Esse esporte olímpico, quase desconhecido dos brasileiros, lembra o tênis, usa peteca no lugar da bola. Chegou ao Reino Unido através dos veteranos que participaram da invasão da Índia no século XVIII. Foi batizado com o nome da cidade de Badminton onde lá, as regras foram estabelecidas, o tamanho da quadra fixado e o sistema de contagem de pontos definido. Tudo no mais perfeito estilo inglês.
Os amantes desse esporte, presentes na 30ª Edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, programaram conhecer Badminton, que dista duas horas de Londres. Para surpresa deles, naquele berço não se joga badminton. Nem quadra lá tem. A única que existia, pegou fogo a oito anos e ninguém fez nada para reconstruí-la. Nem mesmo informações os turistas recebem. Voltam para a capital londrina, decepcionados.
O badminton integra as olimpíadas desde 1992 (Barcelona). É praticado em mais de 160 países, com a organização sistemática de torneios internacionais, inclusive nos Jogos Pan-americanos. Hoje, é o segundo esporte mais praticado no mundo. Só perde para o futebol.
O que levaria uma cidade que deu nome a um esporte difuso em todo mundo renegar tal herança?
A área onde o badminton nasceu pertence ao ducado de Beaufort. Um nobre que manda na cidade de Badminton. O título de Duque é hereditário. Um novo membro só o recebe com a morte do antecessor. O ocupante do título no final do século XIX foi um incentivador das raquetes e petecas. Já seu sucessor em meados do século XX era um fanático da equitação e transformou seu palácio e propriedade nobiliária em centro esportivo dos equinos. O badminton foi esquecido.
No Brasil, hoje menos do que ontem, é comum aos novos governantes renegarem o trabalho dos seus antecessores, impondo suas iniciativas, destruindo tradições e até os planejamentos de longo prazo, alterando o futuro das comunidades. Mergulhando o seu povo no emaranhado de incertezas, medos e atrasos.
Ao considerarmos o governo novotempista, neste apagar das luzes, não podemos dizer que cem por cento do seu feito é reprovável. Mas podemos concluir que nem todas as mudanças praticadas por eles atingiram os objetivos esperados pela população. Estes últimos dias, por exemplo, mostrou-se a total inconsistência da política industrial itapirense ao apresentar à população o fantasma do desemprego. É hora de perguntar: por que não foi mantida ou aprimorada a política industrial anterior?
O ducado de Beaufort pode até ter cometido um crime contra o povo de Badminton ao não preservar a história do esporte que lá nasceu. Como donos, os gostos dos duques podem prevalecer sobre os desejos dos moradores. Mas um prefeito, eleito pelo povo, não pode se colocar acima dos interesses dos cidadãos.
Que os candidatos às eleições deste ano não queiram ignorar o badminton.
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