A polícia brasileira continua não sendo flor que se cheire. Fama construída ao longo dos tempos, agravada nos últimos trinta anos. Mas há mudanças no front. Variantes que vão além da melhoria nos serviços. Podemos observar, por exemplo, que a seleção do pessoal é mais apropriada, o treinamento mais eficiente, o aparelhamento mais atualizado, as diligências mais inteligentes e cooperação constante entre os agentes de segurança.
Do outro lado, é visível a população manifestando confiança crescente nos serviços públicos de segurança. Denunciando e auxiliando na solução de casos, principalmente, no combate à distribuição de entorpecentes. Tornam, pelo menos, a vida dos pequenos traficantes, um pouco mais difícil. Quase que diariamente denúncias aportam nos sistemas de comunicação da Polícia Militar e da Guarda Municipal. Basta reparar no noticiário policial.
Mais importante do que a detenção, apreensão ou o simples indiciamento é a reação favorável aos assuntos de interesse da comunidade. É exercício de cidadania. Um processo de estabelecimento da relação de confiança entre cidadão e policia. O denunciante começa a sentir que suas informações são respeitadas e providenciadas, sem o risco de molestamento indevido.
Certamente, assim como continuam existindo policiais desonestos ou pouco afeiçoados ao trabalho, existem cidadãos que acobertam bandidos ou passam trotes, ora congestionando o sistema, desnecessariamente, ora levando o agente policial a deslocamentos improdutivos. São fatores inerentes à evolução de um povo.
É motivo de rejúbilo ver nosso povo, aos trancos e barrancos, evoluindo a despeito das lideranças políticas retrógradas. A cada dia que passa se vê mais pessoas valorizando o trabalho e a educação. Se indignando com as roubalheiras. Dando uma banana para os políticos falastrões e incompetentes.
Mas sociedade não evolui por fragmentos. A melhora da polícia não é por conta da vontade discursada dos governantes, mas pela vazão total ou parcial das instituições ao processo de organização social. Ter policiais melhores é resultado de um extrato qualificado de um povo mais evoluído. Algo como retirar dez tomates aleatoriamente de uma caixa e perceber que a maioria é boa, donde se depreende que a caixa continha grande quantidade de tomates com qualidade.
O mesmo raciocínio pode ser estendido a outros setores da sociedade. Enquanto nos aprimoramos em conhecimento, valorizamos os conceitos éticos e ampliamos a cidadania, melhores serão os resultados na distribuição comunitária.
Falta muito para nos considerarmos um povo desenvolvido, participativo e consciente dos nossos direitos e deveres. Mas, hoje, essa perspectiva não é mais uma utopia.