O regime democrático exige do candidato, partido ou coligação a maioria dos votos válidos. Para participar do jogo político os candidatos buscam pelos votos no período eleitoral. Muitos naufragam, mas resta-lhes a esperança de serem mais conhecidos daí por diante. Mas ser conhecido não é o único requesito, o miolo é avaliado.
O eleitor brasileiro ainda não tem a dimensão exata do processo de escolha, mas as sucessivas eleições, uma a cada dois anos, vem lhe dando os fundamentos básicos para que ele depure os candidatos que se apresentam. Podemos sentir, pelas pesquisas, como o processo de escolha navega pela cabeça do cidadão.
Os antipetistas, por exemplo, não conseguem entender porque o PT continua competitivo na eleição presidencial, podendo conquistar mais quatro anos, apesar das notícias econômicas negativas e dos sucessivos escândalos de corrupção. – “Ah! São os eleitores mais ignorantes e a tal bolsa família que garante”, costumam dizer. Pode ser! Mas buscar apoio nesse grupo social com regalos não é invenção petista, antes, esse grupo era agraciado com benesses de curto prazo. Foi do PSDB a iniciativa de se criar o embrião do “Bolsa Família” e outros programas sociais. Sem dúvida nenhuma, esses eleitores engrossam as preferências, mas não são determinantes. Dilma tem a fidelidade da metade dos beneficiados, mas a outra metade é de Marina e Aécio, segundo o IBOPE. Em suma, Dilma não seria eleita por este contingente, ela depende dos votos dos sessenta por cento que não são beneficiados pelos programas sociais do governo federal.
Eleição não se ganha na véspera. Nada está decidido. As pesquisas registram a fotografia do momento.
Elas não decidem e nem influenciam os eleitores, como muita gente imagina. Se influenciassem, elas não oscilavam. Mas caso as urnas confirmem a vitória de Dilma uma coisa é certa, a reeleição não será uma conquista apenas pelos acertos governamentais, mas principalmente pelos desacertos da oposição. Exatamente, não basta informar os pontos negativos de um governo para levar o eleitor a mudar de rumo. Esses pontos negativos podem não estar atingindo a maioria. O eleitor já começa a exigir a contrapartida. Ele quer saber o que a oposição fará, caso eleita, para melhorar a vida dele.
As pesquisas detectaram que o eleitor brasileiro está atento às críticas e que 70% deles querem mudanças. Mas mudar com quem? Uma pergunta óbvia que deve ter vindo na sequência. Pelo andar da carruagem, Aécio Neves (PSDB) deveria ser o agraciado com os votos de quem quer as mudanças, mas segundo os últimos levantamentos migraram para Marina Silva. Parte desses votos, agora, ensaia retorno a Dilma. Em suma, no Brasil desancar o governo eleito não é mais o único recurso para se apresentar como alternativa: se exige projeto viável de poder e competência de quem vai executá-lo.
O raciocínio pode ser replicado a Itapira. A oposição gasta a energia que tem tentando desqualificar o governo Paganini e o trabalho parlamentar de Barros Munhoz. Até aí, um direito e um dever que ela tem. Mas é bom lembrar que ela teve a chance de mostrar serviço, governou por oito anos e decepcionou. Insiste na velha política, sem apresentar qualquer indício de que terá “o que” e “o quem” para solucionar os problemas que tanto criticam. A tarefa que a oposição itapirense tem pela frente é árdua, terá que explicar convincentemente o insucesso, para depois se apresentar como capaz. E isso não será conseguido apostando na desconstrução.
Fazer oposição é apontar os erros da situação, mas sem exagerar, sem colocar pelo em ovo, sem dar demonstração de querer atrapalhar o governante ou demonstrar que os interesses são outros. O povo não é bobo.
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