Um dia uma profissional me disse :
“ Você é o homem mais “feminino” que conheço”.
Fiquei à pensar sobre o que ela disse e logicamente não lhe pedi que se explicasse, mantive-me no meu costumeiro silêncio, digerindo o que havia sido dito.
Considerando as contingências em que aquilo havia acontecido, conclui que a intenção dela era uma metáfora ao Mito do Andrógino, onde nós seres humanos, todos, sem exceção, somos machos e fêmeas, masculinos e femininos ao mesmo tempo.
Nossa parte feminina, dentre tantos atributos está relacionada à arte de “OUVIR”, “acolher”, deixar que o outro, através de sua fala, se sinta, respeitosamente recebido por nossos ouvidos e coração.
Ouvir em silêncio, na neutralidade, sem memórias e desejos sem contra argumentar ou defender ideias à respeito do assunto, mas simplesmente ter uma “ESCUTA ACOLHEDORA ”, mostrando-se presente no ato.
Conheço pessoas, algumas até já não são mais adolescentes e possuem “ouvidos virgens”, nunca foram penetrados, consequentemente nunca ficaram “grávidos de ideias” vindo de outra cabeça.
Ouvir está mais relacionado à parte feminina do ser, enquanto que a fala está para o lado masculino.
Falar também é uma ARTE, no qual o artista, partindo do profundo silêncio, consciente do conteúdo e do tom de sua manifestação, pode fazer o outro se sentir reconhecido, respeitado, sobretudo por aqueles que são representantes da arte de “sentir” o que o próximo diz e o que ele não consegue dizer.
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