Na manhã da última quinta-feira, 09, a direção da Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que passou a gerir interesses da Santa Casa de Misericórdia de Itapira desde o início do ano, fez a apresentação formal de duas colaboradoras que estão atuando junto ao hospital há cerca de 45 dias, a enfermeira Helen Reinhart Camargo e Silmara Ferraz Santana, a nova administradora, que veio substituir o médico infectologista Christian Campos, que se afastou do cargo por incompatibilidade com afazeres que tem em São Paulo. Ambas se conhecem da cidade de Rio Claro, onde são radicadas.
Silmara é natural de Itu e formada em farmacêutica-bioquímica, com formação em administração hospitalar com experiência em trabalho nas Santas Casas de Rio Claro, São José dos Campos e Limeira. Cuidou de sua apresentação o administrador deempresas Carlos Mario StevanattoMarangão, presidente da Oscip que leva o nome da saudosa religiosa Irmã Angélica Maria.
Ambos esclareceram diversos pontos relacionados ao processo de saneamento financeiro da entidade. Segundo Silmara, apesar da existência ainda de muitos problemas financeiros que precisam ser equacionados, ela detecta que o problema da instituição é de gestão. “Temos meios e precisamos melhorar a gestão da Santa Casa. Esta é a prioridade, gerar receitas”, afirmou.
Depois da entrevista Marangão, Helen e Silmara levaram os jornalistas para verem de perto o resultado prático de algumas medidas que melhor equiparam o setor de maternidade, com o investimento em mobília nova, o setor de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), que funciona com sete leitos, dois dos quais, destinados a necessidades do município) e até na lavanderia, que recebeu reformas de grande monta.
1. 1.ASSOCIAÇÃO IRMÃ ANGÉLICA DE PROMOÇÃO E ASSISTÊNCIA A SAÚDE – O QUE É?
Esta Associação de direito privado, sem fins lucrativos e econômicos, mais conhecida como “OSCIP Irmã Angélica”, na verdade, trata de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, fundada em Itapira, com base na Lei Federal Nº 9.790/99. Resumidamente, esta Lei estimula o crescimento do Terceiro Setor, fortalecendo a parceria entre Sociedade Civil e o Estado, o que significa investir no Capital Social.
Observação: O que é Terceiro Setor:
Terceiro setor é formado por associações e entidades sem fins lucrativos, e é classificado como terceiro setor, em sociologia. O termo é de origem americana, Third Sector, muito utilizado nos Estados Unidos, e o Brasil utiliza a mesma classificação.
A sociedade civil é dividida em três setores, primeiro, segundo e terceiro. O primeiro setor é formado pelo Governo, o segundo setor é formado pelas empresas privadas, e o terceiro setor são as associações sem fins lucrativos. O terceiro setor contribui para chegar a locais onde o Estado não conseguiu chegar, fazendo ações solidárias, portanto possui um papel fundamental na sociedade.
Existem várias organizações que fazem parte do terceiro setor, como as ONGs (Organizações Não Governamentais) e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). O terceiro setor é composto quase que, em sua totalidade, de mão-de-obra voluntária, pessoas que trabalham e não recebem remuneração para isso.
O terceiro setor é mantido com iniciativas privadas e até mesmo incentivos do Governo, com repasse de verbas públicas. As entidade do terceiro setor têm como objetivo principal melhorar qualidade de vida dos necessitados, sejam ele crianças, adultos, animais, meio ambiente, e etc.
As fundações, associações, instituições do terceiro setor estão muitas vezes envolvidas com obras de filantropia. É importante referir que as empresas que têm responsabilidade social também podem contribuir para uma sociedade mais equilibrada e justa.
Terceiro setor e serviço social
O terceiro setor está intimamente relacionado com a área de serviço social, sendo que muitas vezes os assistentes sociais desempenham um papel fundamental na atuação dos elementos do terceiro setor na sociedade. Assim, é possível afirmar que o terceiro setor é responsável pelo desenvolvimento social.
