Num tempo em que somos bombardeados por más notícias, todos os dias, quase todas as horas, é bom saber que este país também produz coisas boas de ver, de ouvir, de ler e de escrever. Às vezes acho exagerada a forma como alguns meios de comunicação mostram satisfação ao potencializar as más notícias, levando, conscientemente ou não, a população ao pessimismo exacerbado. Confunde-se o direito de informar, com o espirito de aterrorizar. Pouca gente sabe disso, mas o gosto pelo terror é uma das principais características dos ditadores sanguinários, aqueles que usam a prática terrorista para controlar a massa. Desconfio que muitos órgãos noticiosos, na ânsia de vender o seu peixe, o faz à custa da geração de infelicidades. Seria muito triste, se essa desconfiança viesse a ser confirmada, um dia. Mas isso é conversa para outra oportunidade.
Os cientistas da Unesp da cidade de Rio Claro associados à uma universidade inglesa descobriram que a vespa - que só tem no Brasil - a Polybia paulista, carrega uma poderosa toxina que mata células de câncer, sem danificar as células saudáveis. Essa toxina abre buracos e destroem, exclusivamente, as células cancerosas.
O resultado dessa pesquisa foi publicado, nesta semana, na prestigiada revista científica Biophysical Journal, cuja conclusão é a possibilidade de serem criadas drogas inéditas contra o câncer. A toxina, conhecida como MP1, tem a propriedade de não afetar as células normais, interagindo com as moléculas de gordura distribuídas de forma anômala apenas na superfície das células cancerosas. Ao abrir o buraco nas células doentes, as moléculas como RNA e proteínas, essenciais para o bom funcionamento, escampam, e essas células acabam destruídas.
Os tratamentos atuais buscam exatamente essa técnica: destruir os tumores. O grande problema é que eles atingem as células normais e aguçam os efeitos colaterais. A descoberta poderá levar ao desenvolvimento de novas drogas antitumorais, que associadas às drogas já existentes, as ações de combate poderão ganhar mais eficiência, com menor sofrimento aos portadores da doença. Testes nas células doentes de próstata, de bexiga e de leucemias inibiram o crescimento dos respectivos tumores.
Os testes foram realizados em membranas-modelo aplicando inúmeras técnicas biofísicas e de imageamento para caracterizar os efeitos destrutivos da MP1.
Os estudos futuros deverão ser canalizados para outros tipos de tumores, mais tarde as experiências chegarão aos animais de laboratório e serão finalizadas nos seres humanos.
É muito cedo para dizer que o câncer está em vias de ser totalmente curável, deixando de ser uma grande preocupação humana. Hoje, o diagnóstico de câncer não é mais uma sentença de morte, como dez ou vinte anos atrás. Continua sendo a segunda causa de mortes no mundo, perdendo apenas para os problemas ligados ao coração. A detecção do câncer, o mais rapidamente possível, já sinônimo de cura. Quem sabe, graças à vespa brasileira, as curas sejam mais eficientes e menos sofridas. Oxalá!
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