mil anos, resumimos com altivez a figura do pai, em todos os tempos da nossa civilização.
Meu pai sempre me contava as passagens dele com o meu nonno Alessandro. Hoje eu entendo que aqueles comentários eram para me dizer que ele, meu pai, não tinha se construído sozinho. Descobri, também, tarde, talvez, o quão meu pai foi fundamental na minha vida. Mas fico muito feliz quando percebo que meus filhos, festiva ou veladamente, demonstram que aprenderam a mesma lição, bem antes de mim.
Feliz Dia dos Pais, a todos os pais.
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