Objetivamente, a OSCIP Irmã Angélica tem por finalidades gerais a promoção gratuita da saúde e a participação em outras atividades do interesse público. Assim, por exemplo, propõe a prestar serviços de consultoria às instituições, de gerenciamento e administração hospitalar, desenvolver atividades essenciais à saúde, dentre um rol de outras finalidades e propostas.
Pela Ata da Assembleia Geral de Fundação, realizada em 28.01.2014, os membros fundadores aprovaram os Estatutos, elegeram e deram posse à sua primeira Diretoria e Conselho Fiscal, com mandatos até 27.01.2017, assim constituídos:
Conselho Diretor:
•Presidente: Carlos Mário Stevanatto Marangão
•Vice Presidente: Marco Aurélio Rotoly
•Diretor Secretário: Francisco Carlos Rosário
•Vice Diretor Secretário: Camilo César Galizoni Bertini
•Diretor Financeiro: Claudio Aparecido Samogin
•Vice Diretor Financeiro: Vladislav Siqueira
•Diretor Médico: Dr. Newton Santana
•Vice Diretor Médico: Dr. Mosasi Mituzaki
Conselho Fiscal:
•Dr. Cândido Lourenço Candreva
•Carlos Alberto Santori
•Hélio Citrângulo
•Milton César Olympio
•Dr. Sérgio Augusto Fochesato
Ainda fazem parte como membros fundadores da OSCIP Irmã Angélica o Pde. Marcos Paulo Messias Rodrigues a Irm. Walda Peretta (Irm. Odila) e as Sras. Empresárias Maria Ângela Brait Silva e Carmen Ruete de Oliveira.
Registra-se que a OSCIP, atualmente, está contando também com o apoio técnico operacional do Dr. João Carlos de Oliveira, como Diretor Técnico Hospitalar.
2.ATUAÇÃO DA OSCIP IRMÃ ANGÉLICA NA SANTA CASA
A OSCIP Irmã Angélica, uma vez legalmente constituída e regulamentada, oficializou um Contrato de Prestação de Serviços com a Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Itapira, em 09.06.2014, tendo como objeto operacionalizar e gerenciar a administração hospitalar das atividades e serviços de saúde da Santa Casa, contrato este que vigorará pelo prazo de 3 (três) anos, podendo ser renovado por igual período.
Na verdade, desde janeiro/2014, a OSCIP Irmã Angélica já estava atuando na gestão administrativa da Santa Casa através do Administrador – Dr. Christian Leonardo Ferreira Campos, 43, médico infectologista e funcionário concursado do Hospital Emílio Ribas de São Paulo que, por motivos de compatibilização de seus plantões naquele hospital, foi obrigado a declinar de suas funções. O Dr. Christian foi o precursor da transição administrativa na Santa Casa local, dando início a um novo processo de profissionalização da gestão deste hospital. Deu um passo importante que foi a reativação da UTI, fechada desde abril de 2013, hoje em plena operação.
Em substituição, uma nova Administradora foi contratada pela OSCIP Irmã Angélica. Trata-se da atual administradora – Silmara Ferraz Sant’Ana, ,competente profissional de longa e abalizada experiência na administração de outras instituições similares.
A OSCIP também acaba de contratar uma Gerente de Enfermagem, Srta. Helen Reinhart, 44, profissional com larga experiência nesta área, que será responsável pela liderança das equipes de enfermagem do hospital, dentre outras atribuições, inclusive, treinamentos internos e externos, como palestras em empresas locais sobre cuidados preventivos com a saúde.
