Em Estocolmo (Suécia), o Museu Vaza exibe um grande barco de madeira, a história daquele povo conta que a embarcação foi construída por um rei que prometia a seus súditos (e contribuintes), que esse investimento, traria progresso e riquezas para a comunidade.
Quando pronto, lançado ao mar, por um canal existente no lugar, ele navegou apenas 1.500 mts. e afundou.
Ficou no fundo do mar por 333 anos, foi resgatado e transformado em peça de museu.
Contam que o povo daquela época sofreu grande arrocho porque seu rei exigia altas contribuições para a referida construção e quando aconteceu tamanha decepção, ficaram muito abatidos.
Diziam que o rei havia se preocupado demais com a parte estética, com esculturas que adornavam todas as laterais, enorme carranca na proa, com a figura de um dragão que espantaria os pensamentos invejosos dos reinados vizinhos e os monstros marinhos, porém havia se descuidado da navegabilidade.
Ao olhar a embarcação se pode ver a riqueza estética daquele meio de transporte, mas navegar somente 1,5 Km, nem chegar à mar aberto, foi o cúmulo do descuido com a ESSÊNCIA em favor da estética.
Daí, fiquei pensando...............pensando..............Quantos de nós, humanos fazemos da nossa vida uma embarcação lindamente adornada sem atenção à nossa real função.
Quantos de nós estão interessados a construir uma embarcação (vida) segura, baseada no autoconhecimento e na prospecção de nossas potencialidades singulares (dons) .
Será que estamos agindo como o rei da história? Preocupados com a aparência em detrimento da essência?
Será que ao invés de trazermos expansão para nossa espécie, nos tornaremos peças de museu?
Dedico esse artigo aos amigos Rachel e Luís Paganin, que residem em Noirmont, Suiça, mas continuam tendo uma âncora amorosa com nossa terra e são os responsáveis por me acessarem a história acima, além de serem fiéis leitores desta coluna.
O autor é Psicanalista e possui Especializações em: Mitologias (CEFAS), Sonhos e Símbolos (SPAG), Ópera e Psicanálise (Unicamp), Transtornos Psicossomáticos (S.N.H), Neurociências e Psicanálise (Soc. sicanalítica de Campinas), Psicoterapia Psicanalítica de Grupo (CEFAS) e atualmente especializa-se em: Intervenção Psicanalítica nas Instituições.
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