O dia 11 de agosto é consagrado àqueles profissionais cujo principal atributo é bem atender a enorme legião de pessoas que não abre mão da frequência em boas lanchonetes, restaurantes e barzinhos da vida. A profissão de garçon é tão especial que a música Saideira, do grupo mineiro Skank, que ficou várias semanas entre as mais tocadas em emissoras de rádio de todo o país, reverenciou esses profissionais de uma forma bem humorada, listando algumas das formas com as quais o público em geral utiliza para chamar a atenção dos garçons: “Comandante! Capitão! Tio! Brother! Camarada ! Chefia! Amigão! Desce mais uma rodada”.
Itapira sempre foi célebre por dispor de garçons que se tornavam verdadeiros amigos da clientela. Alguns deles acabaram incorporando a profissão ao nome, como é o caso do famoso Ézio Longo, o popular Ezinho Garçon, que há pelo menos 20 anos trocou de lado e toca seu próprio negócio, o Restaurante Nova Era.
O garçon mais antigo em atividade no município atende pelo nome de Vando. Na verdade, Oswando Vido Alves, de 72 anos, e que, atualmente, presta serviço para o restaurante Jhovane, no Parque Juca Mulato. Vando disse que já tem 35 anos de profissão. Quando era mais moço trabalhou no setor de papelão e um problema no nervo ciático lhe motivou a enfrentar a rotina de bares e restaurantes. “Aprendi sozinho, observando outros colegas”, revelou. O primeiro emprego foi em um antigo estabelecimento que existia na rua José Bonifácio, a Renato’s Pizzaria. Depois passou pelo Sekisabe; Restaurante Topan, Donatti Lanches, Restaurante do Parque - para onde voltou -no começo deste ano - e Pizzaria La Bhoêmia.
Na família, Vando tinha o exemplo do irmão Adelino, que é garçon em Águas de Lindóia. O filho Anderson, com 36 anos, trabalhava também no setor industrial e de repente decidiu se mirar no pai e passou a ser garçon, depois de concluir um curso no SENAC. Hoje trabalha em Serra Negra e segundo o pai vai se virando muito bem.
Vando observa que a profissão de garçon vai aos poucos sendo relegada a um segundo plano. “Você pode observar que existem muitos estabelecimentos querendo contratar garçon e não encontra”, observa.
Ele diz que as principais virtudes que um profissional da área tem que possuir são muita paciência, atenção redobrada e senso de organização. Questionado se em sua idade o fato de ter que trabalhar muito tempo em pé não lhe acarreta problemas, diz que não. “É claro que se a pessoa não puder trabalhar muito tempo em pé, não pode ser garçon. Mas acho que a mente lúcida é imprescindível para se dar bem na profissão”, arrisca.
Realizado
Além do filho que seguiu sua profissão, Vando tem ainda Elizabeth, que é enfermeira padrão, e Maria da Penha, que é administradora de empresas, que ajudou a se formarem. “Posso dizer que sou uma pessoa realizada neste aspecto, porque com meu trabalho, ajudei a dar estudo para meus filhos”, diz. Vando é casado com Natalina, mãe de seus filhos, há 48 anos. Perguntado por quanto tempo ainda espera exercer a profissão - já tem aposentadoria do INSS - , ele diz que enquanto Deus lhe der saúde, vai tocando a vida.
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