3.DESAFIOS DA NOVA GESTÃO DA SANTA CASA
•Prestar serviços de saúde com qualidade aos usuários ao oferecer assistência hospitalar de média complexidade, até alta complexidade na área de terapia intensiva adulta; exames de média e alta complexidade; cirurgias eletivas de urgência e ambulatoriais, de pacientes particulares, convênios médicos parceiros da Santa Casa e conveniados com a Secretaria Municipal de Saúde de Itapira (SUS);
•A visão de futuro da Santa Casa objetiva consolidar em Itapira um modelo de gestão hospitalar inovador e pioneiro, tornando-se referencial de excelência na sustentabilidade e na prestação de serviços de saúde humanizado na micro região da Baixa Mogiana e da DRS-XIV, consolidando a eficiência no atendimento hospitalar de qualidade com sustentabilidade;
•Buscar a sustentabilidade econômica e financeira, através de parcerias estratégicas com investidores, doadores de recursos, aquisição ou comodato de equipamentos com inovação em processos e tecnológica, aproveitamento de políticas governamentais para o setor, linhas de crédito de baixo custo, afastando sobretudo o risco de iliquidez ou insolvência, consequentemente reduzindo o grau de endividamento com bancos e terceiros;
4.PRINCIPAIS PROJETOS EM ANDAMENTO E/OU CONCLUÍDOS
•Mapeamento e reestruturação de todos os processos operacionais, definindo e elaborando Procedimentos Internos compreensíveis e Padronizados, projeto este já iniciado pela Recepção, com o apoio voluntário de gestores das empresas Penha e Cristalia;
•Programa de limpeza, saneamento e organização das áreas externas, já executados e ora em acompanhamento e permanente;
•Melhoria e adequação relativas à Liderança, Transformação da Cultura e Governança da Santa Casa;
•Negociação para ampliação de Convênios Médicos Hospitalares, ampliando o mercado de usuários e otimizando a estrutura e a capacidade instalada do hospital (em andamento);
•Planejamento Estratégico para os próximos 3 (três) anos, em andamento;
•Reforma total da Lavanderia, das respectivas instalações elétricas e troca de máquinas mais eficientes e produtivas, em fase final de execução;
•Processo de treinamento e reciclagem de todos os colaboradores objetivando a eficiência e a melhoria da qualidade humanística no atendimento e encaminhamento de pacientes;
•Aumento da área útil e melhoria no atendimento do Pronto Socorro, buscando atender aos novos patamares de demanda;
•Renegociação de Dívidas vencidas com Fornecedores de Suprimentos, 50% delas já quitadas;
•Idem, com Prestadores de Serviços já integralmente quitadas;
•Idem, com Bancos a vencer, re escalonadas a partir de 2015;
•Certificação com o Ministério da Saúde (CEBAS) já regularizado;
•Salários dos colaboradores em dia. Renegociação e/ou resolução de pendências trabalhistas já parcialmente regularizados;
•Estudos e projetos para investimentos na nova recepção, renegociação de contratos com terceirizados, implantação de novas especialidades médicas; na contratação de um médico neuro cirurgião, e um otorrino, na recuperação da hotelaria e aquisição de novos equipamentos para os quartos e apartamentos;
•Obras em apartamentos e suítes da maternidade, já em andamento, com novos berços recebidos como doação;
•Reuniões Semanais de Grupo executivo de Trabalho e reuniões mensais da OSCIP Irmã Angélica para definição e aprovação, em decisões colegiadas, de projetos e benefícios para o hospital;
•Restabelecer a confiança da sociedade em um hospital que passou por sérias dificuldades financeiras, com transparência (vide painel hospitalar), responsabilidade social e humanitária, pesquisa permanente da satisfação de seus clientes e usuários, desde os planos de saúde conveniados até os atendimentos através da gratuidade e filantropia;
•Adoção de políticas ambientais sustentáveis, dentre outros projetos.
5.RELACIONAMENTO COM A SOCIEDADE, ÓRGÃOS PÚBLICOS E CORPO CLÍNICO
A nova gestão tem buscado um alto grau de entendimentos, propondo parcerias, aprimorando a transparência e a prestação de contas à sociedade, buscando o engajamento de colaboradores e do corpo clínico, pleiteando o apoio na cogestão hospitalar,almejando sempre o entrosamento e a busca incessante do bom e saudável relacionamento, em benefício dos interesses recíprocos e da própria Sociedade Itapirense.
