Estava lendo. Ouvindo: O tenor perdido: O violoncelo Piccolo (Sesc) quando deparei com uma frase que me fez parar e pensar sobre ela:
“ O som é criado através da dualidade, duas coisas em conflito”.
“Garrei” pensar: Quanto disto é verdade?
Imaginei um violoncelo que produz som através do atrito entre duas coisas diferentes e separadas entre si: O arco e as cordas.
Qual delas produz o som?
Conseguiria um produzir som sem o outro?
Por que alguns sons são agradáveis, produzem deleite, relaxamento e outros, incômodo.
Transferi esse raciocínio para a VIDA, a qual é basicamente “relações humanas”.
Imaginei uma relação de 2 pessoas (uma arco e outra cordas); Como poderão elas juntas produzir um belo som?
Talvez possa ser o arco fazendo o seu “papel” e as cordas o “papel” delas.
Se o arco quiser fazer outro papel que não o seu, que tipo de som será produzido?
E se as cordas quiserem fazer outro “papel” que não o seu, que tipo de som será produzido?
Quem sabe o “som” sublime deva ocorrer no atrito dos dois papéis, cada um realizando o “seu” papel.
Pensemos juntos num casal, marido e mulher (arco e cordas);Como poderão produzir “JUNTOS” um harmonioso som?
Fantasiando que o som seja os filhos, as relações sociais, profissionais, etc... esse “som” somente poderá ser construtivo, amável, doce, relaxante se ele tiver sido fruto de um atrito entre as duas partes (marido e mulher ou arco e cordas) consciente cada um de “seu” papel na relação.
Tenho visto filhos (sons) “desafinados” , desencontrados, desmotivados..... Tenho visto arcos fazendo papel de cordas; Cordas fazendo papel de arcos, arcos friccionando com arcos, cordas com cordas, mas nas relações conjugais a diferença é que a importância não é em relação ao que são anatomicamente os envolvidos e sim como se “atritam” emocionalmente.
Quando cordas pensam que sabem o que é melhor para o arco e agem baseado nessa suposição, tentando até fazer o “papel” dos dois e vice-versa; Que tipo de som juntos produzirão?
Relações que produzem belos sons são baseadas em: Ouvir e aceitar o outro como ele é e não como um gostaria que o outro fosse.
Finalizo pensando:
E eu? Tenho sabido aceitar e ouvir? E nos meus “atritos” tenho produzido harmonioso som? Quem sabe está certa aquela máxima:
“A vida é uma escola”.........de música.
O autor, Prof. Dr. Antonio de Pádua Colosso é PSICANALISTA e possui Especializações em: Mitologias (CEFAS), Sonhos e Símbolos (SPAG), Ópera e Psicanálise (Unicamp), Transtornos Psicossomáticos (S.N.H), O Desenvolvimento da Existência - Winnicott (S.N.H), Neurociências e Psicanálise (Soc. Psicanalítica de Campinas), Psicoterapia Psicanalítica de Grupo (CEFAS), autor do Livro Lara e Leonora