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04/11/2012 | Nino Marcati: Socorro... Meu celular sumiu!

 Dizem que estamos próximos do fim do mundo. Não acredito. Acho que vai demorar pelos menos cinco bilhões de anos para isso acontecer. Além dos prenúncios religiosos catastróficos, parece que a humanidade, por conta da tecnologia e da revolução dos costumes, vive, constantemente, a prévia do apocalipse.

Indícios não faltam. Peguemos um deles: o uso do celular, hoje intimamente ligado à rede de alcance mundial, tem pessoas que não querem qualquer relação com essa geringonça. Por outro lado, crianças, adolescentes, jovens e adultos são fissurados por esse instrumento de comunicação. Há quem diga que o celular seria o bezerro de ouro dos tempos modernos.

A revista "Time" entrevistou cinco mil consumidores de tecnologia móvel no Brasil, nos EUA, na China, na Índia, na Indonésia, na Coreia do Sul, no Reino Unido e na África do Sul, recentemente, e constatou que 79% das pessoas ouvidas têm dificuldades para viver sem o celular. Na China e na Indonésia, esse número chega aos 90%. Entre os brasileiros, 35% consultam o celular a cada dez minutos ou menos e 74% dormem com ele na cabeceira. Um comportamento considerado, pela maioria, como absolutamente normal. Será? 

O medo de ficar longe do celular já recebeu a classificação de "nomofobia", uma dependência patológica que pode produzir alteração da respiração, angústia, ansiedade e nervosismo.

Anna Lucia Spear King, doutora em saúde mental e pesquisadora do Laboratório de Pânico e Respiração da UFRJ, comparou pessoas consideradas sadias com pacientes de síndrome do pânico. Entre os "saudáveis", 34% afirmaram experimentar alto grau de ansiedade sem o telefone e 54% disseram ter "pavor" de passar mal na rua e não ter o celular.

Nas famílias brasileiras, enquanto alguns pais demonstram grande preocupação com o uso excessivo dos aparelhos móveis pelos filhos, outros são ferrenhos defensores e lhes atribuem alto grau de direito quanto à utilização. Ai de quem questionar se os seus filhos devem ou não usá-los fora de casa, inclusive, nas escolas, durante as aulas, a qualquer momento.

A pesquisa demostrou que o Brasil é o país mais liberal quanto ao acesso dos adolescentes à tecnologia móvel. Enquanto a média mundial aponta 13 anos para que uma criança tenha o seu aparelho, no Brasil a idade mínima indicada foi de 11 anos. O IBGE, oficialmente, publicou no final do mês passado um relatório que aponta que entre 2009 e 2011 o número de usuários com mais de dez anos ou mais aumentou em 23%. A faixa de 10 a 14 anos lidera a estatística com 12,6% e na de 15 a 17, o aumento foi de 15,7%.

Os números parecem assustadores e continuam crescendo. Mas será que podemos classificar esses exageros como prenúncio do fim do mundo? Nem tanto. É chegada a hora de adoção de medidas de acomodação racional ao uso do aparelho. Lembremo-nos que a humanidade sempre reagiu assustadoramente às novidades importantes. Só nunca teve tanta tecnologia para fazer esse barulho. Vai passar! 

Fonte: Nino Marcati

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