Era um dia frio e chuvoso, fiquei horas na entrada da basílica de Santiago de Compostela vendo a chegada de peregrinos, pessoas que chegavam completando sua peregrinação, alguns sozinhos, chorando, cantando, outros em grupo, alguns “mortos de cansaço”, mas algo havia em comum entre todos: “ o brilho no olhar”, a satisfação interior de “dever cumprido”.
Grosso modo, exaustos fisicamente, mas preenchidos espiritualmente.
Me senti como um observador , alguém que assiste um espetáculo e gostaria muito de estar participando dele.
Ontem, li um artigo da jornalista Marina Bessa onde ela relata haver percorrido sozinha em 25 dias 729 km no caminho vindo da França e divide com seus leitores suas experiências dessa jornada, achei tão interessante que passo a relatar suas vivências.
“É uma jornada individual, pode iniciar onde e quando você desejar e tomar o tempo que você quiser.
1) Peregrinos são geralmente amáveis e participativos, compartilham, água, refeições, analgésicos, silêncio, etc.....
2) A gente se adapta sempre....., ao frio, ao calor, à comida, à cama, às pedras, ao asfalto quente.
3) A mente é que determina os limites.....(dai me lembrei da professora Ivana que dizia: “Cada um no seu limite “.
4) A beleza está por toda parte......, montanhas, riachos, pássaros, pessoas, basta estar “aberto” para ver.
5) As suas escolhas constroem o seu caminho....., fazem com que o seu caminho seja só “seu”.
6) Despedir-se faz parte da vida....,A gente conhece pessoas incríveis durante o percurso, compartilha momentos inesquecíveis, mas sempre chega a hora de dizer adeus, é preciso ter consciência disso para evitar o apego e desfrutar com intensidade cada momento que passa com elas, e quando chega a hora de despedir é preciso deixar claro o quanto elas foram importantes para o seu caminho, mas sua felicidade não pode depender de ninguém.
7) Você carrega o peso dos seus medos......, medo de ficar com fome, sede, resfriado faz a pessoa encher a mochila que vai ficando pesada de carregar.
8) Somos todos iguais.....Ali a gente se despe de qualquer vaidade, deixa o passado para trás, estamos todos resumidos à nossa essência.
9) O importante não é chegar, mas caminhar.......aproveitando cada dia do caminho, a chegada é inevitável mas ela pode gerar tristeza por representar o fim de todas as possibilidades ou ser compensada pela sensação plena de ter vivido intensamente.”
Querido leitor, você que acompanha meus artigos a tanto tempo, deve estar pensando:
Puxa! Até me parece que a peregrina estava: ANALISANDO a VIDA .