"Mesmo sem enxergar, há muita coisa para ser feita. O recomeço não foi fácil, como acontece com todos que passam pela deficiência visual ", conta Glauco Lauri, que ministrou palestra motivacional no último dia 10 de fevereiro na entidade Jovem em Ação para um grupo de 70 jovens aprendizes, na faixa etária de 15 e 16 anos.

A atividade constou do ciclo de encontros intitulado pelo funcionário da SEL-Itapira: "Enxergando com o coração - superação na vida, no esporte e no trabalho". Na palestra, Lauri falou por cerca de uma  hora e meia e procurou apresentar as muitas possibilidades para as pessoas com deficiência nos universos profissional e desportivo.
Aos 29 anos a vida deu uma reviravolta. Os microvasos da retina se romperam, devido ao diabetes, e o jornalista perdeu completamente a visão. "Foi um luto de se fechar em casa. Eu pensei que a vida tinha realmente acabado", lembra Lauri.
Hoje, reabilitado graças ao apoio de familiares, amigos verdadeiros  e da Cahek, Casa de Amigos Helen Keler, Lauri é usuário da bengala longa, de livros acessíveis, da Revista Veja Falada e de computador com os mais avançados programas para deficientes visuais.

"A ideia é abrir os olhos dos jovens para muitas realidades que estão  esquecidas, como por exemplo, valorizar amizades, as pequenas coisas da vida, mas sobretudo, visão, braços e pernas perfeitas", salienta Glauco, que esteve pela segunda vez na Jovem em Ação, repetindo a visita realizada em abril de 2010.

"A trajetória de vida de uma pessoa com deficiência é marcada por dificuldades, garra, abdicação, superação e muita persistência. Ao perder a visão, tive que reaprender a fazer o que sabia de outra forma", destacou Lauri para os jovens.
O tempo final da palestra foi reservado para questionamentos dos aprendizes com  o deficiente, que respondeu a diversas perguntas e curiosidades dos presentes, onde os assuntos preferenciais foram dificuldades de locomoção, cão-guia, corrida de São Silvestre e cotidiano de pessoa com deficiência.

Glauco está sempre com um sorriso no rosto e para quem duvida que os deficientes visuais podem levar uma vida independente, ele dá um recado: "Não duvide da capacidade do ser humano em se superar. Eu achei que minha vida tinha acabado , mas estou aqui para provar que há muita coisa a ser feita".

Lauri agradece a acolhida da Equipe pedagógica da Jovem em Ação, na pessoa de Adriana Carvalho e o apoio da Cahek  e da SEL.