Desde segunda-feira passada os motoristas que foram abastecer seus veículos tiveram uma desagradável surpresa. O preço dos combustíveis, que já havia subido no final do ano passado, voltou a apresentar alta, desta feita por causa da incidência de alguns tributos que o governo federal havia suspendido temporariamente no começo da gestão do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) e que foram reativados neste começo de ano.
Com efeito, o preço da gasolina no município ultrapassou, na maioria dos postos, a marca de R$ 3 o litro. O álcool continua sendo vendido em média R$ 1 a menos e para quem tem carro com motoração flexível, ou movido exclusivamente com este tipo de combustível, a conta passou a ser favorável, ou seja, fica mais vantajoso encher o tanque já que ele precisa custar pelo menos 70% do valor da gasolina para valer a pena.
Em Itapira consumidores e donos de postos reclamaram bastante. “Se você aumenta o valor do combustível, vai vender menos, isso é óbvio”, disse um representante do Auto Posto Jaguar. Ainda segundo ele, o aumento no óleo diesel, vendido em média a R$ 2,70 na cidade, é o que mais contribui para o aumento da inflação. “Nosso transporte é quase todo feito por caminhão. O preço ficou insuportável”, opinou.
O aposentado João Bueno, dono de um VW Gol 1985, movido a álcool, disse que o preço ainda não o assusta. “Tá num patamar que dá para pagar. Também se fosse a gasolina eu não iria passar aperto”, comentou. Por outro lado, se disse satisfeito porque segundo ele seu automóvel é muito econômico. “É claro que a gente fica contente pagando menos”, deduziu.
O estudante universitário Luiz Eduardo Leonello, 26, tem carro flex e disse que está abastecendo com álcool há alguns meses. “Enquanto for compensatório continuarei abastecendo com o etanol”, frisou. Ele acha que quem tem carro movido a gasolina terá mais problemas. “Principalmente quem roda bastante terá um impacto em suas contas”, acredita.
A dona de casa Fabiana Begin, moradora no Cubatão, é proprietária de um carro movido a gasolina e se queixou bastante. “Que que eu posso fazer? Tenho que rodar”, conformou-se. Ela disse ainda que tem evitado abastecer em postos com bandeira BR (da rede da Petrobrás), segundo alegou para não ajudar a encher o bolso dos corruptos. Aparentando consciência do agravamento da situação econômica do país, a dona de casa afirmou que não se ilude com a atual situação. “Não adianta ficar falando mal da Dilma porque se o ganhador da eleição tivesse sido o Aécio, ele estaria tomando as mesmas medidas”, apontou.
Ponta cabeça
Um experiente empresário do setor de combustíveis disse que mercado está de ‘ponta cabeça’. Ele criticou a iniciativa do governo dizendo que se trata de medidas que visam recapitalizar a Petrobrás. “ O governo espertamente coloca o preço dos combustíveis num patamar absolutamente irreal para irrigar o caixa da Petrobrás, vilipendiado por sucessivas manobras de corrupção. A sociedade é que está pagando pelo rombo. Trata-se de uma política que pode ter como efeito colateral mais imediato o aumento dos índices de inflação. O governo está brincando com fogo. Imaginar que esta onda de aumentos será absorvida de forma tranquila pelo setor produtivo é burrice. Ninguém vai querer arcar com o prejuízo e o aumento que isso vai gerar nos custos de produção será repassado integralmente para o consumidor final. Ninguém vai querer ficar com o prejuízo. Em outras palavras, o governo está estimulando aquele vale-tudo que fez o país descambar para a hiper-inflação de triste memória há 30 anos”, enxerga.
Outro alerta que fez foi com relação a atuação de especuladores. “Em um cenário de preços mais altos, é comum aparecerem empresários inescrupulosos acenando com preços irreais. No Brasil o combustível praticamente tem preço tabelado. Ninguém faz milagres. Quem oferece combustível a preços muito diferente dos demais, ou está sonegando impostos ou está adulterando a qualidade. É preciso ficar atento”, recomendou.
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