Para Jacomo Mandato o dia 24 de outubro de 1820 na tinha nada a ver com a fundação de nossa cidade. No livro História Ilustrada de Itapira, o historiador conjectura sobre o “Dia D” oficial do nosso nascimento. Recomendo a leitura.
Há quem prefira, usando determinadas datas, principalmente as iniciais, consultar os astros para o delineamento dos traços de personalidade e previsão do futuro. Nesse campo, prefiro outros parâmetros. Busquei na história alguns fatos importantes que aconteceram no dia 24 de outubro, para ver o que dava.
Em 1917 foi iniciada a revolução russa que pavimentou o socialismo, propondo a propriedade coletiva, distribuição de bens e igualdade de oportunidades. Em 1929, o crack na bolsa de valores levou os EUA à bancarrota, afetou a exportação do nosso café, levando muitos cafeicultores, inclusive itapirenses, a perderem suas propriedades rurais. Em 1930, o presidente Washington Luís foi deposto pelos militares para que Getúlio Vargas iniciasse 15 anos ininterruptos de governo. Washington Luís quando nos visitou, nove anos antes, se deslumbrou com a beleza de nossa terra, alcunhando-a de “Itapira, a linda”.
Em 1945, 51 países fundaram a ONU. Alexander Fleming recebeu o Prêmio Nobel pelo descobrimento da penicilina que revolucionou a medicina e prolongou a vida humana em dez anos. Fleming abriu mão da patente, preferiu ver o medicamento tratando as infecções, em difusão. No início, a penicilina não empolgou o mundo científico.
Será que tais acontecimentos, ocorridos num dia 24 de outubro, podem sugerir influências no nosso cotidiano? No primeiro grupo percebe-se a presença do autoritarismo e das propostas que se apresentam atraentes, mas que não resistem ao tempo. Realça, também, que erros e exageros podem ser fatais. No segundo, a união é a marca registrada que não deixou que rolasse, até agora, uma terceira guerra mundial. Destacou o coletivismo e o desapego em nome de uma boa causa. Enquanto um mostra um mundo desassossegado, o outro aponta para um futuro promissor.
E o que Itapira pode esperar do futuro? As forças políticas que gravitam em torno “do bem da cidade”, situação e oposição, talvez se identifiquem com esses dois grupos históricos. A oposição, de antanho aos dias de hoje, parece ter dificuldade para se desprender do passado. Mantém estratégias e formatos, mesmo sabendo que são infestas. Optam pela depreciação alheia, sem oferecer projetos alternativos consistentes. Divididos entre si, preferem apostar nos desacertos. A situação que opera o município há duzentos e noventa e sete dias, atacou, nesse curto período, a saúde, educação, treinamento profissional, geração de empregos, habitação, cultura, manutenção em geral e revitalizações, promoção social, meio ambiente... O povo percebe os esforços cotidianos, a busca por recursos, o desejo de fazer a coisa certa, a vontade de trabalhar...
Mas o prefeito não está só. Tem um reforço de peso. Um político que está na estrada há 37 anos sem cair da moda. É respeitado por políticos de todos os matizes e empresários da mais alta corte. Quem tem padrinho, não morre pagão!
Itapira, na altura dos seus 193 anos de vida, já sabe o que é melhor para si. Aprendeu com a experiência e com a democracia. Aos interessados que mostrem mais do que palavras, com ação, comprometimento, sensibilidade, disposição e responsabilidade.
Jacomo Mandato morreu dizendo que Itapira não foi fundada num dia 24 de outubro, mas como todo homem inteligente, respeitava a vontade da maioria.
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