PALAVRAS DO PRESIDENTE DA OSCIP IRMÃ ANGÉLICA
Preliminarmente, impende colocar que esta oportunidade de manter contato e prestar contas à sociedade itapirense, sobre os rumos da gestão hospitalar da nossa Santa Casa de Misericórdia, através da Imprensa local, é muito bem vinda, bastante conveniente e salutar aos propósitos da OSCIP Irmã Angélica. Comungam desta intenção seus diretores e demais membros fundadores desta OSCIP, bem como os apoiadores, a atual Mesa Administrativa e Provedoria desta conceituada e centenária instituição, que é a Santa Casa de Itapira.
Não obstante os percalços administrativos e crises financeiras, peculiares às Instituições filantrópicas no Brasil devido, sobretudo, a habitual exiguidade de recursos financeiros, materiais e humanos, a complexidade operacional, aliada aos altos custos inflacionados da saúde, agravado ainda pela falta de correção monetária da tabela de remuneração SUS, etc, a preservação destas instituições filantrópicas tem sido a preocupação constante de muitas sociedades civis de interesse público, apoiadas na maioria das vezes, por empresas dotadas de políticas coerentes de responsabilidade social.
Muitos defendem que a “ Saúde não é negócio”, porém a saúde financeira é a base de qualquer organização que queira, sobreviver, se sustentar e cumprir a sua missão. Nesse sentido, empresas, bancos e Santas Casas possuem o mesmo risco: de “quebrarem” pelo caixa, pela falta de recursos financeiros e suas consequências inevitáveis: inadimplemento fiscal previdenciário, do pagamento de salários, com fornecedores, prestadores de serviços, de empréstimos bancários, etc.
Certo é que a filantropia não objetiva o Lucro, mas somente os recursos financeiros pagam Materiais e Medicamentos, honorários médicos, garantindo a sustentabilidade dessas instituições e, quando remotos superávits financeiros ocorrem, necessitam e devem ser aplicados na própria operação.
Por outro lado, a competente gestão financeira , administrativa e operacional de um hospital privado ou público, pode se constituir num diferencial de sua preservação e crescimento. Mas não é tudo.
Foi citado, certa vez, pelo ex ministro da Saúde, Dr. Adib Jatene, que os “quatro cavaleiros do apocalipse” na saúde, no Brasil, são: falta de financiamento; falta de gestores qualificados; falta de informações confiáveis do setor e politização muito forte. Entendemos, que esta última razão reporta, por exemplo, à municipalização da Saúde e não à sua regionalização, considerando que cerca de 80% dos municípios brasileiros são de pequeno porte com população inferior a 30.000 habitantes, portanto, não possuem estrutura e recursos mínimos para atender a sua população no tocante à saúde pública.
Ademais, segundo um estudo do BNDES, sobre os Hospitais Filantrópicos, apontou que a maior parte deles apresenta uma gestão incipiente.
Por estes motivos, acima elencados, a OSCIP Irmã Angélica está investido fortemente na qualidade e competência da gestão hospitalar. Os desafios são intensos e imensos. Desafios importantes são também a ética, gestão ambiental, humanização e responsabilidade social.
Por derradeiro, citando o administrador austríaco Peter Ferdinand Ducker, “não há atividade mais complexa que a gestão de um hospital”. O Administrador hospitalar tem que ter paixão pelo seu trabalho, pois a atividade da saúde exige uma dedicação total e desafios diários que envolvem além da falta de recursos para o enfrentamento de tais desafios gerenciais, diversos outros problemas, principalmente no tocante à gestão de pessoas que, é o maior desafio enfrentado pelo executivo da saúde. De fato, o custo de RH de um hospital, com todos os colaboradores, incluindo os médicos, corresponde a mais de 65% do custo de um hospital, atualmente.
Carlos M. S. Marangão, Presidente do atual Conselho Diretor